domingo, 9 de setembro de 2018

Bolsonaro: satisfação garantida e seu ódio de volta

     O presidenciável pelo PSL Jair Bolsonaro chegou em Juiz de Fora no dia 06/9 para a sua campanha. No Centro da cidade, rodeado pela multidão simpatizante, ele foi esfaqueado. A cena foi filmada por populares. Conduzido de ambulância para a Santa Casa, o candidato foi submetido a cirurgia de emergência, e depois foi transferido de avião para o hospital Albert Einstein em São Paulo.
     O autor do delito, Adélio Bispo de Oliveira, 40 anos, foi preso em flagrante. Depois foi levado à sede local da PF, onde prestou depoimento e foi enquadrado na Lei de Segurança Nacional. De início foi apontado como professor filiado ao PSOL, que confirma, mas esclarece o desligamento em 2014. O partido reitera, em nota, repudiar o ocorrido a Bolsonaro. Em seu depoimento, Adélio disse ter agido sozinho, por motivo pessoal.
     Adélio é retratado pelo irmão como um sujeito trabalhador (como pedreiro) e atuou como missionário evangélico, mas que está longe de casa há alguns anos. O irmão crê que ele tenha "surtado" ao cometer o delito. E o flagrado, por sua vez, disse ter agido "em nome de Deus".
     Nas redes sociais o fato causou furor tanto entre simpatizantes de Bolsonaro quanto entre os da esquerda, com direito a textos e fotomontagens insinuando contra o candidato, Adélio, e envolvendo PSOL e até o PT. Ou seja, uma chuva de boatos, que só mostra a forte polaridade que se acirra com a proximidade das eleições.
     Nas mesmas redes sociais, há grupos mais intelectualizados, partidários ou não, que em geral repudiam o ocorrido, qualificando-o como um atentado. Entre usuários e grupos contrários às propostas do candidato,"quem planta vento colhe tempestade", como explicação, mas não justificativa para o delito.
     Oque pode fazer sentido. Embora não seja o detonador dos embates de ódio moral e ideológico dentro e fora da internet, Bolsonaro os tem incentivado, ao declarar que somente a repressão violenta resolve o problema da criminalidade cotidiana e elimina a esquerda na política, e acendendo sentimentos explosivos por todos os lados. E de um desses muitos lados, obtém o retorno, na faca.
     Por fim, enquanto pessoa humana, Bolsonaro merece toda a nossa solidariedade e, em nome da democracia, retornar à sua campanha, mesmo online para respeitar a indicação de repouso de recuperação. Mas, politicamente, faz-se salutar desejar a ele que este repouso seja um momento oportuno de reflexão para concluir que o caminho não é pela violência e repressão, mas por propostas mais urgentes nos serviços públicos essenciais.
     Em nome da paz, da democracia e da nação.
   

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