sábado, 18 de maio de 2024

CURTAS 73 - ANÁLISES (meio ambiente e fake news)

 
Já estamos em crise climática

            Brasil: extremos de calorões, temporais ciclônicos e um indígena viu a “água ferver” num lago na recente seca amazônica. Mundo: geleiras recuam, nível do mar aumenta e verões ficam tórridos com rios secos na Europa.
            No Brasil, tudo isso começaria, antes sutilmente, há uns 35 anos, quando a expressão aquecimento global tomou a geral de assalto fazendo-a admitir sentir verões mais quentes e invernos mais suaves. Mas depois a patuleia esqueceu.
            Até vir a nova extrema-direita e sua onda negacionista que incentivou a série de crimes socioambientais de larga escala, que ocasionaram nova preocupação global: a ciência aponta a emergência climática.
            História do calor – a dança climática acompanha a história da Terra desde que a vida ocupa a terra firme. Há 12-10 mil anos atrás, a última era glacial deu lugar à era pós-glacial atual, que permitiu a Revolução Agrícola e as primeiras cidades. O fator: o aumento de gases-estufa¹ naturais na atmosfera.
            A relação entre clima e tais gases na história geológica é comprovada, mas não esclarece quais doses foram fatais nas extinções massivas ocorridas. Na era dos dinos o ar era bem mais saturado do que hoje, e a vida, exuberante.
            Os gases-estufa naturais (gás carbônico, sulfídrico, metano, vapor d’água) são emitidos por seres vivos e vulcões. Os artificiais (fluoretos e CFCs) se somam aos naturais por surgirem da ação antrópica (indústria, automóveis, agro).
            Londres, 1850: surgiu a série histórica de médias por variação térmica periódica. As médias obtidas revelaram um calor progressivo e contínuo. John Tyndall (1861) descobriu que mais gás carbônico e vapor d’água retêm mais calor, quanto maior a quantidade.
            Comprovados hoje pela ciência, tais estudos (e os ambientais) são referenciados pelo Painel Intergovernamental de Ciência do Clima (IPCC) para explicar a progressão dos dados – e “nova” consequência.
            Mudança climática e emergência – a mudança gera novo padrão climático com alteração das correntes marinhas e do ar e eventos meteorológicos e térmicos mais frequentes e intensos conforme os ciclos térmicos do oceano Pacífico (El Niño e La Niña).
            Para alguns climatologistas, tais eventos resultam da mudança climática. Outros já os apontam como próprios do novo padrão, sendo as consequências os impactos diretos na vida humana, no ambiente e na biodiversidade.
            Discussões teóricas à parte, as consequências são: redução da biodiversidade, aumento de mutações, acidificação do ar e dos oceanos pelo CO2 aéreo excedente, aumento térmico e de nível do mar e perdas humanas extensas.
            O IPCC alerta governos, mídias e entes econômicos a buscar soluções para capturar carbono, como recuperação de áreas degradadas, exploração e consumo conscientes, até a redução de desigualdades sociais.
            O IPCC ressalta que é uma emergência, para ser resolvida o mais breve possível pelos governantes e pelos setores econômicos os mais diversos, com o fim de salvaguarda do planeta para si próprios.
            Entraves – a sugestão do IPCC prevê estudos e ações conjuntas da ciência, governos e sociedades para resultar em efetividade a longo prazo. O que, em si, exige recursos vultosos e início para já. Daí encontrar resistências.
            Capitalismo – ele seduz as massas por apostar em menor apelo popular ao Estado, e defesa ao individualismo e ao consumismo visando o lucro. Mas, o que isso tem a ver com o artigo? Parece nada a ver, mas tem muita coisa.
            Recursos naturais são sempre explorados para mover a atividade produtiva, o que altera o ambiente natural e afeta a biodiversidade.  O mercado financeiro fomenta todas as ações relacionadas, num feedback contínuo.
            Já viemos inseridos num sistema que ameaça o Estado e nos carece de educação socioambiental para exploração e consumo conscientes. Não por acaso, a educação sempre sofreu com o descaso político. O meio ambiente então...
            Antigo, o descaso com o meio natural teve seu ápice na era 2016-22. Mas a melhora recente não combateu a fúria dos criminosos do campo e da floresta, também (bem) pagos pelos capitalistas do agro e do extrativismo ilegal.
            Negacionismo climático – é pregado por grupos sugestionáveis ou ideológicos que negam a realidade da ciência e dos fatos. A indústria paga cientistas para refutar as evidências científicas, como o ramo tabagista o fez no passado. Os de ordem política serão melhor abordados no próximo artigo.
            Fria análise final – na realidade mais crua e fria, o novo padrão nos revela que já estamos em emergência climática. Repetidamente divulgado, o aviso científico aponta que ainda é possível prevenir situação pior, por meio das mais diversas medidas.
            O desmate dos meios naturais propicia atmosfera mais seca alterando a distribuição anual de chuvas e dando mais força a bolhas de alta pressão mais quentes, secas e duradouras em diferentes e vastas regiões do país. E isso já dá uma lição ao Brasil.
            Os brasileiros precisam entender que a exacerbação climática que causamos ao apressarmos o aquecer natural nos impele a desenvolver urgentemente a cultura preventiva além de aprimorar a da remediação. É certo que novos desastres virão, mas podemos prevenir o pior ao investir em infraestrutura adequada. 
            Mas o desenvolvimento da cultura preventiva para desastres só será possível se nos conscientizarmos de vez que devemos nos adaptar ao novo padrão climático. A prevenção também se define no conselho do IPCC para evitar a piora desse padrão.
            Se isso custará muito, não sabemos. Mas antes um caro saindo mais barato do que o barato que sai caro.

