quinta-feira, 11 de outubro de 2018

Eleições 2018: a renovação do velho pelo... velho

     A exemplo do que ocorreu no campo da corrida presidencial, também no campo do legislativo, tanto para a Câmara quanto para o Senado, ocorreu a procura pela renovação do quadro de pessoal. O que faz sentido e, de certa forma, é saudável para a própria democracia enquanto processo constituído.
     Por medo de serem rechaçados, muitos nomes preferiram recuar diante da votação da reforma da previdência à la Michel Temer, fortemente rejeitada pela maior parte da população. Até então maioria no congresso, o conjunto das bancadas da bala, da bíblia e do boi se via otimista em perpetuar seu poder. Só que...
     Pode-se dizer, de certo modo, que houve renovação: o conjunto da bíblia eleito é menor do que o de 2014-18, e enfrentará não um, mas quatro LGBTs. Entre os ruralistas, entraram representantes do meio ambiente e dos povos da floresta, com indígenas e quilombolas. 
     Nesse sentido permanece o necessário embate entre a força majoritária do stablishment à direita e a força minoritária, mas combativa, do antissistema das minorias, à esquerda. O que é, até de certo modo, surpreendente, em meio a tanto ódio da polarização que circula livremente nas ruas e nas redes sociais.
     Em matéria de representação partidária, o PT surpreendeu em ganhar 56 cadeiras na Câmara, acompanhado de PSOL, PC do B e PCB, uma forcinha oportuna à esquerda, enquanto os grandes partidos como MDB e PSDB quase sumiram. Isso talvez tenha motivado o Jornal do Brasil a considerar importante a renovação desse congresso, principalmente se Haddad for o presidente eleito.
     A diminuição da bancada evangélica pode, por um lado, ser considerada uma vitória. Pois essa bancada influenciou muito na aprovação do retrocesso legal, e está por trás de toda a sorte de sentimentos ruins e de fé distorcida, despertados pela banalização da violência na TV em horário livre e escancarados pela abertura total da caixa de Pandora promovida por Bolsonaro e correlatos.
     Mas, por outro lado, a bancada evangélica menor não diminuiu a força conservadora: o pequeno PSL de Bolsonaro quase iguala o PT em número de cadeiras, bem assessorado pelos nanicos de aluguel à direita, o que agrega valor aos interesses privatistas e antissociais do mercado e do agronegócio nada pop. 
     Conclusão: a decantada renovação no Congresso se valeu na entrada de novos nomes e novos partidos, mas o ar viciado da velha política ali permanece, ajudando a mofar o carpete da grande sala de votação. É a renovação da velha política pela... velha política. Talvez menos religiosa, mas com a mesma virulência opressora do neoliberalismo.

Veja: Eleições 2018 e a caixa de Pandora fascista.


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