sábado, 25 de janeiro de 2020

Cedae: reflexos de um genocida

     Neste mês, surgiram as primeiras reportagens sobre a possível contaminação da água abastecida à capital e adjacências da Baixada pela Cedae, a companhia estadual de água.
     A água abastecida vem do rio Guandu, de 106 km, que nasce da convergência dos rios Santana e Ribeirão das Lages, vindos da Serra do Mar, entre as cidades de Japeri e Paracambi. Mais à frente está a estação da Cedae.
     Mais ou menos esparsamente tem surgido notícias de contaminação da água graças a relatos de mal gastrintestinal. O motivo ora era esgoto, ora um corpo boiando. Ou um surto de enterovirose.
     Mas havia aparente resolução rápida, pois logo se esvaíam os relatos de água turva ou males à saúde.
     O evento atual seria só mais um não fosse a soma de mal gastrintestinal, cor turva e sabor terroso muito divulgada pelas mídias. O que geraria muita polêmica de um lado e indignação e pânico no outro. 
     Nas redes sociais, textos de notas institucionais depois dadas como fake news. Nos comércios, estoques de água mineral encarecida se esgotam. Afinal, a galera precisa de saúde para continuar tocando o dia.
     Tais notas (supostamente da UFRJ e UERJ) diziam não haver comprovação entre o atual estado da água e queixas sintomáticas, levando alguns a acreditar em possível link psicossintomático.
     Mas, verdades ou não, todas as matérias apontam a geosmina, composto ligado a odor e gosto terrosos, inócua à saúde e atribuída às microscópicas cianofíceas - tema a ser tratado no próximo artigo.
     Mas, com a continuidade dos relatos de mal-estar gastrintestinal, entra o O Globo com fotos aéreas da área da estação exibindo as águas da lagoa poluída e do rio juntas. 
     No centro da mixórdia, o governador Wilson Witzel, que nomeou novo presidente da Cedae que demitiu 54 profissionais experientes envolvidos nas análises regulares de potabilidade.
     Sem explicar a demissão, Witzel continua a promessa de resolução do problema em uma semana, que se multiplica por quase três. Para ele, "a Cedae privatizada terá mais qualidade nos serviços".
     Denuncia-se possível substituição por pessoas sem a devida qualificação, o que explicaria a denúncia de falta de análises regulares. Não há provas concretas disso, mas...
     Nesse sentido, a total falta de transparência sobre as demissões e na gestão da crise hídrica pelo menos fazem o bem de revelar à população fluminense mais um reflexo da necropolítica de Witzel. 
     Não bastam as balas "perdidas" ou achadas, tem que vir a água suja também.
     
      
     

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