terça-feira, 31 de março de 2020

Corona vs Bolsonaro: o futuro

Bolsonaro nomeia coronavirus no lugar de Weintraub: "Mais rápido ...     A confirmação dos primeiros casos de Covid-19 no Brasil e seu posterior crescimento levaram as autoridades em geral a reconhecer o perigo da novidade para a população e para a economia.
     E o perigo se consolida aos poucos conforme os dados oficiais do MS - e as subnotificações - aumentam, ceifando qualquer confiança naqueles números.
     E junto, a tensão entre o presidente Bolsonaro, que é contra as recomendações de isolamento da OMS, e Mandetta, médico à frente do MS, que também politicamente se decidiu favorável às medidas em ampla escala, ainda restringidas pela realidade brasileira.
     Realidade brasileira esta fartamente mostrada no artigo anterior.
     Contrário, e refratário aos alertas das autoridades, Bolsonaro continua a sua ciranda macabra no poder, ao ponto de, mais uma vez, protocolarem o seu afastamento por vias legais.
     Motivos não faltam e se arrastam em lista crescente a cada denúncia. A mais recente tem como tema comportamentos que contariam o reconhecimento global da pandemia, que registra mais de 3000 confirmados, 202 dos quais mortos no país.
     Tal denúncia, do deputado federal Reginaldo Lopes (PT-MG), acusa o presidente de prática de crime previsto no art. 268 do Código Penal, que tipifica "infringir determinação do poder público, destinada a impedir introdução ou propagação de doença contagiosa".
     A conduta também contraria a Portaria 359 do MS e a Lei 13.979, sancionada pelo próprio Bolsonaro. Destaca a petição:
"O crime ora imputado ao Sr. Presidente da República é classificado como delito formal e de perigo abstrato, sendo desnecessário para a sua configuração a efetiva comprovação de introdução ou propagação de doença contagiosa, bastando, portanto, a assunção do risco e o efetivo descumprimento da medida sanitária preventiva".
     A petição expõe uma figura contraditória e bizarra, que despreza elementos legais que não poupam, em teoria, até chefes de Estado/Governo. Mas essa contradição é antiga e muito bem conhecida, contradizendo o personagem impoluto vendido no período eleitoral.
     Defesa às milícias e aos amigos a elas ligados, indecoros e insultos a jornalistas e mulheres, desprezo a minorias, incentivo a ataques em indígenas e áreas naturais, e abusos de poder político e econômico são exemplos de suas "aventuras".
     Como diz Paulo Ghiraldelli, docente em Filosofia da Unifesp aposentado e hoje blogueiro e youtuber, Bolsonaro é um vírus político, usando ideologicamente o Corona a seu favor, daí o seu desprezo pelo poder do Corona.
     Mas, tudo tem seu preço. O presidente acha que tem o futuro em mãos. Só que não: talvez não seja as muitas denúncias, notícias-crime e petições a darem a sentença-fim. Esta poderá vir de algo tão poderoso quanto invisível: o Corona.


Crédito da imagem: Revista Piauí, via Google Imagens

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