Por que Corona e meio ambiente?
Enquanto a maioria dos governantes se vira em políticas de saúde para conter o avanço da pandemia, e alguns ajudam o sistema financeiro, outros olham algo ignorado pelos grandes: o meio ambiente.De fato, é como se as autoridades tivessem se esquecido do tema do meio ambiente, por causa de cobranças mais urgentes, na saúde coletiva.
Enquanto a pandemia roubava a cena e muitos choravam os seus mortos, algumas mídias reportaram mudanças ambientais positivas: basta o homem se recolher para que a natureza se mostre.
Nas metrópoles chinesas e indianas, gerações mais novas puderam ver, pela primeira vez, um céu azul de dia e estrelado à noite, após a dissolução da densa nuvem de poluentes da rica indústria local.
Águas límpidas e piscosas nos canais de Veneza após tanto tempo quase opacas e sem vida. No Brasil se observou ligeira melhora da qualidade da água na degradada baía de Guanabara, no Rio.
Em vários países do mundo, pessoas registraram as populares "trombetas do apocalipse" do céu, resultantes dos deslocamentos maciços de gases da atmosfera, não vistos antes. Como se vê, nada bíblico, é pura ciência.
Isso levantou uma verdadeira onda de esperança coletiva sobre as possibilidades do planeta. Inclusive ao ponto de algumas mídias considerarem uma capacidade de rápida regeneração da natureza. Bem, nem sempre assim.
Já foram feitas pesquisas sobre essa regeneração natural. A velocidade de recuperação varia muito com as características do meio físico como um todo: clima, cobertura climática, tipo de solo, biodiversidade, etc.
Em climas tropicais, savanas, estepes e cerrados tendem a se recuperar mais rápido que as formações florestas densas. Os primeiros dependem, inclusive, do ciclo fogo-água para isso. É o que acontece na América tropical, África e Austrália.
As florestas subúmidas da Europa mediterrânea e do sudoeste da América do Norte também se recuperam com relativa rapidez. A biodiversidade arbórea é menor e a retenção de água se concentra nas raízes, protegidas abaixo da superfície.
Interessante é a floresta australiana: mesmo nas áreas mais úmidas e diversas, a formação florestal arde e se recupera com rapidez em reação a tempestades torrenciais após incêndios fortes. Mesmo em 2019 foi assim, apesar do fogo descomunal.
Agora, as florestas úmidas da América tropical e África centro-ocidental se recuperam bem mais devagar. A Amazônia precisará de dois séculos para retornar ao que era.
Nas cidades, as plantas das ruas e fachadas das construções estão mais viçosas e pássaros trinam com mais frequência e veemência nas árvores das ruas e fiação dos postes.
O brasileiro parece não se preocupar com isso: só neste trimestre de 2020 sumiram uns 200 km2 a mais de Amazônia. E ninguém falou absolutamente nada.
Os navios cargueiros de países ricos ainda despejam o lixo em regiões longínquas. Alguns litorais filipinos, indonésios, malaios e africanos são muito poluídos. O lixo nuclear tornou o Mar do Norte proibitivo à pesca há tempos.
Assim como a hantavirose hemorrágica da América tropical, o Corona resulta dos estragos ambientais e não de incidente laboratorial como insinuam alguns. Os ataques continuados mostram o quanto ainda se deve evoluir em termos educativos.
A evolução educativa necessária para uma melhor relação com o meio ambiente deveria ser simples, mas na prática não: demandará muito tempo de sacrifício árduo por parte de governo, educadores e sociedade. A eterna ambição capitalista poderá impedir essa evolução.
Mas chegará um dia que essa evolução se fará inevitável, e quando estiver mais plena, é certo que não estejamos mais por aqui. Mas um dia acontecerá. E quem sabe, determinada pela necessidade urgente de salvar o planeta para salvar a humanidade.
Quem viver, verá. E deixará registro para a posteridade.
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