sábado, 21 de setembro de 2019

Religião e política no Brasil: uma ligação nada laica

     Após quase 4 séculos, a primeira Cata Magna republicana brasileira instaura o Estado laico, que tira da fé católica o status oficial e separa a religião do Estado.
     O catolicismo reinou quase absoluto por quase 400 anos. Mas a laicidade não só separou religião e estado, como deu novo colorido no mosaico religioso e o crescer do protestantismo.
     O protestantismo já era diverso ao aportar no Brasil colônia. Mas se diversificaria mais, graças aos pentecostais da Assembleia de Deus, que arrebanham muita gente.
     Algumas dissidências da AD criaram o neopentecostalismo, que prega a teologia da prosperidade, pela qual a fé leva à ascensão social. Hoje, quase 40% dos brasileiros se declaram evangélicos.
     Uma estatística que há anos assusta o Vaticano, que fez o Brasil ser a maior nação católica do mundo, e hoje se vê ameaçado de se tornar minoria. E já sabe do motivo.
     Diferente do Vaticano, o protestantismo permite a seus líderes serem políticos. E o reflexo disso está nas bancadas evangélicas dos legislativos regionais e federal.
     Além do número de parlamentares e do seu ruído feito em determinar os rumos conservadores de política e nação, essas bancadas se valem do poder econômico de muitos líderes religiosos.
     Esse poder lhes aufere influenciar os fiéis, através de votos a candidatos em época eleitoral e dízimos às igrejas, supermercados da fé como reflexos da teologia já citada.
     A migração de fiéis evangélicos entre igrejas é paralela ao mercado oligárquico, mas diverso em produzir produtos e serviços: se esta fé não está eficaz, vai em outra, por si ou por indicação.
     Tudo isso nos leva a questionar aonde está a laicidade. De fato, a influência dessas bancadas é enorme. Mas é bom lembrar, a laicidade permite tal proximidade, é fruto da democracia. 
     Contudo, são lamentáveis violações como cultos em repartições públicas, patrocínio público de eventos religiosos e remuneração pública de pastores que arrebanharem mais fiéis.
     Além de afrontarem a laicidade, tais violações em nenhuma hipótese se justificam como reflexos da democracia, mas sim do fechar de olhos de quem devia fazer aplicar a lei. E do povo, encurralado pela temerosa submissão ao poder teocrático em curso.
     

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