Após um último artigo solo, que foi necessário escrever, vem a 7ª parte de Curtas - Análises rápidas.
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Damares e a cristopatia escatológica
Damares Alves era uma ilustre e desconhecida senhora com expressão aparentemente doce e simpática à visão infantil, quando surgiu para compor a equipe de governo apresentada na cerimônia de posse do presidente eleito Jair Bolsonaro.
Nomeada para comandar a pasta do Ministério da Mulher, da Família e Direitos Humanos (MMFDH), Damares é uma pastora da Assembleia de Deus. Sulista de ascendência nordestina, herdou a forte religiosidade e a vida de pastora.
A sua biografia marcada por abusos na infância despertou uma empatia popular e no Congresso, durante sabatina em comissão da Câmara. Não era possível imaginar a faceta tão negativa que depois conheceríamos.
Em quase todo o tempo à frente do MMFDH, Damares se notabilizou por suas tiradas absurdas e risíveis que distraíam a patuleia enquanto Bolsonaro e Guedes comandavam tudo em silêncio, mesmo em plena pandemia de C19. Essa foi a sua utilidade: criar uma espessa e eficiente cortina de fumaça.
Algumas frases são de vídeos de cultos antigos viralizados após sua nomeação, como mamadeira de piroca e a suposta visão de Jesus na goiabeira. Também antiga, a suposta masturbação de bebês por pais holandeses rendeu até uma rasteira diplomática com o país europeu.
O trauma de uma infância religiosa e abusada talvez torne compreensíveis tais falas. Mas não cala uma pergunta: ele justifica o envolvimento da ex-ministra em situações dignas de filme trash?
Ela declarou que crianças marajoaras eram traficadas para a Guiana, onde tinham dentes extraídos para sexo oral, dando um tom macabro ao culto em igreja lotada com criança e tudo no DF. Contra ela já pesa a denúncia de ter sequestrado uma bebê indígena.
Confirmado ou não tal sequestro, é fato que Damares tem uma filha adotiva de origem indígena. E é fato também que a declaração, importada do trumpismo estadunidense, gerou incidente diplomático com a Guiana, cujas autoridades já fazem cobranças. Damares admite que "ouviu das ruas". Mentiu.
A completa ausência de registros de tal crime reforça a mentira, e o proferir na posição de pastora já carimba de vez a agenda cristopata que marca a campanha para reeleição de Bolsonaro. Ela agora já iniciará carreira política já maculando a imagem do neopentecostalismo. E a própria.
Para saber mais (ou se lembrar):
- https://www.terra.com.br/noticias/brasil/cidades/relembre-as-polemicas-da-ministra-damares-alves,e39919c669f1a41d9bdc48ec93b867c21a7urtnq.html
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Bolsonarismo matou Deus, parte 1
Outubro de 2022 entrará para os anais da história como uma data que definitivamente não deixará saudades.
Dia 2/10, milhões de eleitores foram depositar suas escolhas nas urnas nas zonas eleitorais. Entre a maioria que foi depositar a esperança e a minoria a jogar mais gasolina no fogo e cometer centenas de crimes, as muitas emoções descambaram em resultado para o 2º turno. Mais 28 dias de sufoco.
Passada toda a expectativa e vindo o conformismo, veio a recente bomba de horrores solta pela ex-ministra e agora senadora eleita Damares Alves, com um enredo digno dos melhores roteiros de filmes de terror, numa igreja repleta de famílias heteronormativas com crianças e tudo.
Em respeito a algum leitor porventura cardíaco ou de estômago muito sensível, foi preferível não detalhar os horrores verbais de Damares. As crianças na igreja devem ter ficado atemorizadas com a "tia" Damares.
Dia 12, houve outro horror. Em Aparecida do Norte, apinhada de fiéis locais e romeiros que foram homenagear a padroeira do país, Bolsonaro foi à basílica fazer palanque, seguido por uma horda de bolsominions de cerveja vaiando o padre e atacando jornalistas e pessoas de camisas vermelhas.
Um grupo de bolsominions tentou invadir a sacristia de outra igreja para reclamar do sino que já tocava há mais de 30 minutos. Achacado, o padre foi acusado de "censurar" Bolsonaro, pois disseram que o sino não tocava assim (mentira: ele toca por 1 hora entre uma missa e outra).