Sal Ross - reflexões

Nota da autoria
¹ Gás carbônico e metano (por processos biológicos) e gás sulfídrico (vulcões). Outros gases têm origem antrópica, como fluoretos e CFCs.
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Caso RS: os verdadeiros assassinos

            A crença de que o "Brasil é país abençoado por Deus, pois não tem terremoto, furacão e tsunami" tem sido abalada por eventos climáticos extremos como calorões duradouros, frios inesperados, ciclones, tempestades e secas que têm se tornado históricos.
            Sempre houve ventos ciclônicos (tornados, ciclones) e demais eventos citados, mas sua raridade justificou a crença popular. Mas eles estão agora bem mais frequentes e furiosos, refletindo nova realidade climática a revelar o fator humano.
            Fator acusativo – o fator das atuais exacerbações climáticas é o mesmo que aponta o dedo acusando os seus semelhantes, especialmente autoridades – que de fato têm falhado tantas vezes, como mostra a História.
            Mas, com a exploração midiática intensa e a má politização, a presente tragédia climática no Rio Grande do Sul revela a nós que há muito mais culpados do que habitualmente pensamos.
            Capital – a prioridade é obter lucros volumosos, seja por produção e/ou investimento acionário. Meio ambiente só interessa na manutenção dos recursos de interesse, ou mera publicidade. O resto é só problema político.
            Em geral, governos de países emergentes, ex-colônias europeias devastadas e de índices sociais ruins, tentam dialogar com os capitalistas que, ironia, lideram eventos de clima e meio ambiente, em que interesses econômicos solapam a visão planetária.
            Conspirações e mentiras – são distorções criadas pelos negacionistas, que negam a verdade dos fatos, inclusa a ciência. São grupos ideologizados nos quais valem as convicções e conspirações com força no meio digital.
            Por aí, conspiração é fantasia destoada da realidade por incompreensão da realidade ou má intenção. Mentira é a enganação para descreditar ações sociopolíticas legítimas. Ambas são, em essência, narrativas de desinformação.
            Fortalecido no bolsonarismo, o negacionismo climático tornou o Brasil ameaça global entre 2019-22. Com Lula 3, ele continua bastante vivo e confundindo a cabeça de muita gente. Ainda mais agora.
            Caso gaúcho – o Sul sempre foi sujeito a tais extremos. Em 1841, a mesma região gaúcha teve uma histórica cheia. 42 anos depois veio a mais extensa, no Sul todo. E 40 anos depois, as mais recentes (2023-4 no RS). A causa: super El Niño.
            O intervalo de 40 anos entre extremos revela a natural raridade dos super El Niños. O El Niño moderado implica em chuvas primaveris e invernais menos intensas no Sudeste-Sul brasileiro. Mas agora a coisa está diferente.
            A atenção deve se centrar no encurtamento dos intervalos entre extremos e de formação de super El Niño, com aumento exponencial de intensidade e de frequência gerando eventos cada vez mais desastrosos.
            Previstos – os desastres climáticos sulistas já estavam previstos. A primeira projeção é de 2015, com posteriores confirmações, como a de 2021. Não houve projeção para medidas preventivas em desastres climáticos.
            Ataques – com três desastres climáticos e espalhe de doenças por vetores, Lula enfrenta ataques bolsonaristas, parlamentares inclusos. Não importa quão intensamente atue e invista em recordes bilionários em reconstrução.
            Eles negam a participação do governo federal (Forças Armadas e ministérios) e estaduais (bombeiros) elogiando só civis voluntários e homenageando empresários bolsonaristas. Inventam que o governo impede entrega de donativos e que o MST ataca flagelados com jet skis.
            Negam também a atuação das Cozinhas Solidárias com alimentos do MST. Uma pastora atribuiu a Deus o flagelo contra terreiros afrobrasileiros (racismo religioso). Conspirações malucas sobre a mudança climática pipocam fertilmente.
            Mal hediondo – muitas conspirações revelam incompreensão da verdade dos fatos. Já as fakes bolsonaristas são um intento de depreciar o mérito do governo, a partir da desconfiança dos solidários sobre o real destino dos donativos.
            Não é preciso gostar de Lula ou de qualquer outro governante com atuação política positiva. É preciso apenas reconhecer nenhum político é igual e outro, e que há os que só entram na vida política para cometer crimes.
            A crítica pessoal ao governo é por ainda não pôr em prática a cultura preventiva, que começa desde manter a cidade limpa até mitigar desigualdades e preservar as áreas naturais remanescentes.
            Atenção, patuleia: qualquer impeditivo ao destino final dos donativos não vem do governo (exceto Edu Leite), somente de quem tem tempo, má intenção e privilégios demais e muita, muita falta de serviço a prestar. Esses, sim, são os que impedem a solidariedade e fomentam o ódio: são os verdadeiros assassinos.
 
