Entre o fim de abril e o incio de maio deste ano, o ministro Abraham Weintraub anunciou cortes nas universidades federais. A alegação divulgada pelas mídias foi a de "balbúrdia" dos universitários, ensinada por "doutrinadores do marxismo cultural".
Com a forte reação negativa do público, Weintraub disse: "é contingenciamento, não corte", o que, como se sabe, na prática é a mesma coisa. Emendou que o dinheiro será investido na educação básica, mas anunciou logo em seguida um corte de R$ 2,4 bilhões na área básica.
Em consequência, pesquisadores mostraram preocupação com o futuro da qualificação técnica, científica, tecnológica e intelectual no país, explicando as influências nefastas diretas para o próprio investimento e o mercado de trabalho qualificado no país.
Do ensino básico, educadores e outros servidores apontavam riscos salariais, nas condições de trabalho e na disponibilidade alimentar: para muitos alunos carentes, a merenda é a grande refeição do dia e grande incentivador nos estudos.
Em resposta, estudantes, professores e funcionários de universidades e escolas públicas e privadas anunciaram reação coletiva à medida. Numa rede solidária, trabalhadores e servidores públicos de vários ramos decidem cruzar os braços em 15 de maio: surge o #15M.
O #15M também teve o nome "TsunamidaEducação", em referência a Bolsonaro anunciar um "tsunami de novas medidas" para breve, antes de viajar para Dallas (EUA).
Para os organizadores, o #15M já se configura histórico. E não sem razão: não era esperado em um momento de forte influência beligerante da extrema-direita bolsonarista, com ameaça à democracia. Foi largamente reportado, com repercussão internacional em rede social.
Outro elemento indicador foi a pluralidade convergida no coletivismo solidário, que mostrou a amplitude do movimento, que se tornou o maior e mais bem organizado desde o início da era Bolsonaro, bem como a indignação popular com os cortes e o governo.
A amplitude do #15M, se mencionada em números, o torna o maior desde as Jornadas de 2013, por sua presença nacional em mais de 180 cidades com a participação de centenas de milhares de pessoas. Um tsunami em confronto com o bolsonarismo.
Os cartazes exibidos traduzindo "balbúrdia" como os ataques do governo à vida pública e à educação, ou como as pesquisas desenvolvidas principalmente nas universidades públicas, e a contribuição da filosofia em questões científicas e da sociologia sobre a vida social.
O #15M também deu visibilidade aos problemas enfrentados pela saúde pública e ao Dia Mundial de Combate à LGBTfobia, também lembrado no país inteiro.
Nesse sentido, ao #15M é possível auferir conclusivamente que assume status histórico em razão da sua grandeza solidária, plural e dominantemente libertária. Uma reação educativa de resistência a um governo que deseduca.
É isso aí. Tomara que essa seja a primeira de muitas demonstrações de reação popular contra a onda conservadora que atinge o País e várias partes do planeta. Abraço
ResponderExcluirExatamente, e que venham outros manifestos com significado e magnitude semelhantes.
ExcluirAbração, Sérgio!