Desde então, até esse momento não se sabe de novos fatos político-religiosos desse naipe. Mas, os acima citados já foram suficientes para repercutir muito mal na mídia estrangeira, não importa a alta proporção de seculares entre os europeus.
Para saber mais
- https://www.youtube.com/watch?v=McB8pRTFI_w (O Historiador - Bolsonaro e Moro soltam maior traficante do país).
- https://g1.globo.com/sp/sao-paulo/noticia/2020/10/10/traficante-andre-do-rap-e-libertado-em-sp-apos-habeas-corpus-concedido-pelo-stf.ghtml
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Bolsonarismo matou Deus, parte 2
Acompanhado pela caterva de seguranças, um dos filhos (ou a esposa) e comitiva de apaniguados, Jair Bolsonaro tem percorrido o Brasil entre motociatas, barcaciatas e cultos pentecostais. Essa tem sido a sua rotina de presidente da República nesses quase 4 anos, enquanto Paulo Guedes e Lira governam.
Regada a exuberante grana pública à custa de caríssimos impostos e salários congelados, a revoada agrada muito a pastores oportunistas e a patuleia mais narcotizada, que agora protagoniza ataques a padres católicos e até ao Papa, principalmente quando os temas são desigualdade, violência e fome.
A cristofobia está na igreja
A redemocratização inaugura no Brasil fatos novos, como a intensa midiatização da corrupção político-empresarial, a ascensão gospel na política, o SUS, o plano Real com inflação controlada e a privataria na era FHC, e a mitigação do neoliberalismo (mas não da corrupção) na era petista.
A ascensão gospel na política oportunizou o amplo e organizado movimento que evangelizou boa parcela da população. No Centrão criado por Sarney brotariam gospels oportunistas como Feliciano, Cunha e até mesmo o católico Jair Bolsonaro, que seguiu parlamentar por 30 anos.
Obscuro e defendendo ideias nazifascistas, Bolsonaro não era levado a sério. Exceto pela bancada da bíblia, que lhe deu voz. Fortaleceu-se nisso até ser eleito o presidente que hoje aterroriza o mundo e parte dos brazucas por feitos que dariam orgulho a nazistas de 80 anos atrás.
Mesmo favorecidas no petismo, as igrejas gospels entram no centro nevrálgico da extrema-direita bolsonarista, com importante papel eleitoral desde 2018. A bolha só é permeável às fake news contra Lula e minorias de fé, sexuais e culturais, que voam soltas apesar das tesouradas recorrentes do TSE.
Bolsonaro se ressente dessas tesouradas, mas há razão para ela: seu filho Carluxo preside uma fábrica de mentiras ofensivas e robôs numa sala com um painel repleto de celulares em Brasília.
De 10 gospels, 6 declaram voto em Bolsonaro. Mas, em boa parte, por pressão no local em que procuram paz espiritual: a igreja. Relatos anônimos apontam sanções contra fiéis progressistas ou que denunciem podres de pastores. Essa perseguição interna é percebida por muitos fiéis.
A agenda cristopata de Bolsonaro, Michele, Damares Alves, Feliciano e Malafaia alimenta a cartilha de ódio criada nas igrejas da AD¹, bem como a cristofobia, uma conspiração de Trump pega pelo bolsonarismo para atribuir a Lula, aludindo ao fechamento de templos por Ortega².
Sim, a cristofobia não foi uma tese externa. É uma criação do clero gospel bolsonarizado a partir de uma conspiração pseudomoralista externa, cristalizando-se no ente que persegue os próprios cristãos.
Notas da autoria
¹ Assembleia de Deus, doutrina com vários ministérios no Brasil e que agrega 12 milhões de seguidores.
² Daniel Ortega, presidente eleito que implantou um governo totalitário na Nicarágua.
Para saber mais
- https://www.bbc.com/portuguese/brasil-63285936 (perseguição a cristãos já começou).
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A pressão do curral gospel
Pastores que se vestem de cores verde-amarelo se proliferam em igrejas aqui e ali nas periferias urbanas, denunciando o caráter ideológico dos cultos nos últimos dias da eleição presidencial.
