A violência urbana diária é notícia constante na nossa imprensa. Parece uma volta aos tempos de chumbo da ditadura militar, quando a censura imperava.
Esse fenômeno se deve ao aumento continuado da violência envolvendo mortes. O mesmo fato ganha diferentes notas, conforme a tendência da fonte noticiosa.
Embora os estados do Nordeste liderem hoje as estatísticas, o caso do Rio de Janeiro é surreal: a PM está envolvida em quase todas as mortes em comunidades cariocas neste ano.
A morte de Ágatha, de 8 anos, causou comoção nacional repercutida no exterior e revela um fenômeno que transcende as 124 mortes oficiais envolvendo PMs no primeiro semestre deste ano, segundo o G1 Globo de 16 de outubro.
Um detalhe macabro: os 124 casos excluem as muitas notificações silenciadas e esquecidas em túmulos identificados com cruzes numeradas nos bastidores do tráfico, da milícia e da PM do governo Witzel.
Tais cruzes cobrem áreas inteiras de cemitérios grandes espalhados nas periferias da cidade, muitos deles a substituir terrenos baldios, muitos dos quais antigos locais de desova.
E outro detalhe: a PM que mata pobres periféricos não surgiu com Witzel, ela é identificada desde pelo menos os anos 1970, quando dos primeiros especiais sobre o tema.
Ágatha e outros tantos cidadãos de todas as idades se tornaram números nos fundos das gavetas do banal esquecimento coletivo, que barbariza tanto quanto as rajadas de balas a cortar a breve paz do momento.
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