Eleição 2018 e a caixa de Pandora fascista
O pleito 2018 ocorreu entre a tranquilidade e muitas fake news de urnas fraudadas. Depois, milhares de olhos e ouvidos atentos à TV e à internet para o resultado preliminar. Segundo turno entre o esperado Bolsonaro e o surpreendente Haddad, que contrariou expectativas de muitos quanto à possibilidade de haver segundo turno sem o experiente Ciro Gomes.
Mas, o mais interessante dos resultados surgiu antes e durante o pleito, quando foi exposta a caixa de Pandora da sociedade brasileira, graças aos efeitos da figura do candidato Bolsonaro e aos da prisão de Lula. Uma sociedade dividida basicamente em duas correntes, uma mais à direita e outra mais à esquerda, ambas multifacetadas.
A corrente mais à esquerda tem fãs ou apoiadores de Lula, partidários petistas ou não, e de independentes como os simpáticos ao PSTU e similares, e é reservada com o mercado. A corrente à direita é basicamente conservadora nas liberdades civis, mas pode ser, ou não, bem aberta ao mercado. Em geral apoiam Bolsonaro, Amoêdo e outros da linha.
Mas Bolsonaro foi mais além, nas suas propostas de fechamento relativo aos direitos civis, item em que ganhou fãs alucinados, que se pronunciavam já nas redes sociais em ofensivas aos que o repudiam. Ajudaram com espalhe sistemático de fake news contra Haddad e o PT, tendo até ajudinha de Flávio Bolsnaro (veja um exemplo aqui).
Entretanto, este é apenas um detalhe: há relatos de eleitores nas redes sociais que denunciam atitudes preocupantes de supostos apoiadores de Bolsonaro, como a filmagem de um eleitor armado apertando o número do candidato com o cano do revólver (aqui) e o assassinato de um mestre de capoeira em Salvador por ter votado no PT e criticar o militar (veja aqui).
A caixa aberta mostrou a maior parte da sociedade brasileira como é: homotransfóbica, excludente, elitista, pseudomoralista, religiosa conforme convém, prefere resolver pendências "no braço" ou "na bala", recusa a sua natureza mestiça. Não admira que as ideias grotescas de Bolsonaro, que geram êxtase em seu fã-clube, sejam frutos desse caldo idiossincrásico.
Por sorte, é apenas a maioria da sociedade e não a sua totalidade. Políticos da linha de Bolsonaro causam repúdio entre a significativa parcela mais à esquerda, que nesse segundo turno reúne novamente a sua fé na humanidade e todas as forças possíveis para enfim vencer de virada as eleições.
Certamente um caminho sinuoso e lotado de pedras, talvez mais pela mentalidade fascista tosca liberada da caixa de Pandora do que pelos números a superar. E, quem sabe, com a bem difícil, mas não impossível, vitória de Haddad, quem sabe as pedras fascistas sejam de novo recolhidas para seu lugar de origem, pelo menos.
segunda-feira, 8 de outubro de 2018
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Triste realidade. Mas como você disse, "não é a sua totalidade". E é ai, como em outros tristes momentos da história da humanidade, a resistência surgiu e teve um papel significativo. A luta entre o bem e o mal, que nada tem a ver com religiões, mas sim com a moral (e não o termo moral usado para velar o preconceito), está enraizado na espécie humana diante do seu eterno "se sentir superior". Não sei se essa luta só acabará o dia em que a espécie humana causar a sua própria destruição (e ela não mede esforços para isso). Mas luto é verbo para quem traz na alma a equidade social, o respeito para com o outro - seja de que espécie for.
ResponderExcluirNamastê
Shalom
Exatamente por aí, Adriana. Há nas mentes extasiadas - pelo cansaço proporcionado em muitos representantes da resistência, e pelo furor dos fascistas - essa confusão, ou fusão, entre o religioso e o moral para explicar o momento tenso que testemunhamos no presente.
ResponderExcluirSe não houver alguém capaz de lançar uma política capaz de fechar essa caixa de Pandora, com toda a certeza as coisas só voltarão ao equilíbrio após a autodestruição da espécie humana. E esse é o momento oportuno para a implantação dessa política, como forma de salvar a espécie do caos total e mexer os pauzinhos para reordenar as coisas. E isso exige paciência e perseverança, pois demanda um bom tempo. Mas é necessária.
Abraço forte!