segunda-feira, 2 de dezembro de 2019

O que o meio ambiente e as periferias urbanas têm em comum

     Desde o início deste ano temos sido bombardeados por notícias relativas a mortes de líderes indígenas e/ou seus ativistas.
     Simultaneamente, notícias de operações policiais repletas de violência gratuita e tiroteios em comunidades pobres dos grandes centros.
     Ontem, a líder munduruku teve sua casa invadida por gente de garimpo ilegal na Terra Indígena Munduruku (Pará). Vários documentos foram roubados. Um quilombo no Nordeste foi invadido pela PM e algumas casas demolidas. Sem mandado.
     Anteriormente, líderes wajãpi, caiapó, xavante e guarani-kaiowá foram  assassinados. O líder quilombola, embora sobrevivente, perdeu tudo.
     No mesmo dia, a PM paulista adentra a grande comunidade de Paraisópolis, na capital, invade festa funk com 5000 pessoas, invade casas, cerca uma multidão nos becos e mata 9 pessoas. Por pisoteio.
     Esporadicamente são noticiados incêndios nessas comunidades, especialmente em São Paulo. Paraisópolis é só um dos exemplos. Detalhe: todos os casos ocorreram tarde da noite ou na madrugada. E certamente haverá outros.
     Embora tanto as evidências de tais ocorrências sejam criminosas, nas áreas urbanas, onde se concentram as elites econômica e política, as operações policiais são tratadas como GLO e os incêndios, meros desastres.
     O que torna os incêndios suspeitos nas comunidades é os mesmos nunca representarem perigo aos condomínios dos bairros luxuosos fronteiriços, mesmo que o fogo consuma o último barraco da fronteira.
     Na floresta e na cidade, as ações se revelam criminosas, sendo o crime em comum o genocídio, que não é novo, mas estão em seu ápice agora. No Rio, as ações policiais acumulam mais de 1500 mortes de pobres periféricos.
     O genocídio que criminaliza a pobreza e os povos tradicionais não tem nada de novo. É a velha prática do higienismo social, tendo como pano de fundo a ambição política das elites em torno do capital. 


     

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