Em agosto último, o ecocídio amazônico incentivado por Bolsonaro repercutiu no mundo, gerando preocupação, ameaças de sanções econômicas e piora da imagem do Brasil no exterior. Nas redes sociais, cenas de destruição e morte em foto e vídeos. Protestos pipocaram pelo país todo e até lá fora.
Inpe e entidades estrangeiras mostram dados aterradores. No Globo de 2/9/2019, a revelação: devastação recorde em 9 anos.
Mas, a destruição não é um problema novo, e não se restringe à Amazônia. Mata Atlântica, Caatinga e Cerrado foram alterados em sua maior parte há muitas décadas.
A política ambiental brasileira é complicada, apesar da presença do Brasil em vários acordos internacionais. O problema? Pressão de gente "de cima".
Na era Lula, a ex-ministra do Meio Ambiente Marina Silva travou várias licenças ambientais de empreiteiras na Amazônia. Apesar de menor, a devastação não foi eliminada.
Políticos empresários impõem atenuantes legais que incentivam a impunidade de crimes socioambientais: utilização de trabalho escravo para explorar ilegalmente os recursos e matança de líderes de povos originários e tradicionais. Os governantes de ontem e hoje são culpados em fechar os olhos para a barbárie.
O que diferencia Bolsonaro dos demais é o incentivo explícito, como foi claro no Dia do Fogo, cometido por fazendeiros e milícias da região. Ele só recuou com as ameaças internacionais mais incisivas e convocou o Exército para conter o estrago.
O saldo da destruição ainda não totalmente minada preocupa cientistas, que já temem uma situação irreversível para a recuperação florestal natural e o clima.
Grandes florestas tropicais úmidas respondem pelo ciclo de litros incontáveis de água e distribuição de chuvas em nível continental, via "rios voadores", massas de umidade movimentadas para o centro-sul brasileiro e fronteiras hispânicas.
A alta umidade dessas florestas responde também por sua manutenção. Diferente do que ocorre em florestas em climas mediterrâneos, nas quais incêndios cíclicos naturais contribuem para a sua renovação.
Também são as maiores massas vegetais fotossintetizantes em terra firme, só superadas pelas algas (fitoplâncton e cianobactérias).
Dados científicos indicam que a devastação continuada da Amazônia cessará o fenômeno dos "rios voadores", levando à drástica alteração de outros biomas e à escassez severa de água a grandes urbes e campos do centro-sul.
Os demais biomas serão diretamente ou indiretamente alterados e as dificuldades sociais serão ainda mais profundas devido à carestia extrema e à má disponibilidade de alimentos e água potável. Fora a perda irreversível de biodiversidade.
O plano social poderá ser dramaticamente afetado. Nosso construto cultural tem forte ligação com os recursos da fauna e flora nativas, como a medicina caseira e as tradições de fés xamânicas indígenas, africanas e espiritualistas.
O plano social poderá ser dramaticamente afetado. Nosso construto cultural tem forte ligação com os recursos da fauna e flora nativas, como a medicina caseira e as tradições de fés xamânicas indígenas, africanas e espiritualistas.
Embora pareça filme de ficção, tais consequências de um ecocídio não restrito à Amazônia, mas principalmente amazônico preocupam as autoridades no mundo por sua base científica. Daí ser compreensível a ameaça de sanção internacional ao Brasil.
O que poderia, nesse futuro ainda hipotético, ser catastrófico em proporções gigantescas, nem pensadas ainda em hipótese.
E ao ecocídio devemos responder com o ecossocialismo, respeitador dos limites e bens naturais, incluindo os povos do mundo e sua imensa diversidade cultural.
ResponderExcluirAbraço!