Manuela e a dupla Moro-Dallagnol: duas faces de uma moeda
Essa pérola aqui pode apenas mostrar uma cortina de fumaça q ocorre em meio à bomba da Portaria 666 do ministro Sergio Moro, mas merece uma vezinha aqui. Na próxima escreverei sobre.
Como a geral já sabe, Moro e Dallagnol caíram na malha da Vaza-Jato há um tempo. Para ganhar tempo (e grana) culpam hackers, já desmentidos pelo premiado Greenwald. Agora, um novo nome aparece: Manuela D'Ávila.
Enquanto os diálogos dos dois primeiros vazaram no The Intercept, a ex-candidata a vice de Haddad se dispôs a entregar seu celular com mensagens de um desconhecido no Telegram. Desconhecido que pode ser, ou não, um hacker.
As reações nas redes sociais foram imediatas, como é de praxe na internet. Numerosos foram os elogios, ressaltando-lhe o "ato de coragem e dignidade de uma mulher de verdade". Mas não foi unanimidade.
Do outro lado, enxurrada parecida foi a de reações negativas, em defesa de Moro e do governo Bolsonaro. Mas, parece que a proemiência não foi a mesma: efeitos do derrame do The Intercept?
Toda via, a disposição de Manuela não é gratuita. Formada em Direito, sabe que não é só investigação que conta. Afinal, com Moro no poder, nomes da esquerda ou ligados a Lula têm sido os alvos da ação seletiva da suprema justiça.
O que se destaca, de todo modo, é que a questão ética de entregar ou não o aparelho com mensagens suspeitas originou uma moeda bastante singular, de duas faces inteiramente opostas entre si, em posição e intenção.
De um lado, a face Manuela; de outro, a da dupla Moro-Dallagnol.
quarta-feira, 31 de julho de 2019
sábado, 20 de julho de 2019
O antigoverno
Desde os primeiros desdobramentos e destaques na grande mídia, a Lava-Jato serviu de gatilho para a radicalização e extrusão de um antipetismo antes calado.
Daí, frentes de direita e extrema-direita tomariam a crescente simpatia das classes médias a altas da população, principalmente no período e após o impeachment de Dilma Rousseff.
Sai o PT de cena, entra o outsider Bolsonaro, extrema-direita nos costumes e ultraliberal na economia. E nessa estrada ele vai mostrando a que veio.
Um líder preocupado com questões como horário de verão, tomada de três pinos, servir aos EUA, falar mal do PT, nomear ministro terrivelmente evangélico no STF, cortar direitos e verbas essenciais, enquanto os serviços públicos essenciais suplicam socorro.
Um cara q promete criar um Brasil mais soberano, mas que logo pretende entregar de bandeja e quase de graça as nossas mais valiosas estatais e recursos naturais aos trilhardários estrangeiros, pra nós sobrando apenas migalhas.
Se antes dissera votar contra a proposta de previdência de Temer, no poder monta outra ainda mais perversa, mais ou menos suavizada no relatório aprovado de Samuel Moreira.
Um ministério da educação que deseduca, um ministro da saúde que nega à população mais pobre o acesso aos serviços de saúde e ao SUS, em genocídio de doenças mil.
Um ministério das Relações Exteriores que inova na antidiplomacia, que vira a piada e vergonha globais.
Um juiz promovido a ministro não só por ter condenado Lula pela Lava-Jato, mas por ter conduzido esta operação com metodologia totalmente criminosa junto ao cúmplice Dallagnol, e continua no posto apesar da vergonha escancarada pelo derrame da Vaza-Jato.
Uma justiça cada vez mais polarizada, em que se imiscuem a proposta de um Estado ultrapolicialesco e extrema injustiça social, e um STF cada vez mais submisso às vontades presidenciais e aos jogos do ainda ministro Moro.
Um governo que prega a moral cristã como ideologia, em que a família tem ligações um tanto quanto suspeitas demais com grupos milicianos.
Uma ministra de Direitos Humanos que prega uma política antifeminista das mulheres, num viés messiânico religioso, com princípios contrários aos da Declaração Universal de Direitos Humanos.
