Brasil: Jair Bolsonaro eleito presidente, após intensa campanha centrada em segurança do "cidadão de bem" via porte de arma.
Rio de Janeiro: Wilson Witzel eleito governador após campanha de apoio a Bolsonaro e pregar "tiro na cabecinha" a quem tiver fuzil em mãos.
São Paulo: João Doria é eleito governador após campanha muito parecida com a de Witzel, mas sem a famosa frase "tiro na cabecinha", que virou pérola do colega fluminense.
O primeiro propôs a aquisição de arma pelo cidadão com laudo de boa aptidão psicológica ou psiquiátrica. O que já era previsto no Estatuto do Desarmamento.
Na real: aquisição de arma por mérito legal saiu caro - mais de 4000 reais, em média. Bem abaixo do boom esperado pela trilhardária estadunidense Taurus.
O segundo foi mais direto e pragmático: helicópteros sobrevoando nas favelas com snipers a tiracolo acertando em especial não brancos e pobres, alguns deles crianças.
Spoiler: notícia de mais uma criança morta, não branca e pobre, por bala perdida, em zona periférica do denso e quente Rio de Janeiro. Resta-nos saber quem "perdeu" essa bala.
Spoiler: notícia de mais uma criança morta, não branca e pobre, por bala perdida, em zona periférica do denso e quente Rio de Janeiro. Resta-nos saber quem "perdeu" essa bala.
O terceiro fez quase idêntico, mas sem falar os famosos snipers, também do citado colega. Paraisópolis e Higienópolis que o digam.
Como se vê, há algo muito em comum entre eles: o inimigo interno que é o povo em toda a sua diversidade étnica, cultural, religiosa e até linguística.
Com as declarações de Bolsonaro antes das eleições, o poder das milícias se expandiu para a zona norte, parte da Sul e Baixada, e agora dominam praticamente todo o Estado.
Mas há milícias em outras regiões brasileiras, infiltradas em outros grupos como garimpos, madeireiros e até PMs. No campo, como pistoleiros de latifundiários ou grileiros.
Como se vê, há algo muito em comum entre eles: o inimigo interno que é o povo em toda a sua diversidade étnica, cultural, religiosa e até linguística.
Com as declarações de Bolsonaro antes das eleições, o poder das milícias se expandiu para a zona norte, parte da Sul e Baixada, e agora dominam praticamente todo o Estado.
Mas há milícias em outras regiões brasileiras, infiltradas em outros grupos como garimpos, madeireiros e até PMs. No campo, como pistoleiros de latifundiários ou grileiros.
Nascido em SP, o PCC se revela igualmente mais forte, com núcleos pipocando em todas as cadeias por aí, mesmo com nomes regionais.
Mídias impressas e online noticiam diariamente cidadãos de bem perdendo a razão por um real faltante, pelo vizinho ouvir som alto ou ser LGBT; pela recusa da ex-mulher em reatar o relacionamento ou por causa de um bolo não muito bom na festa.
Dos crimes de ódio, ganharam destaque em 2019 os contra a mulher. Feminicídio e estupro foram cometidos sobretudo por ex-pares inconformados e pais e religiosos, a maioria impunes: Bolsonaro e seus asseclas deram de ombros.
Outros alvos do ódio são os indígenas, que para Bolsonaro "impedem o progresso". Ele tem projeto de entregar as reservas para exploração mineral e biológica. Para tanto, matar os líderes é "um caminho mais rápido".
Embora os crimes ambientais sempre existissem, nunca houve antes tamanha destruição e impunidade como em 2019. O IBAMA e o ICMBio foram impedidos pelo próprio governo, enquanto índios eram assassinados e brigadistas, presos.
Os mesmos órgãos que, agora, Bolsonaro 3 quer que interfiram no trágico caso da Austrália. Tudo marketing barato para disfarçar a imbecilidade: os citados órgãos não têm nada a ver com qualquer outro país.
Saúde, educação, ciências e cultura sofreram duros golpes. Nas três últimas o aparelhamento dos órgãos substituiu pérolas premiadas lá fora por incentivos a filmes gospels e criminalização de universidades públicas e certos tipos musicais por motivações estapafúrdias inventadas.
Tudo isso (e muito mais) marcou 2019 como o ano da celebração da anomia. E tudo indica que 2020 não será nada diferente. A coisa pode até esquentar.
Mídias impressas e online noticiam diariamente cidadãos de bem perdendo a razão por um real faltante, pelo vizinho ouvir som alto ou ser LGBT; pela recusa da ex-mulher em reatar o relacionamento ou por causa de um bolo não muito bom na festa.
Dos crimes de ódio, ganharam destaque em 2019 os contra a mulher. Feminicídio e estupro foram cometidos sobretudo por ex-pares inconformados e pais e religiosos, a maioria impunes: Bolsonaro e seus asseclas deram de ombros.
Outros alvos do ódio são os indígenas, que para Bolsonaro "impedem o progresso". Ele tem projeto de entregar as reservas para exploração mineral e biológica. Para tanto, matar os líderes é "um caminho mais rápido".
Embora os crimes ambientais sempre existissem, nunca houve antes tamanha destruição e impunidade como em 2019. O IBAMA e o ICMBio foram impedidos pelo próprio governo, enquanto índios eram assassinados e brigadistas, presos.
Os mesmos órgãos que, agora, Bolsonaro 3 quer que interfiram no trágico caso da Austrália. Tudo marketing barato para disfarçar a imbecilidade: os citados órgãos não têm nada a ver com qualquer outro país.
Saúde, educação, ciências e cultura sofreram duros golpes. Nas três últimas o aparelhamento dos órgãos substituiu pérolas premiadas lá fora por incentivos a filmes gospels e criminalização de universidades públicas e certos tipos musicais por motivações estapafúrdias inventadas.
Tudo isso (e muito mais) marcou 2019 como o ano da celebração da anomia. E tudo indica que 2020 não será nada diferente. A coisa pode até esquentar.
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