"Ideologia!, eu quero uma pra viver!..."
Cazuza
Com pesado aparato de segurança, o presidente eleito Jair Bolsonaro toma a sua posse. Euforia dos seus fãs mais fervorosos e surpresa dos indiferentes e opositores. O motivo? Um discurso bem ideológico de um "governo sem ideologia".
"Resgate da família e de valores morais cristãos", "livrar o povo do socialismo", "findar a ideologia de gênero" dominaram o seu discurso. "Deus" e "ideologia" foram citados várias vezes. Seu vice Hamilton Mourão e alguns ministros seguiram o mesmo tom, com direito a algumas pérolas que virariam memes na internet.
Damares Alves disse que agora é uma "nova era", em que "meninas serão princesas e meninos príncipes", estendendo sua alusão à tradição das cores distintivas: azul masculino e rosa feminino. O diplomata terraplanista Ernesto Araújo diversas vezes se disse preocupado com o "globalismo marxista" que "renega Deus".
Passada a posse, no intuito de "despetizar a máquina pública", Bolsonaro demitiu mais de 300 comissionados que proferiram "Lula livre", Marielle vive"e outras do tipo. O que preocupa, pois uma importante parcela de servidores efetivos é oposicionista, mas não necessariamente partidária. E pode entrar injustamente na mira.
Além de alguns ministérios, várias secretarias foram extintas e outras subestimadas a pastas de outros interesses: Funai na Agricultura, Trabalho na Justiça, Direitos Humanos na da Cidadania, e outros. Com direito à demissão de quem fosse do tempo petista ou se identificasse com o partido de alguma forma.
Nas atuais Diretrizes de Direitos Humanos, vários grupos minoritários foram contemplados com possíveis benefícios, com exceção dos LGBTIs, gerando polêmica.
E a tal "despetização" não parou por aí: mandou retirar as cadeiras vermelhas de todas as repartições da Praça dos Três Poderes e do Palácio da Alvorada. E a cadeira vermelha do gabinete da Presidência? Nesta, a cor simboliza a grandeza governante, e esperamos que o presidente tenha se lembrado disso em tempo.
O acordo com os EUA sobre invadir Venezuela e a transferência da embaixada do Brasil para Jerusalém são ideológicos: acompanham Donald Trump. Nossas forças militares são despreparadas e faltam insumos bélicos; e o Brasil se sucumbirá fácil ao terrorismo internacional. Fora a considerável perda na economia: a Arábia Saudita parará de comprar os 45% de nossa proteína animal exportável.
Mal iniciado o governo verificam-se, portanto, a prioridade de práticas sem fim definido senão o ideológico, no ataque a um PT simbolizado como "marxista" e "doutrinador". Enquanto isso, uma nação lotada de expectativa aguarda pela execução de medidas que possam resolver os graves problemas internos e econômicos. E essa solução deve ser vista como a ideologia mais adequada ao momento tão delicado por que atravessamos.
De inimigos no poder estamos morrendo de overdose.
ResponderExcluirGK