Igrejas em presídios: uma relação de troca (2)
Nascido em 1956 de uma família da Assembleia de Deus da zona norte do Rio de Janeiro, Marcos Pereira decidiu atuar como pastor, fundando em seguida a Assembleia de Deus dos Últimos Dias.
Tão dogmática quanto o ministério original, esta denominação se distingue pelo vestido longo de uso contínuo de cor a gosto das fiéis, e trajes sociais masculinos.
Essa regra segue os assembleianos mais tradicionais, de vestidos comportados ou saiões e calça-camisa social, respectivamente. Tradição não mais seguida atualmente.
Devido à violência na penitenciária de Benfica, com a morte de 43 pessoas pelo Comando Vermelho, Marcos foi chamado pelo então governador Garotinho para acalmar os amotinados. A proximidade caiu forte na mídia.
As imagens mostravam cultos em celas e nos banhos de sol no pátio. Traficantes eram maioria na plateia. O resultado positivo gerou boa opinião pública, que elevou a imagem de Marcos e defendeu a atuação das igrejas evangélicas em presídios.
E, certamente, a façanha contribuiu, mesmo indiretamente, para mudar o mapa demográfico-religioso brasileiro, a partir do Rio de Janeiro.
E, certamente, a façanha contribuiu, mesmo indiretamente, para mudar o mapa demográfico-religioso brasileiro, a partir do Rio de Janeiro.
Todavia, nem tudo é só sucesso. Em 2013, Marcos foi preso preventivamente por acusação de estupro, graças a escutas de ligações telefônicas com fiéis com detalhes sexuais chulos.
Tendo em defesa amigos pastores e, em especial seu amigo, o ex-pagodeiro e político Waguinho, ele foi solto, a responder a processo em liberdade.
Waguinho acusou o líder do movimento Afrorregae, conhecido por relevantes ações sociais em comunidades da zona norte carioca e na Baixada, pelos boatos de crimes sexuais de Marcos.
Mas, passado algum tempo, o pastor foi novamente preso. Desta vez por outra acusação, a de lavagem de uma boa quantia de dinheiro, e de aquisição de automóveis não declarados.
Bom, que alguns pastores têm um vidão ninguém duvida: os mais conhecidos já apareceram na Forbes entre os mais ricos brasileiros, sem precisar discutir como, pois é fato notório.
Pior do que os crimes acima foram as consequências: o aumento da violência nos presídios, subúrbios e comunidades, gangues que atacam terreiros afro e expulsam traficantes nas periferias dominadas, fanáticos que quebram imagens católicas, alianças entre igrejas, tráfico e milícias e políticos "em nome de Deus".
Tudo isso com incentivo, em parte, do governo atual e sua política de ódio.
Pior do que os crimes acima foram as consequências: o aumento da violência nos presídios, subúrbios e comunidades, gangues que atacam terreiros afro e expulsam traficantes nas periferias dominadas, fanáticos que quebram imagens católicas, alianças entre igrejas, tráfico e milícias e políticos "em nome de Deus".
Tudo isso com incentivo, em parte, do governo atual e sua política de ódio.
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