Chamados de "revelações do Espírito Santo", suas pregações apontam as correntes pentecostal e neopentecostal do mundo gospel. Diante de tais "revelações", os fiéis abaixam, submissos e temerosos, as cabeças em oração. Sim, temerosos também. Por um motivo revelador.
Mesmo sem citarem o nome, os pastores de verde-amarelo mostram toda a sua autoridade e até ameaçam os fiéis se votarem em candidato de "programa político contrário ao reino de Deus". Essas ameaças são traduzidas em medidas disciplinares como "punição divina".
Essa denúncia atesta o curral eleitoral gospel já abordado outras vezes neste blog. Nesse estágio da corrida eleitoral, ele se espalha mais, tal como tentáculos de um monstro de ficção, o curral contagia muitas igrejas de ministérios da Assembleia de Deus e correlatas da IURD Brasil afora.
O curral gospel é o perfeito análogo ao observado nas zonas dominadas pelas milícias no Rio e em outros Estados, e também no vasto interior sertanejo ainda muito coronelizado. Viola o caráter pessoal e secreto do voto e dilapida, portanto, a liberdade de escolha do eleitor por identidade.
Sabemos todos que as urnas eletrônicas são, até prova em contrário, imunes a fraudes.
Para saber mais
- https://www.bbc.com/portuguese/brasil-63209750 (pastores fazem pressão e ameaçam fiéis com punições...)
- https://www.youtube.com/watch?v=CiqVj974n6E (Reinaldo Azevedo sobre intolerância religiosa e ódio gospel)
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Carta sensata, povo nem tanto
Preocupado com a repercussão das ações eleitoreiras de Bolsonaro sobre os grupos cristãos gospels, o ex-presidente Lula escreveu uma carta especialmente destinada ao povo evangélico. A carta já estava nos planos do petista, sendo escrita no dia 11, antes da explosão de ataques contra missas católicas iniciada com o ataque em Aparecida do Norte., ocorrida no dia seguinte..
A intenção de Lula escrever a carta se deu por conta da disseminação de fake news destinadas a indispor os fiéis gospels contra ele. O teor das mesmas variava de Lula supostamente “possuído pelo demônio” em templo afro-brasileiro, à falácia de “fechar igrejas” – em alusão ao ato do ditador Daniel Ortega, da Nicarágua, que mandou fechar igrejas no país.
Vale acrescentar que, mesmo sendo anterior ao citado ataque - que por seu turno oportunizou outros ataques a fiéis, padres e objetos das igrejas católicas em vários recantos do país, com repercussão negativa no exterior -, a carta, que foi posteriormente lida por um pastor em público, foi interpretada pelos presentes como uma lufada de bom senso e acalanto em meio a tantos conflitos.
Mas as lufadas de vento não alcançam distâncias suficientes para abranger o máximo de locais a terem os ânimos refrescados. Em igrejas evangélicas onde já infestadas pelo hálito nefasto do bolsonarismo, segue-se um mormaço que já desconforta cada vez mais frequentadores, enquanto que no seio católico já se propõe cancelamentos de homilias públicas para evitar novos ataques.
Por outro lado, a carta de Lula reverberou positivamente entre os mais de 30% do povo gospel que teve ciência dela pela mídia. De fato a carta é sensata e coerente com a realidade. Mas não podemos dizer o mesmo sobre a maior parcela dos gospels, que neste momento se narcotiza nos cultos a Bolsonaro.
Para saber mais
- https://www.brasildefato.com.br/2022/10/19/lula-publica-carta-aos-evangelicos-e-reafirma-respeito-a-liberdade-religiosa
- https://www.brasildefato.com.br/2022/10/22/crescem-ataques-de-bolsonaristas-a-igreja-catolica-fieis-padres-e-ate-o-papa-sao-alvo
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Pós-Bolsonaro, a certeza da incerteza
2022 vai cada vez mais perto de seu próprio fim. Ainda a caminho do 2º turno, a maioria dos brasileiros assiste, entre aturdida e em expectativa, a dança quase diária dos números finais para a presidência. As pesquisas continuam sendo alicerces, mesmo na pauta dos projetos absurdos dos congressistas de criminalização dos institutos.
