sábado, 15 de fevereiro de 2020

ANÁLISE: a esquerda realmente morreu?

A esquerda realmente morreu?

         Recentemente, em 2/02/2020 o renomado filósofo e influencer Vladimir Safatle fez uma afirmação em tom bem categórico: "a esquerda morreu", explicando em sua visão como isso ocorreu.
         A afirmação é compreensível, haja visto a passividade, pelo menos aparente, dos grupos de esquerda face à dominância do bolsonarismo, que conta ainda com amplo apoio no Congresso e ainda entre a sua cota de populares fanáticos.
         A oposição tem no PT, PCdoB e PSol os principais representantes no Legislativo. Soma-se a estes gatos pingados da Rede e, de certa forma, PDT. Porém, há ampla desvantagem numérica em relação à maioria liberal e pró-governo.
         Todavia, alguns oposicionistas têm apresentado forte presença ativa em tribuna. Destacam-se Glauber Braga, Marcelo Freixo, Sâmia Bonfim e Davi Miranda (PSol), Jandira Feghali (PCdoB), Fabiano Cantarato e o senador Randolfe Rodrigues (Rede).
         Vale lembrar dos psolistas veteranos, o senador Chico Alencar e o deputado Ivan Valente. No PT se insurgem os deputados Arthur Lira, Paulo Pimenta e Zeca Dirceu, e o bom senador Paulo Paim. Sob o manto de Lula, que arrasta multidões por onde vai.
         De fato, a presença de espírito desses nomes parece fazer diferença, pois incomoda bastante o governo com seus discursos e acareações perturbadoras nas convocações para explicar as propostas e em CPIs.
         Os parlamentares estendem a sua presença em postagens nas redes sociais e em eventos públicos de esquerda ou culturais, e palestras, sempre quando disponíveis. Às vezes, com a presença de Lula, claro.
         Por fora, vale lembrar de outro nome, Guilherme Boulos, líder do MTST e ex-candidato do PSol à presidência, bem acompanhado da poderosa líder indígena Sonia Guajajara. Suas falas sensatas têm incomodado fortemente os pró-Bolsonaro. 
         Todavia, tudo parece inócuo, pois a direita bolsonarista massacrou em alguns estados nos votos em 2018. Desde então o regime necropolítico avança e, ao contrário dos chilenos, os brasileiros parecem ter ter se desanimado de protestar.
         Mas a esquerda não morreu. Ela é mosaicada em muitos grupos, radicais ou não, que vivem a se discordar entre si e quase todos longe da base popular que originou a própria esquerda. A elite desta, por exemplo, se foca muito nas eleições.
         O foco no voto é compreensível, afinal estamos em ano de eleição, por conta do forte lobby bolsonarista usado como marketing eleitoreiro pela maioria dos políticos de direita. Um desafio e tanto para a esquerda desunida.
         O desafio é a soma de polarização intensa, fervor popular bolsonarista e a desconfiança de  muitos simpáticos à esquerda com a possibilidade de atender aos temas mais sensíveis, como saúde, educação e cultura, infraestrutura, etc.
         Mas é preciso enfrentar os reveses. É a oportunidade da esquerda que, mesmo tão dividida, mostrar sua política em comum e, com a cara e a coragem de mostrar, a cada voto, que está mais viva do que nunca.
         Afinal, a esquerda tem um triunfo nas mãos e não sabe: ela existe, se alimenta por culpa da própria direita, dada a natural existência das divergências que fortalecem a democracia.
         Boa sorte nessa empreitada!
         Hasta la vista!
     
     
    
     

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