O caminhar do Brasil nas idiossincrasias de Bolsonaro
Passadas as eleições, o escolhido Bolsonaro parte para a montagem de seu ministério. Talvez imaginando que não sobraria mais ninguém que se opusesse às suas ideias e propostas, chamando alguns nomes militares, o eleito logo disse que iria diminuir o número de ministérios. Mas também se deparou com intensa pressão popular em alguns momentos.
Algumas mudanças, como a fusão das pastas da Justiça com a Segurança Pública, não foram criticadas. As críticas e memes recaíram sobre a indicação do juiz Sergio Moro para ministro, que dizia recusar autopromoção política - apesar do significado claramente político da prisão de Lula, efetuada em tempo meteórico.
A primeira foi a ideia de fundir a pasta do Meio Ambiente com a da Agricultura. De pronto, opositores da sociedade e políticos reagiram, percebendo que a ambiental seria reduzida a uma secretaria submissa, já que a ministra escolhida é a Musa do Veneno, que briga pela liberação de agrotóxicos condenados pela OMS e maior parte dos países.
A pressão, principalmente nas redes sociais, surtiu efeito: Bolsonaro recuou. Mas não tombou: inicialmente pensou em escalar um militar, mas depois, para acalmar a galera, cogitou colocar a atriz e ex-Playboy Maitê Proença. Mas, enfim, estão cogitados Ricardo Soavinski, da Sanepar, e o agrônomo Xico Graziano (aqui).
Outra ideia abortada à força da intensa saraivada de críticas e pressão popular foi a extinção da pasta do Trabalho. O slogan de que o ministério era desnecessário não colou para a classe trabalhadora tão numerosa. Apesar de distintos, ministério e justiça do trabalho atuam juntos: o primeiro tem os fiscais e atende às demandas dos trabalhadores; o último atua juridicamente contra os maus empregadores.
Se a ideia é "acabar com cabides de emprego" de tantos ministérios, Bolsonaro se contradisse ao propor a pasta da Família, pela fusão da de Direitos Humanos com a de Desenvolvimento Social, visada para o rejeitado Magno Malta. Diante das críticas nas redes sociais, se cogita a pasta da Cidadania, fundindo as já citadas e também políticas de combate às drogas, segundo Onyx Lorenzoni. Até o momento, tudo é especulação.
Outra pasta que cai na linha moralizante do governo é a do MEC. Enquanto o Escola sem Partido tramita no Congresso, surge Vélez Rodriguez, colombiano naturalizado brasileiro bem conservador, para ministro. Antes calmas, as críticas nas redes sociais se engrossaram sobre o indicador responsável: Olavo de Carvalho.
Olavo se diz de tudo um pouco: filósofo, médico, astrólogo, físico, cientista político... Até se saber que ele sequer concluiu o ensino fundamental e mora nos EUA sustentado pela filha com quem vive em guerra. O autor de pérolas como "o cigarro é bom para a saúde" e "Geisel era comunista", ele é autor do livro "Como evitar que se torne um idiota". Como se vê, uma figura tão idiossincrásica quanto tosco é Bolsonaro. Se não for idiota, claro.
Nessa perspectiva, tudo indica, ou mostra claramente, que o Brasil caminha perigosamente a passos tortos bem na aresta de um imenso abismo.
Nenhum comentário:
Postar um comentário