quarta-feira, 8 de janeiro de 2020

O que anticiência e pseudociência têm em comum

     Nos últimos anos circulam notícias cada vez mais frequentes sobre movimentos sobre os ataques aos resultados de pesquisas em universidades e órgãos avançados. 
     Tais movimentos, segundo as matérias, mostram a sua força através da disseminação pelo mundo, não se restringindo apenas a países mal educados como o Brasil.
     São dois tipos básicos, os pseudocientíficos e os anticientíficos, que podem parecer a mesma coisa para os desinformados, mas em verdade têm suas diferenças.
     A pseudociência não tenciona confrontar os dados científicos, os usa para inferir e explicar suas bases em teorias místicas. Fundamentada em horóscopos, a Astrologia é a mais popular e mais antiga, usada no sincretismo religioso brasileiro.
     Também são pseudociências publicações místicas com dados da física quântica, visando a autoajuda na saúde física e psicológica e na fé em si mesmo, na tese de que "somos todos pura energia", para "melhorar o fluxo energético do espírito".
     Surgidas nos anos 1960 na onda da contracultura em discordância com a Guerra do Vietnã, a citada mística retorna à voga com os "coachs quânticos" e até a possível "religião quântica". Criação ocidental com influências orientais.
     A física quântica é um ramo da Física que trata dos fenômenos microcósmicos da molécula às partículas subatômicas tendo, entre outros nomes, Niels Bohr como um dos fundadores.
     É bastante compreensível que as pseudociências encontrem hoje muitos fiéis, como forma de achar soluções "mágicas", tal como nas religiões, de enfrentar as dificuldades várias como solidão, individualismo, pobreza, doença e falta de paz interior.
     A anticiência nega conspirando contra a ciência tradicional. Movimentos terraplanistas, antivacinas, antimarxistas distorcidos, pró-tabaco e negacionistas climáticos são exemplos típicos, entre outros, espalhados no mundo.
     No Brasil, o ícone é Olavo de Cavalho, um Youtuber que tem no Brasil Paralelo um canal anti-história seguido pelo Eduardo Bolsonaro e seus fãs para "reaprender a História". A sua desmentida retórica "nazismo é de esquerda" tem muita simpatia entre bolsominions.
     Filósofo sem ser, astrólogo e médico sem formação, Olavo é o guru da equipe do governo Bolsonaro. Daí podermos entender porque o Brasil está nesse rumo.
     Interessante que tais contestações da ciência não sejam tão recentes assim, elas têm legado mais antigo: há 1 século o próprio Borh prudentemente criticara o materialismo científico.
     Mas, enfim, o que têm em comum a pseudociência e a anticiência, a despeito de serem tão diferentes em alguns pontos? 
     Não é complicado: trata-se de confrontar a ciência de algum modo. Se uma parte nega, a outra dá um toque metafísico à tradição tida como materialista e mecanicista. E é interessante que nomes conceituados da ciência como Deepak Chopra e Fritjof Capra critiquem o caráter materialista.
     Mas não podemos julgar Chopra e Capra como pseudo ou anticientistas. Eles apontam que sem os tabus preservados em alguns pontos a ciência pode ser mais elástica. Já os dois últimos, diferentemente, a alteram ou deturpam sem nenhum fundamento sério.
      

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