LGBTIs x conservadores: conceitos de relações em conflito
Política de ódio bolsonarista e religiosa radical à parte, o objetivo principal deste artigo é, a priori, destrinchar os conceitos de relações humanas na ótica da orientação sexual.
Homofobia, transfobia e homotransfobia são termos usados para identificar e caracterizar relações discriminatórias contra pessoas LGBTI, mesmo sutis. Mas, será que todo tratamento diferenciado a um LGBTI pode ser rotulado assim?
Os termos, gregos, têm o radical phobos, que significa aversão. Assim, o primeiro é aversão aos homossexuais, o segundo aos transexuais, e o último, a todos. Em geral, toda pessoa homofóbica é transfóbica sendo, portanto, homotransfóbica.
"Homofobia" é usada em várias fontes há mais tempo, os demais termos surgiram depois, na medida em que a mentalidade coletiva, a comunidade acadêmica e mesmo a OMS passaram a reconhecer a diversidade sexual como elemento da natureza humana.
Expressões francamente homotransfóbicas, algumas bem delituosas, são cada vez mais denunciadas, mas quase sempre sem solução. O Brasil é considerado campeão em homicídios, com quase 500 registros em 2017. Fora os muitos casos não notificados.
Todavia, no ambiente de trabalho a sutileza predomina, o que dificulta ou impossibilita a denúncia. Há constante disfarce por elogios, hipócritas ou sinceros. E as pausas do cafezinho são quase sempre agradáveis.
Aí vem a pergunta: pode haver homotransfobia durante uma amistosa pausa do cafezinho?
Nesses casos, a dúvida é benéfica e suscita reflexão saudável. Recentemente, ouvi de um colega a confissão de ser homofóbico, embora nossas relações sejam "normais". Outra colega diz ensinar a filha a conviver com a diversidade, embora desconsidere homossexualidade e transexualidade normais à nossa natureza.
É muito difícil, ou impossível, qualificar como homofobia uma relação mais distante ou fria de colegas ou chefes sem indícios. A possibilidade, nesses casos, se limita a flagrantes sobre declarações com outros, na expressão de uma aversão contida.
A despeito da extrema discrição rotineira, a homotransfobia é real. Ela tem fundamentos bem sólidos, havendo no fundo religioso o fator de base, que permeia a educação familiar e determina os conceitos tradicionais de sexualidade.
Num governo largamente conservador, nas vestes do cristofascismo, resta-nos saber se a sexualidade será realmente contida pelas normas. Acredito que não, pois a natureza instintiva humana tem semostrado mais poderosa que as leis e tradições ao long da história, e não é em plena era da informação que ela será subjugada politicamente.
quarta-feira, 29 de maio de 2019
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