Um conflito invisibilizado
A
mídia ocidental tem feito matérias de guerras no Oriente Médio, Europa (Ucrânia
x Rússia), em parte da Ásia (China, Taiwan), e América do Norte (11/9/2011,
World Trade Center). O mesmo ocorre sobre os desastres naturais e, claro, as
diásporas de guerra e climáticas, enfatizando a recepção por países europeus e das
Américas.
As
principais diásporas são de sírios, norte-africanos e iraquianos, e agora,
palestinos. Mas há um lugar historicamente espoliado pelo capital que há
décadas sofre com guerras e crises ambientais: a África. Esse continente com o
solo mais cobiçado do planeta é o mais esquecido pela mídia quando se trata de
crises humanitárias.
Em
especial, um país geograficamente grande, atormentado há décadas por uma
sucessão de crises.
Congo – segundo maior país
africano, a República Democrática do Congo vive ecos de guerra civil desde
1960. Disso veio uma crise humanitária e uma diáspora externa cujo número varia
entre 3 e 6 milhões de pessoas, e mais de 1, 5 milhão internamente, segundo
dados da ACNUR, órgão da ONU ligado aos refugiados.
Hoje
se segue uma a guerra interétnica (tutsis x bantos). E com uma
interferência externa.
Ruanda – como o Congo, o
vizinho interior compartilha a riqueza mineral e conflitos entre as mesmas
etnias. Foi palco do genocídio de 1994 que matou 800 mil pessoas, em parte tutsis
refugiados em Uganda e Congo. Mas o que tem Ruanda a ver com a atual crise
congolesa que descamba em migrações massivas?
Política – é o que levou ao
massacre étnico de 1994 e, agora se volta contra o governo socialista congolês
liderado pelo hutu (do grupo banto) Félix Tshisekedi, sucessor do também
hutu Joseph Kabila. O governante ruandês é Paul Kagame, um tutsi que
alcançou o poder em 2000 através de golpe de Estado que matou o antecessor hutu.
Os
detalhes acima explicam a situação atual do Congo? Não. A questão é mais
complexa.
Ideologia – se o nome oficial
do Congo revela um regime de governo socialista, o de Ruanda é uma autocracia
militar autoritária à direita com apoio dos EUA, Israel e parte da Europa. Forma-se,
assim, uma aliança contra o governo congolês. Mas há também uma briga econômica
aí.
Há
ambição da aliança sobre as ricas jazidas minerais congolesas, em especial o
Coltan (columbita + tântalo), usado na indústria de eletrônicos (Samsung,
Xiaomi, etc.), e o diamante por gigantes da joalheria e petrolíferas¹.
Contradições
na escravidão
– embora verídica, a mão-de-obra escrava na mineração congolesa virou pretexto
da citada aliança e da oposição local contra Tshisekedi, que enfrenta forças
militares sob comando tutsi. Mas nesse tema da escravidão há uma forte contradição,
nas grandes plantações de cacau.
Extensivas
em Gana, Nigéria e Senegal, as plantações são propriedades de gigantes como
Nestlé, Hershey’s e outras e revelam a submissão do governo congolês à lógica
do capital anárquico.
Como claramente se vê, a étnica
não explica a grave crise interna congolesa. Mas o capital sozinho explica.
Nota da autoria
¹ Mais de 90% dos diamantes extraídos no mundo vira componente para cortes de vidros e de perfuração de poços petrolíferos.
Para saber mais
- https://www.youtube.com/watch?v=ja-qq61_9BI (Cortes do História
Pública Ian Neves – Congo: a catástrofe que o mundo ignora)
- https://www.acnur.org/portugues/republica-democratica-congo-rdc/.
(a crise humanitária atual)
- https://pt.wikipedia.org/wiki/Crise_do_Congo----
A poluição dos carros elétricos
Carros
elétricos não são novidade: há 100 anos, Ford lançou uma linha, que logo
fracassou devido à baixa autonomia. Hoje eles retornam com tecnologia muito
sofisticada. Como os carros inteligentes da Tesla dirigidos por alguns patrões
por aí, e também nas ruas chinesas, onde são cada vez mais populares.
A
tendência cresce junto à preocupação com o destino de um planeta cada vez mais
aquecido. Nesse embalo e na perspectiva ampla de empregabilidade e
popularidade, o governo Lula 3 já deu a largada para a gigante chinesa BYD ter
sua montadora em Salvador.
Vantagens – depende do âmbito.
A empregabilidade é uma boa. Há uma massa de demitidos das fábricas fechadas
no Sudeste e com a privatização da Eletrobras¹ no governo anterior. Moradores da
região também podem ser absorvidos por via direta ou terceirizada, beneficiando
a economia da região.
Desvantagens – embora o fato acima
seja positivo, a natural expansividade das empresas transnacionais prejudica a
competitividade das empresas nacionais. A começar pela indústria. O patrono da siderúrgica
Gerdau enfatizou que o aço brasileiro já sente o impacto da desindustrialização
nacional.
Micro
e pequenas empresas empregam mais do que as gigantes, com forte destaque em
serviços. Daí Lula 3 olhá-las com mais atenção e impulsioná-las com investimento
público.
Meio
ambiente
– a propaganda “adeus, gases estufa” pode ser real, mas esconde um perigo.
Há desatenção pública com outros pontos igualmente relevantes – dos quais nem
governo nem empresas falam.
Consciência
ambiental não é o forte do brasileiro. Descarta-se eletrônico em lixo comum ou na
rua mesmo. Baterias e outros componentes eletrônicos liberam chorume com metais
pesados que contaminam solos e água.
Mesmo
prolongada, a autonomia da bateria decai até chegar a hora de trocá-la. Onde descarta-la?
As lojas de automotivos fornecerão tambores especiais destinados ao seu
descarte? Por mais que durem, os carros também poderão ter validade determinada.
E onde descarta-los? A indústria terá como reciclar seus componentes?
Assim
se conclui que uma política econômica realmente ecológica é complexo e envolve planejamento
e boa visão da dinâmica planetária e gestão de resíduos. Portanto, gás estufa é
apenas um mísero detalhe nesse universo de saberes que envolve o conceito de sustentabilidade,
tanto em política quanto em empreendedorismo.
Nota da autoria
¹ o
ex vetou reaproveitamento do quadro após a privataria.
Para saber mais
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