quarta-feira, 8 de abril de 2020

Corona e humanitarismo: é possível?

     Especialistas econômicos de todo o mundo têm exposto a preocupação com o futuro da economia global por conta da pandemia de Covid-19.
     De fato, nunca imaginaram que um vírus se espalhasse tão rápido e tivesse tamanho poder de contágio, de um infectado para dois receptores e meio.
     Claro que ele foi muito favorecido pelas intermináveis e constantes viagens a longas distâncias em tempos bem curtos, e pelo desprezo de certos governantes por aí ao seu perigo.
     O meio de frear esse poder veio: o recolhimento social, que virou decreto de governo em vários países, mesmo após algum tempo. Ruas, parques, praias, clubes vazios. Eventos públicos cancelados. Indústrias e comércios não essenciais parados. 
     Permanecem ativas só as áreas alimentar, de vestuário e insumos para procedimentos em todas as áreas da saúde, e trabalho bancário racionado. Só o essencial.
     Se alguém sai, a máscara é item rotineiro, e ouvidos escutam sons diferentes. Pássaros piam e cantam em árvores nas calçadas, praças e parques, ondas em praia próxima se quebram em um belo som.
     Em Xangai e Pequim jovens e crianças veem o céu é azul pela primeira vez; canais de Veneza estão piscosos e transparentes, ilhas de calor urbanas desaparecem satélites registram o sumiço de áreas poluídas.
     Enquanto alguns governos doam bilhões ou trilhões aos bancos, muita gente presta mais atenção ao próximo ou vizinho mais vulnerável ou gravemente doente num hospital insuficiente em recursos humanos, materiais e financeiros.
     Povos alijados por poderosos e cúmplices políticos passam a ser mais lembrados nas redes sociais por usuários, e movimentos coletivos de saúde como Cruz Vermelha e Médicos Sem Fronteiras, enfrentam o avanço do Corona nas zonas de fome, miséria e doenças.
     Junto a esses movimentos surgem artistas famosos e bilionários filantropos que doam, respectivamente, somas vultosas e insumos hospitalares para profissionais de saúde e procedimentos médicos diversos.
     Até no Brasil, o ódio ideológico foi amenizada pela solidariedade de muitos aqui e ali, nas capitais, adjacências e interior, mesmo com o isolamento e na dificuldade financeira crescente por conta das barreiras de Guedes.
     O que ocorre? Porque essa onda humanitarista e coletivista invade o mudo e pessoas? É mudança de mentalidade no sistema capitalista? Como reage o mercado financeiro às atitudes de governos frente à pandemia?
     Tudo tem uma resposta nada humanista: o vírus atinge bem sem ver a quem. Não há distinção de status socioeconômico, cor, etnia, valores, sexo, gênero, regime político. É a essência democrática mais pura, única no globo todo, pandêmica.
     Com alguns colegas adoentados, rentistas e megaempresários agora encaram o Corona de outro jeito, lhe sentindo o poder inaudito dentro do invisível: ele atinge todos, do mais rico ao mais miserável, indistintamente. 
     É então que os governantes passam a agir com mais veemência contra o intangível inimigo comum: já percebem que os poderosos querem o seu combate a todo custo e querem o povo vivo para aquecer o mercado movendo o capital.
     Apesar da manutenção ensejada pelos poderosos, o vírus mostra para que veio. Esse poderoso mecanismo da natureza veio para mudar. O capital não vai acabar, mas algo vai mudar, quiçá para melhor. Quem viver, verá.


Créditos:
     

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