Coronavírus: analisando possíveis verdades
Como já se tem noticiado, o novo coronavírus, ou Covid-19, tão logo foi descoberto mostrou a q veio, a partir da China. Só lá há milhares de infectados. Silvestre, fora contraído via consumo de carne exótica numa feira livre.
Cobras, lagartos, morcegos e até cães já foram apontados como vetores potenciais. Mas ainda não é possível concluir, pois não se sabe qual carne o primeiro infectado ingeriu.
O mais improvável é o cão, por ser doméstico e consumido em festas tradicionais mais antigas do que a primeira denúncia de crueldade nas redes sociais.
Embora já se saiba ser o vírus transmissível pelo ar, a velocidade de transmissão e infecção assustou autoridades e cientistas, e causou pânico prévio no mercado, o que deu passo para uma queda econômica.
Até os primeiros monitoramentos de controle, muita gente já havia saído da China indo para outros países, na Europa e Américas, seja por avião ou cruzeiro.
Fora da China, a Europa é a ais afetada, sendo liderada pela Itália, com números dramáticos. França, Espanha e Alemanha também assustam. Torneios esportivos e culturais foram cancelados ou estão sem público.
Nas Américas, os EUA lideram com mais de 1000 casos, segundo dados recentes. Na América do Sul lidera o Brasil, embora até agora os números oficiais sejam baixos em relação à população.
Os primeiros repatriados brasileiros vieram da China, mas todos deram negativo. Os primeiros infectados teriam vindo da Europa, a partir da Itália.
Isso pode ter contribuído para evitar a disseminação da sinofobia (aversão ao povo chinês) por aqui. Mas, por motivos macroeconômicos e na onda do Covid-19, ela pode estar forte nos EUA.
E, nos EUA e Brasil, o vírus ameaça os governos: Wajngarten e Bolsonaro foram lá encontrar Trump nesses dias. O primeiro está infectado, o segundo aguarda resultado de teste e a equipe do terceiro quer saber mais detalhes desse encontro.
Enquanto Bolsonaro já cai nos memes de humor nas redes sociais, suposto áudio de alerta médico teria sido disseminado via WhatsApp, chegando a ser visto como boato, mas depois 'confirmado' como interpretação médica particular.
Segundo tal alerta, trataria-se de uma projeção de até 45 mil infectados em São Paulo em pouco tempo. Em comparação com a amplitude brasileira, seria de fato um alerta de perigo ainda maior.
Por ser uma projeção opinativa, não é possível apontar uma verdade tácita nesse número. Verdade mesmo, até agora, é que dos 123 casos confirmados, a maioria está concentrada na região Sudeste.
Os dados oficiais são bons se comparados com a explosão de casos de chicungunya, dengue, malária e leishmânia, o retorno do sarampo e o aumento de infectocontagiosas ligadas à falta de saneamento, como a tuberculose. Todas ofuscadas nas mídias.
Mas tal projeção hipotética não deixa de ter valor, pois nos oportuniza mensurar uma relação do risco com a realidade do sistema de saúde pública. De fato é salutar assumir os problemas enfrentados pelo setor.
Historicamente subinvestidos, os serviços de saúde enfrentam a precarização que progride com os cortes orçamentários sucessivos, ameaças aos servidores públicos e terceirização crescente com pessoal quase todo mal qualificado.
E, agora, Paulo Guedes já elabora proposta de novo corte nos programas e serviços sociais, inclusive saúde, para "salvar o PIB e o mercado". Com o Covid-19 voejando à vontade em nossos ares, até o seu ápice, que não demorará muito.
Se a coisa ficará tão feia, não há como saber de imediato. O Brasil vive assim, na expectativa entre a dolorosa verdade tácita e a possível falsa esperança de melhora em curto prazo, à espera de dados pretensamente confiáveis.
Uma verdade: nesse momento, ninguém solta a mão de ninguém. Entre verdades e mentiras, ao sabor dos ventos, voeja o pequeno Coronavírus.
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