sábado, 3 de agosto de 2019

Bolsonaro e os impropérios: os limites do presidente

      Nesses últimos 11 dias, enquanto o legislativo federal tem se movimentado para votações de medidas governamentais pendentes, várias delas bem controversas, o presidente Bolsonaro chamou os holofotes da mídia para si.
      Tudo por conta do destempero expressado pela metralhadora de impropérios jocosos e insultos dirigidos a diferentes alvos, de preferência os de força política nesse momento mais fraca, não importa a profissão e se está vivo ou não.
      Jornalistas, servidores públicos de baixo escalão, movimentos sociais, étnicos e religiosos adversários, LGBTQs, povos originários (índios, quilombolas, outros), religiosos não cristãos, pobres, mulheres. Ah!, com essas, um fetiche!
      Com exceção das mulheres, cada grupo é de fato minoria estatística. Mas, reunidos nesse imenso mosaico, representam a quase totalidade da população brasileira.
      Talvez por conta dessa massa reunida, as reações nas redes sociais à metralhadora giratória foram dominantemente negativas. Até entre alguns bolsonaristas. Mas, até o momento, poucos representantes responderam aos ataques: a OAB, a Comissão da Verdade, a ABI.
      A OAB, através de seu presidente Fernando Santa Cruz, respondeu aos ataques contra o seu pai, morto pelos militares na ditadura nos anos 1970. Sua avó faleceu recentemente, aos 105 anos, sem saber do paradeiro de seu filho, Felipe Santa Cruz.
      Fernando Santa Cruz teve a solidariedade de um grupo de dezenas de ex-presidentes da entidade e outros juristas. Um dos nomes da deposição de Dilma Rousseff, Miguel Reale Jr. defende a interdição de Bolsonaro.
      Em defesa à liberdade de imprensa, à classe jornalística e a Glenn Greenwald, ameaçado pelo presidente, a ABI teve a sua sede ocupada por uma manifestação de milhares de pessoas que manifestavam apoio, estendendo-se à liberdade de Lula.
      A nota pública da OAB destaca que todos, também o presidente da República, se submetem à Carta Magna, como princípio de universalidade da lei. Portanto, um líder máximo como o presidente deve se dirigir com decoro a todos, independente de suas posições pessoais.
      A carta explica claramente que o indecoro político contra quem não concorda com as suas posições e visões afronta a lei. E o indecoro de Bolsonaro é repleto de mentiras.
      Além disso, as declarações têm impacto importante, em campos diplomático e econômico. No primeiro desagrada e distancia, e a distância continuada pelos reiterados impropérios leva a boicotes na ordem macroeconômica.
      Mas, quase certamente, Bolsonaro não leu a Constituição.
   
   

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