quinta-feira, 13 de fevereiro de 2020

Índios e a luta contra as igrejas

     Os índios têm ganhado recente visibilidade pela mídia, a partir das de vertente à esquerda. Não tanto por suas crenças estreitamente amarradas ao meio natural, mas por seu ativismo em defesa da conservação de sua identidade ancestral e do meio ambiente.
     Mas o ativismo indígena não é tão recente assim. Durante o brutal Estado Novo (1937-45), as invasões nas matas habitadas revoltaram os nativos: alguns foram mortos.
     Houve revolta contra o desmate de grande área para a construção de Brasília. Nunca foi mencionado pelas mídias na época, mas é óbvio que muitos nativos locais foram mortos.
     Na ditadura militar já havia matança por grupos como os de hoje (madeireiros, grileiros de terras, garimpos, etc.). Uma Comissão Indígena da Verdade levantou mais de 8000 mortos e desaparecidos. Um número tão grande quanto invisível pela grande mídia.
     Um famoso testemunhou quase tudo isso: o cacique caiapó Raoni Metikture, de 90 anos e há mais de 60 na luta pelo meio ambiente e povos originários e tradicionais. Por pouco não foi laureado com o Nobel da Paz 2019.
     Agora surge outro inimigo para Raoni: o avanço das missões evangélicas neopentecostais, com aval de Bolsonaro e do atual diretor da Funai, visando converter tribos isoladas. Ou seja, nem com a própria Funai eles podem contar mais.
     Detalhe macabro: o citado diretor já atuou como pastor.
     Outro detalhe: é um processo histórico . O primeiro marco colonizatório foi a primeira missa, no Monte Santo, Bahia. Desde então, missões católicas e evanjas têm atuado, a maioria com sucesso conversor, até hoje.
     Todavia, desde a primeira Constituição republicana (1891), as missões não foram mais oficialmente incentivadas pelos governos laicos. Já Bolsonaro as incentiva sem pudor, mas sempre oficiosamente.
     Não obstante, é possível distinguir o contexto atual dos anteriores: além do maior lobby às igrejas evangélicas, a ambição por trás da conversão de tomada facilitada das reservas para a plena exploração dos recursos por empresas estadunidenses.
     Raoni, seus seguidores e simpatizantes do mundo todo sabem muito bem disso tudo. E por isso sabem que, pelo poder econômico (e bélico) dos grupos evanjas, a batalha terá tudo para ser muito árdua. Com potencial de muito suor, sangue e lágrimas.
    

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