Para saber mais
https://www.brasildefato.com.br/2024/05/15/mundo-devera-viver-era-de-extremos-climaticos-nao-tem-mais-volta-diz-carlos-nobre. 
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quinta-feira, 9 de maio de 2024

CURTAS 72 - ANÁLISES (o moribundo; ditadura policial na democracia)

 

Moribundo, mas bem vivo

            Apesar de todas as fraudes tentadas, Jair Bolsonaro perdeu as eleições presidenciais de 2022. Apenas conseguiu diminuir a diferença para Lula (que seria grande), mediante fascistização das igrejas e das instituições militares.
            No governo Lula 3, as instituições voltaram a ser de Estado, mas nem tudo são flores: há muita bolsonarização nos quadros institucionais. Apesar dos tantos crimes revelados, ainda faltam vários para sabermos.
            Sobrevida bolsonarista – Bolsonaro e Braga Netto ficaram inelegíveis pelo TSE então presidido por Alexandre de Moraes, cujo pulso firme e legalista contribuiu com os eleitores para manter a democracia. Mas eles semearam muito em seu campo.
            Sementes – uma praga bolsonarista se apossou de quase metade do Congresso em fevereiro de 2023. Todos têm processos nos Conselhos de Ética, mas somente um ou outro foi de fato cassado. Bolsonaro disse, em público: “se eu não voltar um dia, já plantamos sementes”.
            Após relutância machista, Bolsonaro aceitou contar com a esposa Michele na vida política, graças ao discurso cristofascista e anarcocapitalista patrocinado pelo PL Mulher, ala feminina do PL de Waldemar da Costa Neto, o boy.
            O conselheiro foi Silas Malafaia. Afinal, ela, por abordar a mulher na pauta religiosa, cooptará melhor o público feminino naturalmente arredio à misoginia bolsonarista. E, além de Silas e Michele, há os filhos e outras sementes.
            Bananinha e Carlos – Eduardo Bolsonaro se encarrega das ligações da internacional nazifascista. No evento Cepal na Hungria, ele mostra as intenções em reencontro com descendentes de fascistas e nazistas da II Guerra Mundial. No Brasil o ex-vereador federal Carluxo alimenta as redes com velhas e novas mentiras.
            No parlamento e nos Estados – Nikolas Ferreira é cotado pelo PL para governador em 2026. Abílio Brunini está em 2º lugar para a prefeitura de Cuiabá. No Rio, Alexandre Ramagem está bem atrás de Paes, bem difícil de virar.
            Ronaldo Caiado (Goiás) e Tarcísio de Freitas (SP) foram citados por Bolsonaro como relevantes. O Zema (MG) parece esquecido, mas ele já está de olho na cadeira presidencial em 2026. Igualmente perigoso.
            O calculado elogio de Tarcísio a Xandão (STF) fez a mídia explorar a imagem dele em pose “heroica”, como o fez com Collor, FHC e Sergio Moro. Afinal, cada um a seu modo, todos têm em comum serem opostos políticos de Lula.
            Polícias – mais investimento ao setor por Lula 3 não convenceu as polícias: sua letalidade em periferias aumentou e, no Congresso, os delegados, coronéis e outros oficiais policiais e das Forças Armadas eleitos renovam em besteiras.
            E a Justiça? – a par de tantos crimes de seu Jair e seus próximos, a patuleia se pergunta por que ele ainda está livre. Muitos acreditam em temor de nova insurreição golpista letal, dada a ligação dos Bolsonaro com milicianos no RJ.
            A hipótese foi levantada por alguns analistas tendo-se em vista que alguns magistrados foram ameaçados de morte por hostes bolsonaristas. Mas foi bom não ter havido alarme midiático para evitar mais ibope aos elementos.
            Gratidão a Malafaia – o grande alimentador do nazifascismo bolsonarista é Silas Malafaia, e Bolsonaro agradece. Isso confirma a afirmação do historiador João Cesar Castro Rocha de que o neopentecostalismo dá essa sobrevida.
            Vemos Jair Bolsonaro eleitoralmente moribundo. Mas nunca morre: o cristofascismo o nutre como alimento terapêutico em CTIs hospitalares e zonas de guerra. É o alimento de fé vindo de Malafaia e Michele, que se não o elegem mais, ao menos mantém vivo o nazifascismo através de suas sementes.

Para saber mais
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Democracia x ditadura policial

