PT: Lula 2018 e a crise
Mesmo
massacrado pelo rolo compressor da dupla MDB-PSDB e aliados de partidos menores,
o PT é tenaz como aço: entusiasmado pela solidariedade de militantes e fãs Brasil afora, tem persistido em Lula para a corrida presidencial, e agora o lança como "o cara" na arena. Mas como, se ele foi
condenado como ficha-suja?
Segundo mídias diversas, Cármen Lúcia, presidente do STF, teria reconhecido que a
prisão em segunda instância não impede obrigatoriamente a candidatura, o que indicaria uma brecha na Lei da Ficha Limpa. E o PT se aproveitou dessa brecha lançando Lula na disputa pela presidência.
Mas
nem tudo são flores: junto à vantagem há duas desvantagens.
A
vantagem se concentra no inegável carisma popular do ex-presidente, sua vocação
estadista reconhecida (prêmios e títulos de honoris
causa dentro e fora do país) pelos juízes do TRF-4 antes da condenação, a
inteligência política, a repercussão dos movimentos populares no Brasil e em
outros países com sua prisão, e as recentes pistas a sugerir possível falta de provas
consistentes para a sua condenação.
A primeira desvantagem é depender da boa vontade do TSE em dar o sinal verde, o que pode ser bem difícil, apesar dos cenários mais recentes de intenção eleitoral indicarem a ampla liderança do ex-presidente, em torno de 40%.
A segunda é a de passar impressão de que PT e Lula parecessem ser um só, o que não é verdade. Há petistas de peso que nunca foram citados em escândalos e seguem os
princípios originais da sigla, perdidos no ápice do poder: o senador Paulo Paim
(RS), conhecido por sua defesa aos direitos trabalhistas, o senador Eduardo Suplicy, e o ex-governador
Olívio Dutra (RS), que dispensava algumas mordomias. E tem
outros, é ir na fé.
O
PT poderia lançar nomes experientes, mas novos no pedaço presidencial, com
propostas populares convincentes, com Lula como pano de fundo para dar
aquela forcinha. Talvez pelas incertezas desse ano insista em Lula, pois este,
tal como um espectro, ainda assombra os pra lá de suspeitos Henrique Meirelles,
Geraldo Alckmin, Ciro Gomes, Bolsonaro e outros na corrida.
Porém, é bom insistir: é possível que tal insistência em Lula aguce ainda mais a própria crise existencial petista.
Atualizado em 5 de agosto de 2018.
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