Um presidente que deprecia o trabalho dos renomados embaixadores dos governos de 2000 a 2016, mas quer indicar Eduardo por ser simplesmente seu filho, desprovido dos mínimos requisitos exigíveis, mostra de um pueril fisiologismo ideológico.
Quando a líder da Alemanha, Angela Merckel, disse ser dramática a situação do Brasil, não foi sem razão. Afinal, o país não está sendo governado por um líder anti-sistema, mas sim antigoverno.
Desde os primeiros desdobramentos e destaques na grande mídia, a Lava-Jato serviu de gatilho para a radicalização e extrusão de um antipetismo antes calado.
Daí, frentes de direita e extrema-direita tomariam a crescente simpatia das classes médias a altas da população, principalmente no período e após o impeachment de Dilma Rousseff.
Sai o PT de cena, entra o outsider Bolsonaro, extrema-direita nos costumes e ultraliberal na economia. E nessa estrada ele vai mostrando a que veio.
Um líder preocupado com questões como horário de verão, tomada de três pinos, servir aos EUA, falar mal do PT, nomear ministro terrivelmente evangélico no STF, cortar direitos e verbas essenciais, enquanto os serviços públicos essenciais suplicam socorro.
Um cara q promete criar um Brasil mais soberano, mas que logo pretende entregar de bandeja e quase de graça as nossas mais valiosas estatais e recursos naturais aos trilhardários estrangeiros, pra nós sobrando apenas migalhas.
Se antes dissera votar contra a proposta de previdência de Temer, no poder monta outra ainda mais perversa, mais ou menos suavizada no relatório aprovado de Samuel Moreira.
Um ministério da educação que deseduca, um ministro da saúde que nega à população mais pobre o acesso aos serviços de saúde e ao SUS, em genocídio de doenças mil.
Um ministério das Relações Exteriores que inova na antidiplomacia, que vira a piada e vergonha globais.
Um juiz promovido a ministro não só por ter condenado Lula pela Lava-Jato, mas por ter conduzido esta operação com metodologia totalmente criminosa junto ao cúmplice Dallagnol, e continua no posto apesar da vergonha escancarada pelo derrame da Vaza-Jato.
Uma justiça cada vez mais polarizada, em que se imiscuem a proposta de um Estado ultrapolicialesco e extrema injustiça social, e um STF cada vez mais submisso às vontades presidenciais e aos jogos do ainda ministro Moro.
Um governo que prega a moral cristã como ideologia, em que a família tem ligações um tanto quanto suspeitas demais com grupos milicianos.
Uma ministra de Direitos Humanos que prega uma política antifeminista das mulheres, num viés messiânico religioso, com princípios contrários aos da Declaração Universal de Direitos Humanos.
Um presidente que deprecia o trabalho dos renomados embaixadores dos governos de 2000 a 2016, mas quer indicar Eduardo por ser simplesmente seu filho, desprovido dos mínimos requisitos exigíveis, mostra de um pueril fisiologismo ideológico.
Quando a líder da Alemanha, Angela Merckel, disse ser dramática a situação do Brasil, não foi sem razão. Afinal, o país não está sendo governado por um líder anti-sistema, mas sim antigoverno.
terça-feira, 9 de julho de 2019
Sabatinas de Glenn e Moro na Câmara: a chave de ouro foi para...
Conforme já descrito no artigo anterior, o derrame de notícias dos diálogos entre o ministro Sergio Moro e o procurador Deltan Dallagnol pelo The Intercept Brasil revelou-se um grande escândalo no governo Bolsonaro.
Tão violento quanto a postergação de prioridades nacionais, cortes significativos, perda de previdência e de outros direitos sociais, repressão e ameaças, gerando repulsa internacional e impactos econômicos preocupantes, com recessão interna crescente.
Diante dos efeitos sentidos no Brasil e da repercussão internacional do derrame, foi então realizada neste último dia 25 de junho uma audiência da Comissão de Direitos Humanos e Minorias da Câmara, com o jornalista Glenn Greenwald, do The Intercept Brasil.
