quinta-feira, 1 de novembro de 2018

O Brasil de Bolsonaro e a possível justiça aos governos petistas

     Enfim, após o tenso Fla x Flu que marcou a corrida eleitoral de 2018, houve a escolha: foi eleito o militar Jair Bolsonaro, tendo como vice o general Hamilton Mourão. Uma escolha que, na prática, não foi pela maioria dos eleitores, senão pelos votos válidos.
     Embora não fosse surpreendente, o resultado final gerou uma série de sentimentos entre os fãs e apoiadores do militar vencedor e do derrotado Fernando Haddad. A angústia, o medo e a tristeza dos eleitores do petista foram pisados com virulência quase sociopática pelo regozijo doentio e violento dos eleitores do militar. 
     Tal falta de empatia é fruto da caixa de Pandora aberta pela identidade com as pérolas do militar, soltas ainda nos tempos de deputado. Mas também é fruto da intensa ignorância acerca dos motivos que alimentam os sentimentos dos eleitores de Haddad. E os motivos são vários, e não sem razão.
     A derrota quase inesperada foi a razão mais óbvia para a súbita tristeza após o vislumbre de esperança perto do desfecho. Mas também simbolizou, para muitos, o luto pela morte da democracia. Essa morte leva à angústia gerada pela visão pessimista da vida nesses quatro anos restantes. E essa visão pessimista do futuro desse período levou ao medo, que se concretiza na medida que propostas austeras e autoritárias avançam em Brasília antes de 2019.
     Por um lado, a derrota de Haddad nas eleições pode significar um momento decisivo para as forças progressistas, de esquerda ou não, em se reerguerem como um bloco de resistência ao autoritarismo através das lutas populares. Para tanto, faz-se necessária uma autocrítica de teor construtivo, seja para reconstruir conceitos de poder e restabelecer o Estado democrático.
     Por outro lado, a era Bolsonaro poderá proporcionar aos cidadãos antipetistas radicais o momento de repensar seus conceitos sobre os governos petistas. Talvez os acontecimentos possam oportunizá-los de se lembrar de que, durante o petismo e antes, eles tiveram toda a sua liberdade de expressar, de ir e vir, e a vários benefícios agora seriamente ameaçados de desaparecer.
     Pois toda a justiça deve ser feita aos governos petistas quanto ao momento de maior plenitude de conquistas sociais até hoje atingidas, maio empregabilidade, e maior facilidade de crédito - ainda que precisasse fazer algumas coisas nada certas para tanto.

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