segunda-feira, 27 de agosto de 2018


Eleições 2018 e a crise: o papel ativo do voto nulo

     Apesar da previsão de inverno mais frio do que a média, em eleição este ano é quente pra chuchu no Brasil. A despeito dos números, a incerteza domina o cenário eleitoral. Condenado e preso um ex-presidente com provas dadas como controversas por uns e suficientes por outros, e livres nomes comparativamente mais perigosos que geram aversão e repulsa, nas redes sociais se digladiam dois grupos de campanha: um defensor do voto consciente e o outro defensor do voto nulo.
     Com apoio governamental, a campanha do voto consciente é constante desde a era Collor. Foram eleitos vários nomes novos, que não demoravam, no entanto, a aparecer em falcatruas divulgadas nas mídias, como até hoje. Com os escândalos de corrupção atuais, surgem as contracampanhas pelo voto nulo, que tomam a internet e as mídias.
     Atualmente, a lei eleitoral torna inválidos tanto os votos em branco quanto os nulos, o que não invalida o pleito mesmo quando os votos válidos sejam minoria na apuração pós-pleito. Ainda assim, a opção pelo nulo cresce nas redes sociais, proporcionalmente ao número de candidatos provadamente criminosos à eleição/reeleição.
     Daí entra a inovação na campanha do “voto consciente”: “quem vota nulo se anula”. O slogan faz sentido para quem vota apenas se aventurar, mas não para quem o faz por razões mais sólidas. E o governo sabe muito bem disso.
     Geralmente, quem vota nulo o faz como protesto: novos nomes não garantem nova política, com inúmeros exemplos há tempos. Na nossa cultura política, os interesses do grande capital pesam mais na representação dos candidatos. Mesmo sabendo ser seu voto sem efeito, os eleitores demonstram nele sua rejeição à preferência dos eleitos pelo poder em detrimento das necessidades da nação. E isso é uma razão profunda.
     O governo e a mídia sabem dessa consciência política, e se preocupam. Isso basta para mostrar que a nulidade não está em quem vota nulo, mas na ilusão de quem vai pelo "nome novo", sem saber que perpetua a velha e viciada política de sempre. Ainda mais pelo fato de que, na realidade, os votos válidos sempre terminam maioria nas urnas.
     Afinal, basta pensar um pouco para saber quem sempre esteve, de fato, em vantagem no nosso cenário, independentemente do partido no poder.

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