sábado, 4 de janeiro de 2020

A maquiagem da pós-verdade

     Vivemos hoje constantemente bombardeados por todo tipo de informação, especialmente reportagens de todo canto. No conforto de um smartphone vemos muita coisa do outro lado do mundo.
     A imprensa sempre destaca fatos do tema principal do momento. Mas, o que mais tem nos tem chamado a atenção não é o fato em si, mas as inúmeras versões criadas do mesmo. Mas uma delas termina eleita como idônea, não importam as dúvidas sobre sua veracidade.
     A sua "confirmação" de acertada assim determinada caracteriza a pós-verdade, o que se torna uma armadilha aos desinformados, ingênuos e os com preguiça de pesquisar e refletir.
     Mas também considero relativamente compreensível que desavisados ou mal instruídos não pesquisem, visto que a pós-verdade não se emprega às mentiras habituais e invencionices como as associadas à eleição e ao governo de Bolsonaro.
     Os temas mais férteis armadilha são os relacionados à política. Há anos ela se percebe em títulos seletivos. Como exemplo, FHC "recebeu mimo" de empresários, e Lula "recebeu propina" dos mesmos (durante seus respectivos governos), segundo as grandes mídias.
     A Lava-Jato ainda é divulgada pela grande mídia como exemplo efetivo contra a corrupção com recuperação de grande soma de grana desviada. E agora vem sendo dada como forma de afastar Lula da política, ineficiente na recuperação da grana.
     Sobre atos do governo Bolsonaro, a grande mídia vem usando a estratégia da cortina de fumaça, enfatizando em letras garrafais notícias estranhas. Bastante esperto, o presidente aciona a escalafobética Damares Alves a lançar suas sandices para distrair a geral.
     Com as distrações, foram lançados decretos e MPs imorais, PECs destrutivas de Guedes, escolas cívico-militares, perdões a dívidas dos ricos e à grilagem de terra, genocídios de índios e pobres, devastação ambiental, etc., e o presente apoio a Trump na guerra ao Irã.
     As fake news, notícias de teor distorcido ou calunioso, decidiram na eleição de Bolsonaro. O conjunto somado aos atos já citados o tornou o presidente mais mentiroso da nossa história republicana. Principal alvo, o PT comandou a petição para a recente CPI das fake news.
     A crença dos fãs mais ardorosos ocorreu graças à tática de "uma mentira contada muitas vezes se torna verdade", bem articulada por Steve Bannon, que fez o mesmo para a eleição de Trump em 2016.
     Mas não foi a automação tecnológica a criadora da pós-verdade. A grande mídia já é velha manipuladora de notícias, às vezes para driblar a censura, como a do atentado a israelenses na olimpíada de Berlim, do atentado no Riocentro e as cirurgias de Tancredo Neves.
     É possível concluir que a pós-verdade mais revela sobre o caráter da mídia do que sobre o fato em si. Enquanto este gera eterna dúvida das causas e do como ocorreu, a certeza é a de que a grande mídia constrói "verdades" através da elite empresarial, financeira e rural.
   
   

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