A exemplo dos debates preparatórios para o 1º turno, o primeiro para o 2º turno, realizado na Band no último domingo, não abriu mais chances para se ter certeza de quem ao final levará os louros da vitória. Segundo as mídias, Lula teve uma vitória por pontos: foi melhor no 1º bloco, empatando com o adversário no 2º.
Com isso, até o momento impera a estabilidade dos dados, com Lula entre 51 e 55% de votos válidos e Bolsonaro, entre 43 e 47%, considerando-se margens de erros, graças à discrepância ainda maior entre os dois no Nordeste, onde o petista subiu mais 5 pontos em média, mesmo que nas demais regiões o extremista esteja pouco à frente.
Cerca de 95% dos eleitores entrevistados se dizem decididos sobre sua escolha para presidente, indicando que parte dos 5% indecisos deverá se direcionar no dia D, e que a maior parte da expectativa sentida está mais para o futuro, por conta do caráter do novo Congresso, que conta muito.
Um caráter que conta muito: o escolhido para a presidência fará seu molde particular nos diálogos com os congressistas. Como sabemos muito bem as notórias diferenças entre Bolsonaro e Lula, cabe somente a nós a decisão pelo retorno do diálogo conciliador para a sobrevivência da nação, ou pela agudização e perpetuação da barbárie.
Enquanto a situação não se resolve, imaginamos as pautas discutidas no Congresso, como uma agenda de costumes baseada numa sharia cristã, prisão de 10 anos para quem errar em estatísticas demográficas, como perpetuar a mamata secreta, uma licença para eliminar populações tradicionais do campo e florestas, ou matar mais pobres e não-brancos nas ruas urbanas.
Se mais de 90% dos eleitores já definiram seu voto, segundo pesquisas, a única certeza que nos restará será a que vier após 30/10.
Fonte: leitura de diversas fontes midiáticas.
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A vantagem do "enegrecer"
Na era Lula entrou em vigor a Lei de Cotas. Segundo o então presidente, ela serve para "quitar uma dívida histórica de 350 anos de escravidão". Faz pleno sentido, pois foi elaborada para que haja um número mínimo de vagas para negros, indígenas e pobres para ingresso em espaços públicos historicamente destinados aos brancos abastados e estudados.
A lei foi imediatamente criticada no debate público na alegação de mau investimento em educação básica e o fracasso das cotas nos EUA. Verdade. Mas o elitismo histórico e silente virou empecilho às mudanças necessárias. Então, a lei ainda permanece, mantendo-se até hoje incólume na era extremista de Bolsonaro.
Em paralelo, não demoraram a surgir matérias com relatos de fraudes cometidas por brancos nada pobres que se declaravam cotistas em vestibulares universitários e, esporadicamente, em concursos públicos. Após algum tempo silentes, as críticas retornaram com mais força: "essa lei é um fracasso". Mas, segue.
Assim como concurseiros no momento da posse de cargo público, os candidatos à carreira política também prestam declarações patrimoniais (financeiro, inclusive) e civis (dados pessoais, incluindo o elemento cor/raça). Até aí beleza, mas um paradoxo chamou a atenção da mídia nessa eleição 2022: a mudança na declaração de cor.
Como os reeleitos devem atualizar as suas declarações patrimoniais, as eventuais mudanças são naturais. Mas o que chamou a atenção de jornalistas da Brasil de Fato é que alguns deputados reeleitos, a maioria de direita, "mudaram de cor", autodeclarando-se negros, mesmo alguns deles sendo terrivelmente brancos e de traços europeus.
A razão foi logo descoberta pelos jornalistas: a lei de cotas teve uma alteração mais recente que permite aos eleitos cotistas uma vantagem financeira em relação aos não cotistas. Daí ser provável que os reeleitos expostos na reportagem, a maioria de direita, tenham declarado patrimônios financeiros ridículos.
É notório que o problema não é bem a lei de cotas, pois em vias honestas ela permitiu a qualificação profissional e a ascensão social de milhares de pessoas de grupos historicamente relegados pelo elitismo. Mas há uma falha, que virou tradição nos serviços públicos brasileiros: a de fiscalização.
