Necropolítica, a um passo da ruína
O artigo promete ser longo. Peço desculpas, mas é inevitável, face às novas informações que mostram como a morte se torna maior.
Após o MS divulgar mais de 800 novos óbitos em 24 horas subindo para mais de 15 mil, Jair Bolsonaro faria um pronunciamento às 20:30h. O que desencadearia os panelaços em todo o país, planejados em redes sociais.
Ele desistiu, com um triunfo na manga: já sabia do protesto e de um manifesto de seus apoiadores no domingo em frente ao Palácio, para por o seu plano final em ação.
Após o MS divulgar mais de 800 novos óbitos em 24 horas subindo para mais de 15 mil, Jair Bolsonaro faria um pronunciamento às 20:30h. O que desencadearia os panelaços em todo o país, planejados em redes sociais.
Ele desistiu, com um triunfo na manga: já sabia do protesto e de um manifesto de seus apoiadores no domingo em frente ao Palácio, para por o seu plano final em ação.
Ele se aproveitou da crise pela demissão de Nelson Teich por divergências nos protocolos profiláticos e de tratamento, para difamar o isolamento em favor da economia, gerando catarse entre seus fanáticos apoiadores de classe média empresarial.
Mas, maior foi a razoável indignação com a insensibilidade do presidente que, como chefe de Estado, deveria prestar condolências em cadeia de comunicação em massa.
Surge novo pedido de impeachment no próprio STF, pelas mãos do decano Celso de Mello. Um peso grande: o presidente não tem imunidade perante a mais alta instância judiciária.
Mas, maior foi a razoável indignação com a insensibilidade do presidente que, como chefe de Estado, deveria prestar condolências em cadeia de comunicação em massa.
Surge novo pedido de impeachment no próprio STF, pelas mãos do decano Celso de Mello. Um peso grande: o presidente não tem imunidade perante a mais alta instância judiciária.
Mais de 60% dos brasileiros se alegram. Pelo risco de falência institucional e econômica e pelo vídeo comprometedor da reunião ministerial com depoimento de Sergio Moro, o tempo para decidir urge, e ruge. E os ministros do STF sabem disso.
E veio a semana. Na noite desse dia 19/5, 1179 mortos em 24 horas, segundo o MS. Pelo andar da carruagem, um patamar previsto. Mas, para muitos, não a reação de Bolsonaro, que gargalhou: "Nada posso fazer. Quem é de direita toma cloroquina e quem é de esquerda toma tubaína".
A piada insana foi parar nas paradas das hashtags das redes sociais. A princípio, houve uma vaga referência ao refrigerante Itubaína, que logo foi substituída pela da intubação do paciente grave de Covid-19. Errado: a referência foi outra, essa sim, terrível.
Tão cruel quanto qualquer outra tortura, a tubaína foi um método de origem da inquisição medieval, consistindo em enfiar na boca da vítima um cano curto encimado por um funil, onde era vertida a água utilizada para afogamento. Foi tão comum quanto o famoso pau-de-arara.
A repercussão desse aumento estatístico divulgado por todas as mídias a partir de centros de pesquisas em saúde, como o do estadunidense Johns Hopkins, foi claramente negativa. Não bastasse o ainda não esquecido caso Amazônia, o mundo desenvolvido se volta não contra o Brasil, mas contra o seu governante.
Após nova ameaça à OMS de suspender os seus preciosos dólares solidários devido a um novo anúncio igualmente solidário da China (um embate tão ideológico quanto econômico), Donald Trump não só soube de novos dados da nossa triste estatística, na quarta-feira.
Os novos saldos do MS foram anunciados a ele pelo Johns Hopkins Institute nos EUA, via grande mídia: 881 vítimas fatais no novo total de 310 mil "coronados". Foi a senha para o balde de água fria de Trump: "não quero essa gente vindo aqui e infectar o nosso povo".
Spoiler: imaginem se aqueles deportados pelos EUA chegassem agora. Doce ironia...
Mais balde de água fria ainda: mais 1001 mortes em 22/5 e quase 331 mil infectados pelo Corona. Por enquanto, sem nova fala pública de Trump apesar da repercussão no mundo. Nem precisa, ele já deu seu recado.
Os números tétricos, mesmo oficiais, confirmam o que a imprensa internacional e a OMS já sabem: o Corona virou uma tragédia brasileira. Isolado política e sanitariamente, sob risco de falência institucional, chefiado por verdadeiros assassinos profissionais de terno e gravata, o país parece à deriva num mar infindo, sem sinal de ancoragem no horizonte.
Mas, o Corona caiu como uma luva para Bolsonaro. Não por acaso ele festejou intimamente a cada 24 horas de dados do MS, com direito a churrasco no iate no meio do Paranoá. Para qualquer líder de uma nação em tragédia, o normal era prestar condolência pública.
