Estado religioso: avanços, cerco e vigilância
Nessa semana surgiram nas redes sociais o temor de militantes ateus e agnósticos da ambição do governo de aumentar o domínio das instituições religiosas, em especial igrejas evangélicas de grande porte.
O que poderia ser dado inicialmente como paranoia de um grupo mal considerado socialmente se mostrou real nessa semana.
Representado pelo Itamaraty, o Brasil participa de nova reunião internacional em Budapeste, Hungria. O evento foi organizado pelo presidente húngaro Orbán.
O que poderia ser dado inicialmente como paranoia de um grupo mal considerado socialmente se mostrou real nessa semana.
Representado pelo Itamaraty, o Brasil participa de nova reunião internacional em Budapeste, Hungria. O evento foi organizado pelo presidente húngaro Orbán.
Nesse meio tempo, entre outros assuntos, o diplomata anunciou que o governo brasileiro está promovendo a religião a cerne da política de Estado.
Isso mesmo. Religião se torna o Sol no sistema Estado.
Pelo plano, os líderes religiosos terão poder de intervir no andamento da agenda de direitos humanos, como os ligados à mulher e às minorias sexuais.
Mas esses são muito óbvios. Há outros nas entrelinhas, como o de mirar os não cristãos convictos. Por isso caiu como um boneco Judas a ser malhado na rede.
Mas esses são muito óbvios. Há outros nas entrelinhas, como o de mirar os não cristãos convictos. Por isso caiu como um boneco Judas a ser malhado na rede.
Digladiaram-se os elogios ufanistas de fiéis e críticas de não fiéis e não cristãos.
Entre os sem religião, os maiores críticos vem sendo os agnósticos e os militantes ateus, que há muito apontam ameaças constantes ao Estado laico.
Entre os atentados, as tentativas de obrigar as escolas a pregar a leitura da bíblia, a pregação do descrédito à ciência, a ainda operante conversão forçada de grupos mais frágeis, como os indígenas, além dos ataques a templos de fé afro.
Entre os atentados, as tentativas de obrigar as escolas a pregar a leitura da bíblia, a pregação do descrédito à ciência, a ainda operante conversão forçada de grupos mais frágeis, como os indígenas, além dos ataques a templos de fé afro.
Um motivo forte, para a Associação de Ateus e Agnósticos (ATEA), de entrar com ação judicial no MPU contra a União. Mas pode ser uma luta muito provável de ser inglória. E por dois grandes motivos.
O primeiro: as igrejas evangélicas têm lobby socioeconômico e político, um caráter histórico, herdado dos caminhos da Igreja Católica desde a colonização.
O primeiro: as igrejas evangélicas têm lobby socioeconômico e político, um caráter histórico, herdado dos caminhos da Igreja Católica desde a colonização.
O segundo, quase surreal: há igrejas evangélicas com tecnologias que permitem seguir e vigiar os fiéis. Um dado tão perigoso quanto surreal, por objetivar também a conversão de não cristãos.
É possível que a ATEA* tenha esse conhecimento, dado o competente corpo jurídico que processou personalidades famosas que caluniaram ateus em público, entre elas Luiz Datena, do Brasil Urgente (Band).
A atuação da ATEA em defesa do Estado laico influi direta ou indiretamente pelos direitos humanos. Afinal, as teocracias do Oriente Médio deixam seu recado.
A atuação da ATEA em defesa do Estado laico influi direta ou indiretamente pelos direitos humanos. Afinal, as teocracias do Oriente Médio deixam seu recado.
Mas dessa vez será um esforço muito árduo. Afinal, além desse arsenal, as igrejas contam com o apoio incondicional desse governo e do crescente número da parcela mais raivosa de séquitos.
E quem agradece pelo avanço assustador são as empresas de tecnologias e, claro, as igrejas evangélicas que as adotam.
*Associação Brasileira de Ateus e Agnósticos, uma instituição de fins não lucrativos presidida por Daniel Sotto Mayor, que tem atuado em defesa do Estado laico.
*Associação Brasileira de Ateus e Agnósticos, uma instituição de fins não lucrativos presidida por Daniel Sotto Mayor, que tem atuado em defesa do Estado laico.
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