A falha fiscalizatória evidencia claramente que o problema não está na lei de cotas, e sim nas pessoas, que secularmente aprenderam a naturalizar os maus exemplos vindos "de cima". A nossa elite se construiu em contexto fraudulento e opressor, e assim se mantém. Como nunca houve uma educação combativa, o problema seguirá, piorando nessa era do vale-tudo.
Para saber mais
- https://www.brasildefato.com.br/2022/10/11/dos-135-deputados-federais-negros-eleitos-19-eram-brancos-na-ultima-eleicao
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Xandão, JP e regulação da mídia
Desde que assumiu o STF, indicado por Michel Temer, Alexandre de Moraes, o popular Xandão, tem se destacado por sua conduta tão ativa quanto altiva. É um dos ministros mais jovens do Supremo e atual presidente do TSE. E desde então, tem mostrado que não tem medo de serpentes peçonhentas.
Sua atuação com os Bolsonaro tem sido bastante relevante desde o ano passado, gerando desde então uma profunda desafeição do presidente da República, que piora com as recentes atuações diante da corrida eleitoral, por conta das várias tesouradas que deu a fake news contra Lula e o PT.
Agora, fez o TSE entrar novamente em evidência midiática ao dar cabo de um documentário da Jovem Pan (JP) que detrime a imagem e honra, e a presunção legal de inocência de Lula (PT) e hipervaloriza as supostas virtudes de Jair Bolsonaro utilizando-se de possíveis notícias falaciosas.
A parte bolsonarista da imprensa e canais de redes sociais consideram que a ação impetrada por Xandão foi "censura", que "viola o direito constitucional de expressão" e otras coisitas más do gênero. Mas, por incrível que pareça, não foi censura, e há como explicar por quê.
A censura propriamente dita se define como impedimento à divulgação de inteiro teor de um tema ou assunto pela mídia de massa. Um exemplo bem conhecido é a censura impetrada pela ditadura a produções midiáticas que porventura criticassem as figuras e/ou os atos governamentais de então.
Como o poder de polícia do TSE se deu contra falácias falsas e difamatórias à pessoa e honra do adversário de Bolsonaro, o que ocorreu contra a JP foi uma punição por já não ter acatado a uma norma de editar devidamente ou refazer o programa. E isso, por uma razão importantíssima.
Além do conteúdo ser passível de condenação judicial, a JP é uma emissora de radio jornalismo transmitida tanto em TV quanto em canal online. Portanto, uma concessão pública tal como Globo, SBT, Band, etc., se sujeitando a regras mais rigorosas quanto ao teor dos conteúdos divulgados.
Isso as diferencia dos canais independentes, que sobrevivem de colaboração popular, como os que rolam em plataformas de vídeos como Youtube e correlatos, e sites de blogs e correlatos.
Esse caso traz à luz a velha proposta petista de regulação da mídia, na intenção de dissolver o monopólio hegemônico que se concentra nas mãos de poucos, como os grupos Globo, Band, Folha, Estadão, Abril, etc., e descredita o restante para o grande público. E entra outra razão aí.
Em países com mídia regulada (Argentina, EUA, França...), a circulação de fake news é menor, pois o canal divulgador é alertado por outros, ou responsabilizado judicialmente, se necessário.
Não por acaso, em diversas vezes Bolsonaro já depreciou Lula quanto ao intento de regulação da mídia. Pois as fake news são os seus alicerces de campanha e lhe agregam público, compensando a falta de propostas e atuando como cortinas de fumaça encobrindo os seus silenciosos maus feitos políticos.
Só Xandão mesmo na causa.
Para saber mais
- https://www.youtube.com/watch?v=CKzR8cD6rxE (UOL - TSE vota poder amplo para decidir sobre corte de fake news sem MP)
- https://www.youtube.com/watch?v=cCxWwoHejFc (UOL - TSE tomou medida correta ao ampliar poder de polícia contra fake news)
- https://www.youtube.com/watch?v=gYAWif9mmNE (UOL - o que o TSE decidiu sobre a Jovem Pan)
- https://www.brasildefato.com.br/2022/10/21/direitos-de-resposta-de-lula-sao-suspensos-tse-aprova-ampliacao-do-combate-a-fake-news-e-mais
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Bolsonaro sobe, mas economia desce. E conta
Enquanto o tempo segue inexoravelmente aproximando o grande dia D da finalíssima eleitoral, os institutos de pesquisa, sérios ou suspeitos, continuam em seus levantamentos. Suspeitas à parte, os dados obtidos apontam Bolsonaro quase encostando em Lula. Num deles, a menor margem do petista e a superior do extremista dá empate técnico.
