sexta-feira, 8 de dezembro de 2023

CURTAS 52 - ANÁLISES (STF e mídia; servidores CPST)

 

Fakes midiáticos: STF dá o recado

            No mundo midiático, os falsetes sempre acompanhavam as divulgações de fatos históricos e cotidianos, especialmente durante as movimentações políticas mais relevantes – em período eleitoral ou não. Na era das TICs vimos acontecer com muito peso a partir da corrida eleitoral de 2014, com a reeleição de Dilma Rousseff.
            Em paralelo, durante a campanha eleitoral em 2022, Lula ressuscitou a sua proposta de regulamentar a mídia. De novo vez enxuricou a elite jornalística, que a acusa de censura sem verificar o seu teor. Mas, e os falsetes?
            STF – recentemente o STF julgou ação sobre a entrevista publicada pelo Diário de Pernambuco em 1995. Na mesma, o entrevistado seria um ex-militante de esquerda durante a ditadura, falecido antes do julgamento do processo. Na verdade, ele era envolvido com a repressão militar. Por décadas, a publicação nunca foi investigada.
            Declarando-se contra a censura prévia, Alexandre de Moraes condenou as “informações comprovadamente injuriosas, difamantes, caluniosas, mentirosas”. Esse foi o motivo para o legalista Xandão condenar a entrevista de 28 anos atrás.
            Significado da condenação – o desfecho do julgamento tem significado importante. Alexandre de Moraes é o mesmo que tem em mãos o inquérito de fake news, formado por ações conjuntas do PT, PSOL e outras siglas contra a divulgação em massa de falsetes por Bolsonaro e seu séquito desde as eleições de 2018.
            Com a catarata criminal dos Bolsonaro revelada e a bolsonarista Jovem Pan condenada pela Justiça, um alerta vermelho se despertou na atual legislatura e troca de acusações entre jornalistas. Um sinal já ocorrente de descontrole no mundo midiático. E aí entra uma pauta: a regulamentação da mídia.
            Regulamentação – na sua proposta, Lula defende a democratização da imprensa, na divisão igualitária de espaço de divulgação pública entre todas as mídias, independentemente do porte. E são as fontes independentes as que mais divulgam fatos – infelizes ou não – em tom realista, vários deles obtidos em investigação exclusiva.
            É isso que a grande mídia não quer. A maquiagem dos fatos por efeitos visuais e comunicativos é um meio eficaz de manipulação mental do público para favorecer viés ideológico do mercado. Como tratar, por décadas, o finado genocida global dos EUA Henry Kissinger como herói. Bizarro.
            Engavetada, a PL 2630/23 versa sobre a responsabilidade de noticiosos e big techs pelo que publicam, e assente ao interesse de Lula e do PT. A proposta petista nada é consolidar a equidade a todas as fontes, vedando qualquer meio que obstrua a credibilidade pública das independentes.
            E para isso surge a responsabilização pelas publicações. Mediante a CF-1988, o STF concluiu a defesa de uma liberdade "vigiada" de imprensa, de modo a coibir abusos comprovados.
            Por enquanto, o STF só condenou um caso. Mesmo antigo, ele já abre caminhos para a regulamentação da imprensa e das mídias sociais. Mas há outro problema: a duvidosa seriedade de um Congresso interesseiro e conspiracionista que favorece entidades como Estadão e correlatos.
            E, para enfrentar tudo isso segue a luta tão fundamental das fontes independentes e seus premiados jornalistas.

Para saber mais

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A luta árdua dos servidores CPST

            Após 4 anos de destruição, servidores CPST (ou melhor, exclusivamente aqui, CPEST¹) retomam as lutas para recompor as acumuladas perdas para a inflação. Em meio à esperança de bom diálogo, só obtiveram 9% e mais R$ 200 no vale-coxinha. Um sopro. É que há uma barreira inesperada.
            Centrão – se por gratidão Lula 3 nomeou ministros da frente ampla, com o tempo foi pressionado a trocar outros nomes pelos do Centrão comandado pelo insaciável Arthur Lira que, frustrado por não conseguir a Saúde, abocanhou a Caixa e ainda quer aval para votar a PEC32/2020, antes paralisada por pressão dos servidores.
            Quando Haddad quase cedeu à chantagem de Lira para conseguir o aprove da tributação dos super-ricos, os servidores se voltaram pelo plano de carreira, para embarreirar a PEC e aproximar o patamar salarial ao das perdas acumuladas desde a era FHC.
            PEC e plano de carreira – a PEC32/2020 prevê fim do estatuto do servidor e a substituição de servidores por terceirizados de fundações públicas e empresas celetistas. Já o plano de carreira prevê equiparação de salários aos do legislativo e do judiciário, bem como adicional de titulação², o que auferiria um ganho considerável.
            Existe uma lei sobre a reestruturação de carreiras, que abrange também os servidores da saúde. Porém, neste ramo não se percebe o direito e ainda há sobrecarga devido à grande defasagem de pessoal. Mas há um risco.
            Mas se prefere gastar recursos públicos para pessoal terceirizado de fundações e empresas celetistas, do que investir em plano de carreira para servidores efetivos permanentes e até em novos concursos públicos.
            Fora da LOA? – como o plano de carreira motivou novas negociações, surgiu a notícia de que emendas até agora oferecidas não contemplavam os servidores CPEST. Nota do governo prevê a criação de lei específica que preveja carreira em saúde e substituição de cargos administrativos de nível médio pelos de nível superior.
            O MinSaúde é o que mais recebe grana da LOA, para atender à grande demanda de recursos materiais e salariais, mas insuficiente para contemplar o plano de carreira. Ok, mas por que preferir gastar com terceirizados de fundações e empresas celetistas, que sugam mais dinheiro? Bem, há um fator que interfere muito.
            PT no poder, só que não – em campanha, Lula enfatizou o valor do SUS na linha de frente da pandemia de C19. Talvez pela origem operária dependente de saúde pública, ele entenda os servidores, como Esther Dweck, da Gestão e Inovação, originariamente servidora. Outras carreiras foram reguladas, como as da FUNAI.
            Apesar da criação da carreira de agente de endemias, os servidores CPST estão totalmente de fora e os da educação conseguiram o adicional. E, já no fim de ano, ainda não há previsão de nova negociação efetiva. Por que isso acontece? Simples: a ambição desmedida do Centrão em privatizar a saúde pública.
            Para governar no mínimo, a esquerda teve que ceder ao Centrão muita coisa. Há preconceito alimentado há décadas pela mídia e pelo deus mercado, do qual o Brasil é um refém já adaptado.
            Portanto, quem está mesmo no poder não é aquele PT velha guarda, apesar do poder de Lula enquanto presidente. É um governo cercado de forças adversárias históricas, e até o próprio PT tem suas fissuras mesmo sendo o maior partido brasileiro no momento. O que é inédito na sua história.
            Mas, a luta dos servidores CPST, ainda mais os da saúde, precisa prosseguir. Pois é nas muitas, constantes e árduas batalhas (que, interessante, o próprio governo incentivou) que essa guerra pode ter, quiçá, um desfecho vitorioso.
           
Para saber mais
https://fenasps.org.br/2023/11/29/governo-confirma-ultima-reuniao-da-mesa-nacional-de-negociacao-em-2023-para-18-de-dezembro/.
https://fenasps.org.br/2023/12/07/fenasps-participa-de-audiencia-publica-na-camara-para-debater-revisao-anual-de-salarios-dos-spfs/
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