Povos originários, o eterno incômodo
O governo Bolsonaro logo chegou procurando satisfazer o desejo conservador de "restabelecer os princípios cristãos" de família, cultura e ordenamento social.
Reverberam-se medidas impondo limitações ou censura à emancipação de minorias (incluindo povos originários e tradicionais), em termos de direitos humanos.
Bolsonaro insinuou que os índios não querem mais viver como sempre viveram. Um atestado de tomada das terras para o agronegócio e exploração de minérios, madeira e remédios, após expulsão e dizimação cultural.
É a ameaça direta ao meio ambiente, a partir da execução de líderes indígenas ou quilombolas e/ou sua expulsão de seus territórios ancestrais.
Mas, não pensem que isso é novidade, nem que a era petista tenha sido de paz.
Os povos indígenas seguem resistindo às investidas crescentes há mais de 500 anos, mesmo com populações reduzidas devido a doenças e embates com os inimigos. Em lides semelhantes, os quilombolas também resistem.
Mais terras indígenas demarcadas e quilombos reconhecidos não aliviaram os embates com ricos garimpos, madeireiras e com a grilagem de terras.
A diferença de hoje está no vale-tudo da violência contra esses povos e incêndios em áreas demarcadas para conservação ou assentamentos permanentes.
O interessante é que a retórica ideológica e a intenção exploratória do governo vem fertilizando o campo da resistência dos povos tradicionais às ameaças crescentes, como em vários manifestos indígenas ocorridos neste ano.
E ao contrário do que possa parecer, tal fertilidade é positiva. Pois a resistência de povos tradicionais, admirada no exterior, seja um eterno incômodo a um governante mundialmente rejeitado.
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