domingo, 5 de janeiro de 2020

Uma guerra onde todos são vilões

     Nesses dias, o general Kassem Soleimani, do Exército do Irã, foi assassinado pelas forças dos EUA de uma das suas bases no Oriente Médio.
     De imediato, a notícia foi como um soco no olho do governo e do povo iranianos. O militar em tela era tido como herói nacional, cujo velório foi feito por uma massa enorme de gente.
     Com familiares, a filha de Soleimani, à frente do velório, encontrou-se com o aiatolá Ali Khamenei, autoridade máxima do país, e a cúpula do governo, já propondo uma retaliação aos EUA.
     Em resposta, o presidente estadunidense Donald Trump fez ameaças em caso de retaliação do Irã, que recebeu apoio imediato da Rússia e da China, potências militares de ponta.
     O Brasil, via Jair Bolsonaro, postou apoio incondicional do Brasil aos EUA. E, conforme publicação no O Globo de ontem, deseja que todos os homens reservistas entre 18 e 38 anos se alistem nas Forças Armadas para "a missão".
     Resta saber como, dada a precariedade extrema nas casernas, seja de material bélico, seja de experiência (e de disposição) para guerras de grosso calibre.
     Uma sirene silenciosa tocou nas cabeças do mundo todo, junto a uma enxurrada de notícias, conspiratórias ou sensacionalistas, que aumentam a expectativa coletiva ante à iminência de uma guerra internacional.
     Mas, por que tal assassinato? Uma pergunta para muitas respostas hipotéticas possíveis, em tópicos, destacando-se algumas delas e considerando-se os dois lados da moeda.

  • A simpatia dos iranianos a Soleimani se liga ao histórico do militar contra os curdos, que sofrem perseguições também nos outros países com partes ocupadas pelo Curdistão (Síria, Iraque, Turquia, Armênia), contra a Arábia Saudita e na guerra Irã-Iraque (1981-89). Suspeita-se de sua participação num ataque na Argentina nos anos 1980;
  • Os EUA têm importantes aliados na América Latina e no Oriente Médio, onde tem bases militares;
  • O Irã anunciou a descoberta de um campo gigante de petróleo. O anúncio foi citado mais ou menos imediatamente antes do assassinato.
  • Governados por republicanos ou por democratas, EUA têm histórico de conflitos com o Oriente Médio sempre que "coincide" com uma descoberta de campo gigante de petróleo na região-alvo ou adjacências, ou ataca perto de uma plataforma ou navio-plataforma.

     Certamente há outros motivos, não postados aqui para não tomar muito espaço neste texto. Talvez nem precise, bastando a informação e a reflexão das informações citadas. Foram citadas as mais relevantes no momento imediato.
     Mas, a intenção de enumerar as hipóteses é repassar a mensagem de que entre os EUA e os países do Oriente Médio (exceto aliados Israel e Arábia Saudita) se opera uma "guerra fria" há décadas, e de que não há mocinhos entre as partes protagonistas, nem mesmo entre os seus apoiadores. Todos são vilões.




   

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