Há alguns dias atrás ocorreram as eleições presidenciais e o ganho foi novamente para Evo Morales Ayma, em disputa pelo quarto mandato consecutivo.
Ao entrar na presidência em 2006, Evo chamou a atenção do mundo pela origem popular e por ser o primeiro presidente indígena.
A maior parte da sua eleição se originou das regiões onde vive grande parcela dos cocaleros, que plantam e vendem folhas secas de coca nas feiras nas cidades andinas do interior. Entre eles, o povo uru-aymara, a etnia de Evo.
Os cocaleros estão entre os mais pobres, que sofreram com barreiras alfandegárias à produção agrícola e carência de serviços públicos essenciais a aumentar o sofrimento.
Após passagem pelo sindicalismo e pelo Congresso pelo MaS (Movimento ao Socialismo), Evo Morales disputa a presidência duas vezes, ganhando na segunda, em 2005.
Fez alianças externas com Kirchner, Lula, Fidel e Chávez, com quem inaugurou o bolivariano, de esquerda nacionalista, visando afastar as investidas dos EUA.
Nacionalizou a exploração de gás natural e tentou implantar política de combate ao tráfico (sem sucesso) sem, no entanto, atingir os cocaleros, considerando-lhes a tradição.
De fato, quéchuas e aymaras mascam folhas de coca há mais de 1000 anos visando espantar o cansaço e o soroche (mal das alturas), sem um registro de problemas desse consumo. O hábito se deve ao intenso esforço físico em grandes altitudes.
Outros registros positivos de seu governo, que lhe garantiram relativa estabilidade, foram o crescimento econômico médio de 3% ao ano, maior atenção à educação e à saúde, e redução significativa da pobreza, no mais pobre país sul-americano.
Tal estabilidade da era Morales quebrou há três semanas,quando a OEA revelou indícios de fraude eleitoral. Foram solicitadas novas eleições, o que Morales acatou, mas sem pacificar os violentos manifestos populares.
Tal estabilidade da era Morales quebrou há três semanas,quando a OEA revelou indícios de fraude eleitoral. Foram solicitadas novas eleições, o que Morales acatou, mas sem pacificar os violentos manifestos populares.
Tais indícios foram revelados na incoerência entre a negativa ganha na consulta pública e a reeleição de Morales. Este insistiu em permanecer no poder, e o povo foi para as ruas. Intimado por militares no gabinete, escreveu carta de renúncia.
Há uma acusação de estratégia político-jurídica de Evo Morales, mas sem provas. De qualquer forma revela-se um problema que afeta a maioria dos mandatários: se deixar seduzir pelo poder.
A submissão da razão pela ambição de continuar no poder o impediu de refletir sobre uma saída elegante com alta popularidade, possibilitando um retorno triunfal mais tarde.
A submissão da razão pela ambição de continuar no poder o impediu de refletir sobre uma saída elegante com alta popularidade, possibilitando um retorno triunfal mais tarde.
A sedução do poder leva líderes populares a terminarem impopulares, mesmo após políticas socioeconômicas efetivas. O maior ônus cobrado pela sedução do poder é um bom nome terminar na sarjeta da rejeição e do esquecimento.
Nenhum comentário:
Postar um comentário