Apesar de Lula parecer esbanjar otimismo, a sua equipe segue em alerta vermelho, estudando os fatos mais recentes e analisando as reações da patuleia aos mesmos. Diante disso, Bolsonaro subiu entre os contemplados que conseguiram o empréstimo consignado via Auxílio Brasil, que por seu turno vai até dezembro.
A liberação da grana para empréstimos é a mais clara evidência de que a patuleia flagelada vota conforme os desígnios estomacais, na necessidade mais imediata de sobrevivência. Com experiência pretérita de fome, Lula sabe bem disso, e diante da ansiedade da grande mídia em economia, ainda aguarda revelar seus planos para momento oportuno.
Talvez isso dê a impressão de que só Bolsonaro está ativo e Lula não. O imediatismo de sobrevida conjugado a má educação e muita fake news não permite raciocínio analítico entre muitos, e leva a mudanças momentâneas de escolha, com ajuda das igrejas gospels caça-níqueis.
Mas há fatos fora da atenção pública: a economia segue em queda: todos os índices produtivos (agro, indústria, serviços, etc.) caíram prenunciando 2023 em recessão, e para piorar mais um pouco, Paulo Guedes anunciou que reajustes salariais e previdenciários serão desvinculados das médias inflacionárias passadas.
Não bastando o possível fracasso do Auxílio bolsonarista, a desvinculação sozinha já responderá por amplificar a margem de 60 milhões de brasileiros jogados na miséria levando a um nível ainda imprevisível de consequências sociais ainda antes da entrada de 2023, mas já prenunciando o cenário de terra arrasada que já pisca a luz de alerta há tempo.
Por enquanto Bolsonaro sobe, enquanto a economia desce mais ainda. E quiçá, isso possa beneficiar Lula eleitoralemente nos últimos dias da eleição. Pois como os fatos já estão até na grande mídia, em pouco tempo a patuleia saberá e, mesmo cada um a seu modo, a maioria concluirá que a reeleição será o caminho direto para a morte.
Para saber mais
- https://www.brasildefato.com.br/2022/10/21/politicas-eleitoreiras-de-bolsonaro-foram-insuficientes-para-barrar-queda-da-economia
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Em MG, Novo privatiza o meio ambiente
Após quase quatro anos de um governo pífio, o governador de Minas Gerais Romeu Zema (Novo) foi reeleito. Uma idiossincrasia local, tendo-se o fato de que Lula terminou à frente de Bolsonaro no primeiro turno. Mas, outros fatores motivam a natureza idiossincrásica dessa escolha.
Contrariando a maioria do colégio eleitoral mineiro, Zema declarou a continuidade de seu apoio ao presidenciável à reeleição Jair Bolsonaro (PL), e ainda rebateu uma declaração de Lula, por má interpretação ou má-fé em ludibriar os eleitores, pois ainda na corrida eleitoral havia negado apoio ao fascista, e agora retorna o se apoio.
E esse apoio reforça o significado político de seu próprio partido, o Novo. Por ser relativamente nanico em termos de tamanho e número reduzido de cadeiras no Congresso para a legislatura 2023-27, muitos desconhecem a sua personalidade intangível, mas ativa. Seus eleitos atendem aos desígnios de seu partido, além da iniciativa própria. Daí a surpreendente declaração de Amoêdo de apoiar Lula.
Zema se destaca por ser, pelo visto, o único novista na posição de chefe do Executivo - o restante ocupa cadeiras dos Legislativos regionais e federal. Enquanto Bolsonaro entrega a Amazônia às orcrim's ligadas ao extrativismo ilegal indiscriminado e ao agronegócio, o governador entrega parques ambientais à iniciativa privada. Em especial, a grupos empresariais de mineração. O Novo sorri satisfeito.
Para saber mais
- https://www.brasildefato.com.br/2022/10/19/menos-de-um-mes-apos-ser-reeleito-em-mg-zema-entrega-parques-a-vale-e-a-iniciativa-privada
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