Mas Bolsonaro não faz condolências por ignorar o remorso e qualquer sentimento nobre. Até aos filhos, que chama de 01, 02, 03 e 04, que são seus reflexos ideológicos da violência e ódio antissocial profundo. Só os ricos interessam. Mesmo sorrindo, expressam olhar rancoroso e postura agressiva.
Essa influência gera reflexos também no Estado policial, cujo terror imposto aos pobres das periferias teve aumento considerável desde o ano passado. Em 2020, como se não bastassem as mortes pelo Corona, a atuação da PMs estaduais completa os ideais genocidas de Bolsonaro.
E a essa tragédia toda Bolsonaro sorri satisfeito. É a concretização de sua política, da busca de um poder absoluto ("quem manda sou eu"), só alcançado na ideia de que não se deve ter ninguém para atrapalhar. Isso ficou visível na reunião ministerial de 22/4, que será falada no próximo artigo.
Um poder absoluto irreal que vale o exemplo dos déspotas do passado para hoje, resumido na máxima popular: "quanto mais alta a montanha, maior a queda".
------
Crédito da imagem da charge: Google
Com base em: Veja, Uol e pílulas-diárias.
E veio a semana. Na noite desse dia 19/5, 1179 mortos em 24 horas, segundo o MS. Pelo andar da carruagem, um patamar previsto. Mas, para muitos, não a reação de Bolsonaro, que gargalhou: "Nada posso fazer. Quem é de direita toma cloroquina e quem é de esquerda toma tubaína".
A piada insana foi parar nas paradas das hashtags das redes sociais. A princípio, houve uma vaga referência ao refrigerante Itubaína, que logo foi substituída pela da intubação do paciente grave de Covid-19. Errado: a referência foi outra, essa sim, terrível.
Tão cruel quanto qualquer outra tortura, a tubaína foi um método de origem da inquisição medieval, consistindo em enfiar na boca da vítima um cano curto encimado por um funil, onde era vertida a água utilizada para afogamento. Foi tão comum quanto o famoso pau-de-arara.
A repercussão desse aumento estatístico divulgado por todas as mídias a partir de centros de pesquisas em saúde, como o do estadunidense Johns Hopkins, foi claramente negativa. Não bastasse o ainda não esquecido caso Amazônia, o mundo desenvolvido se volta não contra o Brasil, mas contra o seu governante.
Após nova ameaça à OMS de suspender os seus preciosos dólares solidários devido a um novo anúncio igualmente solidário da China (um embate tão ideológico quanto econômico), Donald Trump não só soube de novos dados da nossa triste estatística, na quarta-feira.
Os novos saldos do MS foram anunciados a ele pelo Johns Hopkins Institute nos EUA, via grande mídia: 881 vítimas fatais no novo total de 310 mil "coronados". Foi a senha para o balde de água fria de Trump: "não quero essa gente vindo aqui e infectar o nosso povo".
Spoiler: imaginem se aqueles deportados pelos EUA chegassem agora. Doce ironia...
Mais balde de água fria ainda: mais 1001 mortes em 22/5 e quase 331 mil infectados pelo Corona. Por enquanto, sem nova fala pública de Trump apesar da repercussão no mundo. Nem precisa, ele já deu seu recado.
Os números tétricos, mesmo oficiais, confirmam o que a imprensa internacional e a OMS já sabem: o Corona virou uma tragédia brasileira. Isolado política e sanitariamente, sob risco de falência institucional, chefiado por verdadeiros assassinos profissionais de terno e gravata, o país parece à deriva num mar infindo, sem sinal de ancoragem no horizonte.
Mas, o Corona caiu como uma luva para Bolsonaro. Não por acaso ele festejou intimamente a cada 24 horas de dados do MS, com direito a churrasco no iate no meio do Paranoá. Para qualquer líder de uma nação em tragédia, o normal era prestar condolência pública.
Mas Bolsonaro não faz condolências por ignorar o remorso e qualquer sentimento nobre. Até aos filhos, que chama de 01, 02, 03 e 04, que são seus reflexos ideológicos da violência e ódio antissocial profundo. Só os ricos interessam. Mesmo sorrindo, expressam olhar rancoroso e postura agressiva.
Essa influência gera reflexos também no Estado policial, cujo terror imposto aos pobres das periferias teve aumento considerável desde o ano passado. Em 2020, como se não bastassem as mortes pelo Corona, a atuação da PMs estaduais completa os ideais genocidas de Bolsonaro.
E a essa tragédia toda Bolsonaro sorri satisfeito. É a concretização de sua política, da busca de um poder absoluto ("quem manda sou eu"), só alcançado na ideia de que não se deve ter ninguém para atrapalhar. Isso ficou visível na reunião ministerial de 22/4, que será falada no próximo artigo.
Um poder absoluto irreal que vale o exemplo dos déspotas do passado para hoje, resumido na máxima popular: "quanto mais alta a montanha, maior a queda".
------
Crédito da imagem da charge: Google
Com base em: Veja, Uol e pílulas-diárias.
Nenhum comentário:
Postar um comentário