A renúncia de Evo Morales foi golpe?
Canais de imprensa do Brasil e do mundo divulgaram a notícia do último dia 10/11 sobre a renúncia de Evo Morales da presidência da Bolívia.
O que chamou a estranheza de muitos políticos foi a suposta sugestão dos militares ao então presidente para que renunciasse.
Até porque, como já sabemos, os militares não costumam dizer: "Ó, presidente, sugiro ao senhor renunciar pra acalmar as feras aê...". Não, não cola.
Civilidade não é com militares e o Brasil conhece esse filme muito bem. A Bolívia também.
Como já sabemos como militares decidem as coisas, é certo que Morales escreveu a carta de renúncia com um cano apontado para a sua cabeça.
Tal cena, como disse o filósofo e youtuber Paulo Ghiraldelli, trata-se de um golpe militar clássico. A mesma cena originou o golpe dos anos 1960-70.
Claro que nenhuma mídia brasileira reportou a cena. Nem precisa: a comemoração de Bolsonaro e seus próximos militares diz tudo.
Ontem, a imprensa divulgou foto do comandante do Exército sentado à mesa antes ocupada por Morales. E hoje, na posse, a autodeclarada Janine Aiñez recebe a faixa presidencial através de militares.
Aiñez é do Libertad Demócrata, partido de direita francamente liberal de estreitas ligações com militares e religiosos que pregam o retorno da teocracia. Ela tomou posse empunhando uma bíblia.
Embora Evo Morales possa não ser inocente quanto aos fatos relativos à eleição, saliento que a OEA está longe de ser comandada por gente impoluta. Longe mesmo.
Vale lembrar que, até hoje, permanecem obscuros fatos relativos à reeleição de George Bush filho, num sistema eleitoral em papel impresso.
E, vale lembrar sempre: a OEA acusou indícios de fraude. Indício não é prova. Vale deduzir que a série de fatos pré-resultado da eleição pode ter sido tramada pelos militares para dar consistência à deposição de Morales.
E reitera-se: até prova em contrário não se inocenta nem Evo, nem os opositores. E na América Latina nunca se estabiliza politicamente devido a interesses do "grande irmão do Norte".
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