Terror da PM, hospital invadido e anomia
O que se denuncia neste blog é que Damares é ministra dos Direitos Humanos, da Mulher e da Família (?) e Jair, presidente (?) da República, por sua vez autoridade máxima do Executivo.
A visibilidade da primeira foi ligeiramente ofuscada pela segunda, visto que a ministra é subordinada àquele eleito a autoridade máxima da República no momento. Mas ambas preocupam igualmente.
As interrogações expressam a dúvida critica sobre os seus duvidosos conceitos de direitos humanos e atuação policial, e na relação com os serviços de saúde pública, através de todos que neles trabalham, os locais e os 70% da população que dependem do SUS.
O problema das falas reside mais na repercussão social das mesmas, e é nesse aspecto que a segunda fala tornou mais visível e ressoou até na imprensa internacional. Mas, lembrem-se, ambos são parte de uma mesma esfera: o governo. E é por isso que ambas são iguais.
Embora pareça problema recente, a violência da PM - e eventualmente do Exército - são frutos consolidados da ideologia da ditadura militar pela qual o "inimigo" está aqui e deve ser combatido. Só que o inimigo não é o guerrilheiro de outrora, mas o cidadão comum.
Se preocupam em continuar a fracassada guerra armada contra o tráfico, mas não contra as milícias, dada a ligação desta com autoridades e a quem manda, a elite.
A ideologia militar de 1964-85 transformou a função básica de segurança da PM de conter e prender criminosos, na violência que atinge, com mais intensidade na era de Bolsonaro, mais cidadãos inocentes do que criminosos.
Criada na era Lula, a Força Nacional é, por lei, acionada apenas em descontroles. Em 2017 foi usada na intervenção convocada pelo então presidente Temer bem no momento em que o povo se manifestava contra a reforma da Previdência. A desculpa usada: a emergência do descontrole do tráfico, que sempre existiu.
A convivência dos trabalhadores com PMs, tráfico e milícia existe há várias décadas. O medo da morte moldou condutas nas comunidades em garantia de vida. O silêncio do medo denuncia mais que os pedidos de ajuda. E pedir ajuda a quem?
Segundo a Corregedoria da PMERJ, os números de homicídios em 2019 foram menores do que em 2018. Mas só consideraram os cometidos pelos criminosos comuns. A soma com os cometidos pela PM supera a do ano passado. Só em abril deste ano, 117 pessoas morreram nas mãos da PM: o Covid não pôs a PM em quarentena!
Os manifestos populares pela democracia também foram atacados, bem como foram bem tratados os bolsominions pela PM. Também não é a primeira vez: PMs até tiraram selfies com estes, e com aqueles que se manifestaram contra Dilma anos atrás.
A convocação de Bolsonaro para invadir hospitais para "conferir leitos de Covid" serviu de lei para as hordas de bolsominions ferozes invadirem dois hospitais cariocas, quebrando o que viam pela frente e agredindo servidores. Um absurdo: o risco direto e indireto do Covid para os invasores e os seus próximos, e os crimes do mandatário.
Tal conjunto de ações criminosas de Bolsonaro em seu um ano e meio de mandato, que já repercutiram na imprensa várias vezes, confirma o cultivo dessa violência que caracteriza o fascismo, conforme aponta Robert Paxton em seu Anatomia do Fascismo.
O maior efeito disso está no desregramento total das leis constitucionais, da democracia e do Estado, esgarçando o tecido social resultando numa profunda anomia. O comportamento das hordas de bozominions, incentivados à violência gratuita mesmos sendo chamados de bosta pelo presidente, revelam a anomia.
A anomia social é o fruto desse esgarçamento, e o Brasil vai perdendo a sua identidade enquanto um povo espontâneo, expansivo e receptivo, herança do temperamento africano, dominada pela apatia da maioria, que esconde uma revolta silenciada pelo temor do ódio de uma minoria barulhenta e elitista.
Mas é essa revolta que vem descambando aos poucos em manifestações pró-democracia no desejo incontrolável de recuperar o pouco que estava sendo conquistado. O desejo de recuperar uma nação que tem sido alquebrada com tanta veemência em menos de 2 anos.
Somente a pressão popular nas ruas, cada vez mais enfáticas, poderá convencer e apressar as autoridades a dar celeridade aos processos já iniciados. Provas contra o mentor fascista não faltam. Estamos entre a caldeira e a doença: ou cassam a chapa reinante e seus direitos políticos, ou a nação entra em falência, na anomia total.
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