quarta-feira, 27 de novembro de 2019

Necropolítica, foraminíferos e bilhões perdidos

     O Jornal Hoje (Globo) de 25/11/2019 mostrou matéria sobre os primeiros resultados de estudos do impacto das manchas de óleo sobre a fauna nas zonas costeiras brasileiras. 
     Pesquisadores da UFBA e UFES verificaram o embranquecimento acelerado dos corais e a diminuição da biodiversidade de invertebrados, que alimentam animais maiores.
     Nesse sentido foram obtidas médias de perda de 45 a 55% da biodiversidade, principalmente de invertebrados, sendo essa variação a depender da localização de cada amostra estudada. 
     É sabido que as manchas fixas de óleo interrompem a absorção de oxigênio atmosférico pela água e a fotossíntese, aos que os invertebrados são sensíveis.
     Os pesquisadores foram buscar a um fator imediato para a brusca redução dos invertebrados maiores. Então foram rastrear os foraminíferos.
     Foraminíferos são protozoários de vida livre, de água salgada de lagunas, estuários e oceanos do globo todo. Fabricam belas conchas calcárias ou aglutinadas com microgrãos. Das 46 mil espécies catalogadas, perto de 3000 são viventes.
     A maioria das espécies vive no fundo, outras são planctônicas. A maioria é diminuta, mas há alguns de conchas do tamanho de moedas. Seus ciclos de vida são curtos e a reprodução alternada de assexuada e sexuada é alta.
     O seu valor é proporcionalmente inverso ao tamanho diminuto da maioria, devido às várias aplicações de pesquisa na biologia, na climatologia, na geologia, na questão ambiental e, ironicamente, em desenvolvimento de bacias sedimentares no ramo de petróleo e gás.
     Como microorganismos, são ativos protagonistas na promoção da homeostase ambiental, como verdadeiros garis do mar, resultando em equilíbrios populacionais nas comunidades micro e macrobiótica.
     Daí serem grandes sinalizadores ambientais: suas populações podem aumentar ou reduzir drasticamente: algumas amostras evidenciaram reduções de até 60%, em período pleno de reprodução de muitas espécies animais.
     Tal resultado refletiu na grande mortandade de seres cujas dietas incluem os foraminíferos. Em consequência, animais maiores também sentiram fome. Dados da mortalidade de outros em decorrência direta são inconclusos, mas...
     Como a coisa ocorre em cascata, quem vai mais sentir a coisa em prazo não muito longo são os pescadores de frutos do mar. E assim sucessivamente, até diminuir o turismo, principal base econômica do litoral nordestino.
     Por ser atrativo o ano inteiro, o paradisíaco litoral nordestino consegue render cifra de bilhões de reais aos cofres públicos e lucro às agências do ramo. Mas até nisso a política ambiental de Bolsonaro conseguiu fazer fugir os dólares.
     Os foraminíferos sinalizaram.
     


     

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