Uma sabatina cheia e longa, de mais de sete horas, que pegou fogo em vários momentos, diante do silêncio do jornalista, que aguardava o interrogatório.
Em paralelo ao tom respeitoso dos oposicionistas, os governistas jogavam bombas verbais, muitas com base em fake news, sobre o jornalista, que lhes respondia com tranquilidade. Houve um tumulto com contra-argumentos, mas sem efeito.
Duas governistas tentaram argumentaram com acusações de crimes financeiros e de ação jornalística irregular. As respostas contundentes as calaram. Carla Zambelli (PSL/SP) saiu da tribuna, enquanto a colega ao lado se perdia em reclames.
Após novo tumulto, Glenn findou a audiência com uma declaração final em defesa da do jornalismo democrático independente de convicção política, sob aplausos.
A sabatina em Moro ocorreu no início de julho, após a manifestação de 30/6 em sua defesa. Apesar da duração inferior a quatro horas, foi explosiva.
O que se viu foi o contrário: os governistas rasgavam elogios enquanto os oposicionistas não poupavam perguntas que impacientaram os governistas, com alguns tumultos. As respostas evasivas e insistentes em crime jornalístico irritaram parte da oposição.
Após elogio quase orgástico de um bolsonarista, a explosão final: Glauber Braga (PSOL-RJ) rasgou ao chamar Moro de "juiz ladrão". O tumulto explodiu entre os governistas, levando à total perda de controle da presidência da sabatina.
No tumulto, ninguém pareceu ver Moro. Aliás, ele simplesmente desapareceu no momento me que parte da turba e imprensa se direcionaram à mesa da presidência. Quando deram pelo sumiço do ministro, a presidente encerrou a sessão. Sem aplausos, nem vaias.
Tão violento quanto a postergação de prioridades nacionais, cortes significativos, perda de previdência e de outros direitos sociais, repressão e ameaças, gerando repulsa internacional e impactos econômicos preocupantes, com recessão interna crescente.
Diante dos efeitos sentidos no Brasil e da repercussão internacional do derrame, foi então realizada neste último dia 25 de junho uma audiência da Comissão de Direitos Humanos e Minorias da Câmara, com o jornalista Glenn Greenwald, do The Intercept Brasil.
Uma sabatina cheia e longa, de mais de sete horas, que pegou fogo em vários momentos, diante do silêncio do jornalista, que aguardava o interrogatório.
Em paralelo ao tom respeitoso dos oposicionistas, os governistas jogavam bombas verbais, muitas com base em fake news, sobre o jornalista, que lhes respondia com tranquilidade. Houve um tumulto com contra-argumentos, mas sem efeito.
Duas governistas tentaram argumentaram com acusações de crimes financeiros e de ação jornalística irregular. As respostas contundentes as calaram. Carla Zambelli (PSL/SP) saiu da tribuna, enquanto a colega ao lado se perdia em reclames.
Após novo tumulto, Glenn findou a audiência com uma declaração final em defesa da do jornalismo democrático independente de convicção política, sob aplausos.
A sabatina em Moro ocorreu no início de julho, após a manifestação de 30/6 em sua defesa. Apesar da duração inferior a quatro horas, foi explosiva.
O que se viu foi o contrário: os governistas rasgavam elogios enquanto os oposicionistas não poupavam perguntas que impacientaram os governistas, com alguns tumultos. As respostas evasivas e insistentes em crime jornalístico irritaram parte da oposição.
Após elogio quase orgástico de um bolsonarista, a explosão final: Glauber Braga (PSOL-RJ) rasgou ao chamar Moro de "juiz ladrão". O tumulto explodiu entre os governistas, levando à total perda de controle da presidência da sabatina.
No tumulto, ninguém pareceu ver Moro. Aliás, ele simplesmente desapareceu no momento me que parte da turba e imprensa se direcionaram à mesa da presidência. Quando deram pelo sumiço do ministro, a presidente encerrou a sessão. Sem aplausos, nem vaias.
Comparando os contextos, é perfeitamente possível perceber quem saiu levando a chave de ouro...
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