quarta-feira, 15 de maio de 2019

Sabatinas dos ministros: mostras de um governo mal proposto

     Quando candidato, Bolsonaro prometera mexer nos ministérios para "acabar com tudo que tá aí". De fato enxugou bastante, extinguindo pastas importantes e rebaixando outras em outras que viraram "superministérios", como as da Economia, Justiça e Agricultura.
     Como disse Paulo Guedes (Economia), os ministros devem ter um "perfil técnico", com "novas propostas", e não político.
     De fato, Paulo Guedes é economista, Sérgio Moro juiz, Ricardo Vélez filósofo, e Ernesto Araújo nas Relações Exteriores, todos de linha conservadora, animando eleitores e mercado. Mas, dados os últimos fatos, ter uma atuação puramente técnica é suficiente?
     Inteiramente relativa às sabatinas no Congresso aos ministros, a resposta se deslinda, a ser interpretada inteiramente pelos leitores deste blog.
     Dos ministros sabatinados, dois apresentaram propostas: Moro com o pacote anticrime, e Guedes com aperfeiçoada "reforma" da previdência de Temer. Mas os sem propostas também o foram, como Araújo, Vélez, e Damares Alves, dos direitos humanos.
     Apesar de agressivo na defesa dos pontos mais críticos da proposta e ao revidar ao deboche do petista Zeca Dirceu, Guedes respondia às perguntas. Por sua vez, Moro foi bem reservado, como de costume, ao explicar seu criticado pacote anticrime. E os demais?
     À comissão de direitos humanos da câmara, Damares elogiou as jovens Tábata Amaral e Sâmia Bomfim e se emocionou ao aceno respeitoso da petista Maria do Rosário. A despeito de seu interesse, ela pecou no viés religioso e antifeminista na sua política para a mulher, o que destoa da complexa realidade das relações de gênero e dos valores sociais.
     Hesitação e total inconsistência foram as marcas registradas de Araújo e Vélez. Nervoso, o diplomata se esquivava em balbucios equivocados. Vélez sequer explicou o idiossincrásico slogan do governo após o Hino Nacional em carta às escolas, sendo igualmente esquivo. Após o banho de Tábata Amaral, acabou saindo de vez pela porta do esquecimento.
     Substituto de Vélez no MEC, o economista Abraham Weintraub acusou haver "balbúrdia" nas universidades, por conta da "liberdade excessiva concedida pelo PT", e justificou o "contingenciamento (corte) orçamentário" médio de 30%, que atingiu até a educação básica.
     Uma saraivada de críticas lotou a internet, nas redes sociais. A contundente repercussão levou à inserção da educação no tema dos protestos de ontem e hoje. O ministro foi convocado para se explicar na Câmara à comissão de educação, e Bolsonaro zarpou aos EUA onde se sentiu à vontade para chamar os manifestantes de "idiotas úteis" (do PT, claro).
      Até o momento, duas informações totalmente opostas circulam nos corredores enquanto os protestos do "Tsunami da educação" rolam nas ruas do país: a de que o ministro teria recuado do corte, e a outra que sustenta que mantém o corte. Uma sopa de supostas verdades e mentiras ainda a serem desvendadas.
      Enfim. Entre estas e outras sabatinas, sobram trocas de farpas nas casas legislativas com os ministros e o festival de polêmicas ainda permanecerão. Entre ministros sem propostas, outros bem agressivos e outros fundamentalistas, o certo é que nas sabatinas há dois destaques bem positivos: a atuação da oposição, e dos movimentos populares.
     

   
   
   

     

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