            Na Guerra Fria, novas ditaduras surgiram pelo mundo. A maior parte da América do Sul se afundaria na extrema-direita militar, com cada país iniciando seu regime em ano diferente.
            Cone Sul – enquanto o protecionismo nacionalista militar seja comum nos países centrais ocidentais, na América do Sul, os ditadores eram patrocinados pelo megaempresariado para terem especial atenção aos “inimigos internos”.
            Nas fronteiras, os militares evitaram a entrada de muitos “comunistas” de fora. Mas sempre foi mais fácil localizar, capturar e eliminar os de dentro. Para essa missão, eles contaram com a preciosa ajuda das polícias.
            Polícia do Exército (PE) – força federal, ela é a PM do Exército. Auxiliou na repressão a opositores políticos internos. Hoje atua em várias frentes, como polícia interna nos quarteis e pelotões das PMs estaduais e até no trânsito.
            Polícia Civil (PC) – força estadual criada para investigação. Mas na ditadura, ela atuou em investigações ostensivas de rastreamento de opositores políticos que, encontrados, eram presos pela PE ou pela PM.
            Polícia Militar (PM) – estadual, ela se encarrega de abordar e capturar criminosos. Na ditadura, ela reforçou o método de tortura para forçar confissões de capturados – o que se mantém até hoje. E vai mais além.
            Mata antes, pergunta depois – a PM pode matar o meliante em legítima defesa legalmente viável, se esgotadas todas as negociações tentadas. Mas a contaminação cultural elitista alimentou um caráter violento, seletivo e ilícito.
            Já abordada aqui, a autoria policial das mortes dos periféricos se consolidou pelas chacinas em cinturões pobres que mancham a história e imagem da segurança pública nas capitais brasileiras, com o pretexto de “resposta a tiros”.
            A síntese das chacinas pretéritas (ver link) revela números oficiais de mortos pela PM. Acobertamentos são típicos, com mitigação enganosa da extensão das tragédias. Típico também é classificar todas as vítimas como suspeitas.
            Entre 2019-22 houve a narrativa da queda de homicídios por criminosos de fato. Até foi verdade, mas o ritmo real continuou o mesmo, devido à ação do Estado. As chacinas nas comunidades ficaram mais frequentes.
            2023-4 – entre janeiro e junho/23, a PM cometeu 599 feminicídios. Entre julho e setembro (auge da crise no setor) matou 394 pessoas em cinturões pobres. Houve 86 mil denúncias de violência de gênero. Tudo, só em SP, RJ e BA, o que gerou forte debate.
            Só no 1º trimestre/24 em SP, a letalidade policial subiu 138% em relação à mesma época de 23: de 75 para 179, já com câmeras oficializadas nas fardas. Faltou pouco para atingir o recorde de 218 vítimas no início de 2020.
             Violência sim, inteligência não – a violência policial é um velho problema que renova números. No Congresso veio a PL 3045/2022, que propõe exigência de nível superior para entrar nas PMs e nos Corpos de Bombeiros militares.
            Recentemente foi aprovada pelo parlamento e sancionada lei que obriga o uso de câmera nas fardas da PM para combater erros nas operações. Mas tudo parece indicar que esses dispositivos estão em baixa na prática.
