Nas redes sociais, a convocação de um ministério com alguns militares pelo presidente eleito Jair Bolsonaro tem sido fonte de maior ansiedade e desespero para boa parte da população. Mas, pode ser que os militares não sejam o maior temor, mas sim dois nomes: Sergio Moro e Paulo Guedes.
A escolha de Moro para ministro da Justiça do governo Bolsonaro causou regozijo entre seus eleitores, que sempre depositaram confiança na integridade de sua atuação como juiz da Lava Jato. E a confiança pode aumentar, com a indicação dele por Jair para ser não só ministro, mas superministro da Justiça.
Já Guedes foi convocado para ser superministro na área econômica. De fato, é um economista cuja ideologia liberal agressiva se deriva do fato de ele ser banqueiro - é um dos donos do BTG Pactual.
E por que esse posto? O governo Bolsonaro pretende fundir (na verdade, eufemismo para extinção) algumas pastas tradicionais como, por exemplo, a do Trabalho. E, apesar da pressão inicial e de protestos nas redes sociais, o que deu certo quanto ao Meio Ambiente, a pasta do Trabalho será formalmente extinta.
Nos planos do governo, a pasta do Trabalho será uma secretaria do superministério do Planejamento de Guedes, que absorverá também as da Fazenda ou da Economia (ainda a confirmar). Assim, essa imensa pasta será responsável pelas leis trabalhista e tributária.
A pasta da Justiça também se torna um superministério, mas basicamente com a finalidade de absorver todos os aspectos e searas jurídicas. A Justiça do Trabalho, entre outros temas, ficará a cargo desse ministério, com atributos de fiscalização e apreensão de crimes contra os direitos trabalhistas.
Embora critique a legislação brasileira quanto a "estar cheia de direitos", Bolsonaro promete que direitos como 13º, férias e salário mínimo serão mantidos por serem cláusulas constitucionais pétreas. Faz sentido, quando Guedes diz querer flexibilizar mais os direitos, com a adoção da carteira verde-amarela sem CLT, destinada aos jovens em primeiro emprego, paralela à convencional azul da "antiga CLT", de trabalhadores mais antigos.
Resta saber se os dois superministros, que agirão como uma dupla dinâmica do governo, se darão conta de tanta coisam, e se não entrarão em conflito em torno do interesse que é a questão trabalhista. E, com isso, se houver alguma "troca de tiros", quem certamente ficará no meio do fogo cruzado é a classe trabalhadora.
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