Judiciário: o crime, o privilégio e a crise
O judiciário brasileiro tem ganhado destaque no atual governo, pela sua forte proximidade com as classes governantes. Há um antagonismo entre a visão oficial e a popular sobre certos delitos e os réus. Vejamos alguns fatos conhecidos:
Bandido da Luz Vermelha: vindo de
família pobre de SC, o criminoso foi condenado a mais de 100 anos de prisão por
assaltos em residências, estupros e homicídios, cumprindo 30 deles por ser pena
máxima no nosso código penal. Cumpriu-a integralmente, em regime fechado.
Thor Batista: o carro do filho de Eike
Batista atropelou um ciclista numa via expressa carioca. O ciclista morreu. O
velocímetro revelou alta velocidade (e direção perigosa). Thor se apresentou em
delegacia e tudo, mas segue livre, leve e solto em seus possantes e o fato foi
esquecido.
Galdino: O índio pataxó Galdino dormia
em banco de praça pública em Brasília após participar de evento indígena,
quando foi queimado vivo por cinco jovens “de classe média”. Faleceu no
hospital. Apesar da longa repercussão midiática e popular, os rapazes, de
famílias de megaempresários e políticos, estão impunes até hoje.
Marielle Franco: A recente execução da
vereadora carioca do PSOL de início repercutiu forte na mídia nacional e internacional, e na população. Mais de 3 meses após sua morte, não há novidades sobre investigação, mas na Europa a
repercussão segue forte, com direito a manifestos populares dos movimentos feministas e pela punição dos
envolvidos.
Tais
fatos revelam que interesses de classe podem superar a gravidade do delito nas
decisões judiciais. O fato de a justiça sempre funcionar seletivamente,
mantendo impunes os mais abastados e influentes, revela a sua grave e crônica crise
sócio identitária, traduzida em 60% da população carcerária ser composta de
pobres aguardando julgamento, superlotando sem necessidade presídios sem condições para reinserção social e
ajudando a alimentar a violência.
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