Moro e Dallagnol:
efeitos do vazamento
Nessa fase inicial do governo
Bolsonaro, bomba uma notícia inesperada: a revelação de um diálogo
comprometedor entre o hoje ministro da justiça Sérgio Moro e o procurador da
República Deltan Dallagnol.
O detonador foi uma mídia
estrangeira, a The Intercept, cujo editor é o premiado jornalista
norte-americano Glenn Greenwald, sobre quem será escrito novo artigo.
Na geral, uma surpresa dupla, pela
notícia em si e pela fonte pouco conhecida da maioria. E a reação foi
heterogênea: alegra de uns, caras-feias de outros e temor de terceiros com os
rumos do governo. Inabaláveis mesmo, só os bolsonaristas mais fervorosos.
Greenwald já assegurou que
inicialmente foi liberado apenas 1% do conteúdo capturado, a ser liberado aos
poucos devido ao grande volume de informação. Todavia, gerou fortes e várias
emoções que podem dizer muito da situação sociopolítica.
A julgar pelo temperamento do
presidente, há uma contida raiva temerosa. Afinal, o pacote anticrime de Moro
completa o combustível de seu governo, junto à reforma da previdência e às
tuitadas contra o PT.
No congresso, diferentes emoções se
convergem para a determinação de apuração dos fatos, e a determinação dos
pesselistas de convocar Glenn para uma “acareação”. Sabendo disto, o jornalista
até fez um vídeo se dispondo a comparecer, na maior tranquilidade do mundo.
O ministro da Economia Paulo Guedes
acredita que a avalanche da The Interceptor possa prejudicar os votos
favoráveis à sua amada reforma previdenciária. A bancada da bala compartilha os
mesmos sentimentos do presidente.
Para não piorar a crise, governo e
grande mídia articulam divulgar a notícia como fruto de hacker ou de fake News.
O premiado jornalista e especialistas negam as duas coisas.
A OAB e um grupo de juristas
pressionam por Moro sair do ministério, dada a situação já insuportável para
ele. Agra, para a maioria dos populares, a Lava-Jato é uma farsa política para
tirar Lula de campo.
Na prisão, Lula viu no vazamento a
senha para desmascarar Moro e Dallagnol. Mas evitou comemorar: conhece os
bastidores da política, que podem reverter a favor do ministro. Todavia, a sua
defesa já se move para a anulação da pena junto ao STF.
E como se vê, muitos são os efeitos da notícia do vazamento. E o efeito pode até ser maior, especialmente sobre Moro: de herói nacional homenageado até como boneco inflado em Brasília, a um possível final de carreira de volta ao esquecimento em Maringá.
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