            Mas o sucesso recorrente de vídeos de PMse civis matando “ladrões de galinha” nas ruas reflete o extremismo que afetou a PM previamente contaminada pela manutenção da cultura de violência imposta pela ditadura militar.
            Para o comandante da PMSP Cássio Araújo, a PM deve usar a “legítima defesa” em trabalho. O comandante da Rota-SP Ricardo Augusto Araújo especificou: “o tratamento nos Jardins deve ser diferente dado na comunidade”.
            Além das obrigatórias câmeras de farda, alguns Estados investem mais em inteligência do que outros. Ainda assim há dúvidas sobre a prática. A fala do comandante da Rota-SP nos dá a entender que seu uso depende do endereço.
            E, como resposta a tudo isso, se insurge uma implicação secundária de grande, mas ignorada importância.
            Saúde mental – tudo isso gera sobrecarga psicológica que afeta vítimas e policiais.  A saúde mental é um campo frágil e complexo, cuja dinâmica ainda não é totalmente compreendida, dada a plasticidade neural e psíquica.
            Mesmo com psiquiatra e/ou psicólogo, a caserna tradicionalmente negligencia a ligação entre distúrbios mentais e a rotina pesada de violência e dominação. O bom tratamento forçado a ricos abusivos também os afeta.
            Afastamentos de policiais em geral por motivo psiquiátrico grave não são raros. Em 2014 foi levantado índice de suicídios em torno de 33,3/100 mil, acima dos 21/100 mil da patuleia. Se é uma cifra alta, se preparem agora.
            Desde então, a taxa de suicídios entre esses profissionais aumentou 66%, ou seja, para 55,2/100 mil, contra os 23/100 mil na população geral, segundo um estudo de Fonte Segura de 2024.
            Há solução? – o debate que girou em torno da violência policial piorada pela politização ocorrida nos últimos 10 anos termina com uma pergunta: é possível solucionar o problema? Depende, e pode não ser simples.
            A exigência de nível superior para entrar na Polícia mais facilita a progressão no oficialato do que resolve os males.  O uso suspeito de recursos tecnológicos chancela a violência seletiva contra cidadãos pobres inocentes.
            O caminho possível aí seria investir em amplo programa de reciclagem educativa de soldados a generais. É uma ideia para se efetivar a longo prazo, mas que pode ser travada por questões como liberação de recursos e a resistência de parte do quadro.
            A reeducação possibilita a desmilitarização, que ao contrário do que se pensa, só combate a brutalidade das carreiras militares em geral. A ditadura que ainda impera nessas carreiras é incompatível com a democracia que desejamos. Mas tudo isso depende, também, da vontade política. 

Para saber mais
https://www.gov.br/mj/pt-br/assuntos/sua-seguranca/seguranca-publica/analise-e-pesquisa/download/estudos/pspvolume6/o_comportamento_suicida_entre_profis_sp_prevencao_brasil.pdf
https://agenciabrasil.ebc.com.br/radioagencia-nacional/direitos-humanos/audio/2024-04/letalidade-policial-no-brasil-preocupa-aponta-anistia-internacional
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CURTAS 73 - ANÁLISES (meio ambiente e fake news)

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