Governo Bolsonaro: quando milícias e milicos se confundem
Fora as fake news e outros pretextos já conhecidos, os principais desejos dos eleitores para a escolha final de Jair Bolsonaro foram o fim da corrupção generalizada no meio político e de mais e melhor segurança pública, conforme várias postagens nas redes sociais no período.
O maior investimento em segurança pública foi, de fato, mais central no discurso de campanha do agora presidente do que as declarações preconceituosas e cristocêntricas que o destacaram no humor negro. Agora no governo, o que mais vemos são militares, generais assumindo cargos de alto escalão no governo e mesmo órgãos públicos.
Isso destacou ainda mais as forças militares federais e regionais como símbolos de segurança e soberania, gerando sensação de conforto entre os crédulos. O que se reforçou na eleição de alguns policiais e bombeiros apoiadores de Bolsonaro em pleitos regionais, especialmente no Rio, local-vitrine de intervenções militares federais.
Todavia, antes da posse de Bolsonaro, vazaram escândalos envolvendo a família com Fabrício Queiroz, ex-motorista e assessor parlamentar do senador Flávio Bolsonaro, que tem negócios obscuros e suposta ligação com grupo miliciano. E Flávio exaltando a "importância das milícias para a segurança das comunidades" não cai nada bem.
Foi o bastante para levantar um debate sobre as relações perigosas do alto escalão da classe política com o crime organizado, que já renderam prisões como a de Jorge Picciani (MDB), ex-presidente da Alerj. Há vários políticos ligados com famílias do jogo de bicho e, também, com milicianos.
Sabemos há tempos que os "banqueiros do bicho" surgiram quando o popular jogo do bicho se tornou ilegal há quase 100 anos atrás, mas a influência econômica e sua atuação como poder público em comunidades populares geram um profundo respeito de interesses junto a políticos. Mas, e as milícias? O que elas são?
Tradicionalmente, milícias são grupos paramilitares com força-tarefas específicas, temporárias ou não. No Brasil o termo virou alcunha para grupos clandestinos, em geral com atuação regional, bem organizados e com influência econômica e social. E não são tão recentes como se imagina.
Tradicionalmente, milícias são grupos paramilitares com força-tarefas específicas, temporárias ou não. No Brasil o termo virou alcunha para grupos clandestinos, em geral com atuação regional, bem organizados e com influência econômica e social. E não são tão recentes como se imagina.
Elas são os antigos "esquadrões da morte" dos tempos da ditadura militar, pois se dedicavam a exterminar traficantes e criminosos em geral nas periferias dominadas. O temido Mão Branca da Baixada Fluminense foi um deles. Hoje, atuam em distribuição de gás de cozinha, internet, segurança e negócios imobiliários locais, rendendo-se com taxas muito bem pagas em dia pelos moradores.
Até o fim dos anos 1980, era mistério a composição dos esquadrões da morte. O medo silenciava os moradores. Tal mistério só se dissolveu nos anos 1990, com as primeiras investigações sobre milícias: eram PMs e bombeiros expulsos dos quartéis por má conduta ou corrupção. Mas há milicianos nas corporações militares.
A ligação das milícias com o meio político não é nova. Naquela época já havia bancadas da bala, mas mais discretas. No Rio, em vários governos, ocorriam guerras ao tráfico, mas não contra as milícias. Os governos Cabral-Pezão foram bem notórios, e há vários nomes populares tidos como milicianos ou ligados a milícias.
Investigadores da execução de Marielle Franco suspeitam de milicianos ligados a agentes públicos. O silêncio do vereador Carlos Bolsonaro é sepulcral, expondo-se mais ainda à desconfiança geral, mesmo sem provas. Para piorar, Carlos nomeia um dos suspeitos para a sua assessoria.
Não bastasse toda a balbúrdia em Brasília ainda no início de governo, o presidente tem uma pedreira de peso nas costas. Seu discurso de "segurança com honestidade para o cidadão de bem" enfraqueceu bastante, enquanto mulheres, negros, indígenas e LGBTs gritam por socorro.
Pelo visto, aos poucos vão percebendo que em seu governo, milicos e milícias se confundem. E essa confusão pode se tornar o epicentro da crise bolsonarista.
Até o fim dos anos 1980, era mistério a composição dos esquadrões da morte. O medo silenciava os moradores. Tal mistério só se dissolveu nos anos 1990, com as primeiras investigações sobre milícias: eram PMs e bombeiros expulsos dos quartéis por má conduta ou corrupção. Mas há milicianos nas corporações militares.
A ligação das milícias com o meio político não é nova. Naquela época já havia bancadas da bala, mas mais discretas. No Rio, em vários governos, ocorriam guerras ao tráfico, mas não contra as milícias. Os governos Cabral-Pezão foram bem notórios, e há vários nomes populares tidos como milicianos ou ligados a milícias.
Investigadores da execução de Marielle Franco suspeitam de milicianos ligados a agentes públicos. O silêncio do vereador Carlos Bolsonaro é sepulcral, expondo-se mais ainda à desconfiança geral, mesmo sem provas. Para piorar, Carlos nomeia um dos suspeitos para a sua assessoria.
Não bastasse toda a balbúrdia em Brasília ainda no início de governo, o presidente tem uma pedreira de peso nas costas. Seu discurso de "segurança com honestidade para o cidadão de bem" enfraqueceu bastante, enquanto mulheres, negros, indígenas e LGBTs gritam por socorro.
Pelo visto, aos poucos vão percebendo que em seu governo, milicos e milícias se confundem. E essa confusão pode se tornar o epicentro da crise bolsonarista.
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