terça-feira, 20 de agosto de 2019

Witzel e o desfecho do sequestro na Rio-Niterói: acerto ou erro?

      Um evento adverso ocorreu na ponte Rio-Niterói bem cedo nesta manhã, parando a rotina desse início de dia. Um homem entra num ônibus e rende passageiros com uma pistola de plástico e uma faca. Isso foi tudo que eu soube.
      A PM e sua elite, o Bope, foram acionadas. Área cercada e negociações iniciadas com o homem. Ao final, seis disparos certeiros. Entre muitos dos curiosos, uma efusiva comemoração, alguns gritando "É Bolsonaro!".
      O fato foi largamente noticiado pela mídia. Na Globo, passou no Bom Dia Brasil e no Bom Dia Rio, e em portais noticiosos online.
      Um dado importante é a comemoração. Entre os populares, o fim de um pesadelo momentâneo, do qual todos os passageiros escaparam ilesos. Mas, e o governador Wilson Witzel, que mais pareceu um torcedor fanático de futebol?
      Mesmo que a circunstância do desfecho tenha sido legalmente prevista, aquela comemoração estupenda chama a atenção para reflexão.
      A reflexão está em saber se o comemorado foi o desfecho bem-sucedido ou se foi a morte do homem que atemorizou os passageiros.
      Cumprindo sua promessa de campanha de "atirar na cabecinha", o governo Witzel completou 7 meses com mais de 440 mortes por ação de snipers da PM, todas por ele comemoradas.
      Duvida-se que todos fossem criminosos com fuzil: estes se espalham entre o povo, apenas uns poucos em pontos fixos em toda a comunidade. Do alto de uma aeronave pouco se distingue a arma de outro objeto, ou de uma criança de colo.
      Mesmo conforme previsão legal, uma operação policial positiva é bem-sucedida, sendo só feliz se não incorrer em morte. O que já injustifica tamanha felicidade desse governador.
      O que por si já mostra o caráter de Witzel, cuja necropolítica é o cerne central, no lugar de agregar melhoras, mesmo tímidas, em políticas públicas essenciais. Resumo: sua dopamina, ou adrenalina, é exterminar pobres das comunidades.
      E podemos nos preparar para o pior: a operação bem-feita alavancou a imagem do governador, que certamente despontará para reeleição, ou se candidatar a presidente da República.
      
     

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