Jean Wyllys: o autoexílio da democracia
Após a sua passagem vitoriosa no
Big Brother Brasil, o jornalista e professor Jean Wyllys trilhou seu caminho na
política, ligando-se ao PSOL e tornando-se uma figura ímpar na história do
legislativo federal.
A
defesa aberta a grupos historicamente marginalizados no delicado tema dos
direitos humanos causou repulsa em boa parcela da população e nas bancadas da
bala e a evangélica.
Simultaneamente houve esparrame
de fake News alarmistas nas redes
sociais e nas igrejas relativas aos pontos defendidos por Jean e supostos projetos
de lei. Claro que o psolista negou todas as notícias, diante de mais tentativas
de desgaste sobre sua imagem política.
Junto ao barulho das bancadas
ultraconservadoras, as ameaças aos destaques democráticos, especialmente Jean –
ameaças estas que foram ignoradas pela grande mídia.
Eram as primeiras ameaças de
morte, surgidas ainda no primeiro mandato do deputado e foram parar no STF.
Após as mídias pró-LGBTQ e de esquerda, o primeiro grande canal a publicar
matéria sobre as ameaças foi o Globo. Detalhe: já existia o famoso ranço entre
Jean e Jair Bolsonaro.
Mas o caldo rançoso engrossou
durante o processo de impeachment de
Dilma Rousseff. Apoiado pelos movimentos de direita nas ruas, o ex-militar
provocou ainda mais o psolista, ao ponto deste meter a famosa
cusparada. Por baixo, as ameaças a Jean persistiram.
Com a escolha final de Bolsonaro
para presidente da República, as ameaças a Jean Wyllys, eleito para o terceiro
mandato consecutivo, foram ainda mais frequentes e pesadas, estendendo-se aos
seus familiares, levando o psolista a solicitar escolta.
Mas as ameaças aumentaram ao
ponto de Jean renunciar ao mandato e partir para local inicialmente ignorado,
até revelar estar na Alemanha, onde encontrou o amigo Wagner Moura, diretor do
filme “Marighella”, no Festival de Berlim. Mesmo fora, o ex-parlamentar ainda
tem recebido ameaças.
O seu suplente, David Miranda,
também psolista e gay assumido, assume o lugar de Jean Wyllys na Câmara. Casado
e pai adotivo de duas crianças, David assume a desafiante herança do
antecessor, e também as ameaças que agora se estendem a ele.
Será, num futuro não muito longínquo, o paulatino
autoexílio da democracia?