terça-feira, 7 de julho de 2020

Paulo Guedes, a antieconomia

     Enquanto milhões de brasileiros perdem empregos e outros tantos se deparam com uma queda brusca de seus rendimentos que impactam no orçamento familiar a cada dia, o governo elabora mais planos perversos contra o que sobra das economias restantes.
     Ninguém se atenta, a geral envolta em preocupações mil com muitas despesas que crescem junto ao misto de angústia, dor e até raiva, Bolsonaro lança uma lei que torna obrigatória máscara em locais abertos, mas quase a anula ao desobrigá-la em locais fechados.
     Lei esta contra a qual muitos nomes no Congresso ensejam recorrer contra, vetar um veto sem a devida justificativa que sustente o mínimo tal decisão. Todos apontam a permissividade grave que facilita a quebra de normas profiláticas pela população.
     Se as medidas de restrição impostas por autoridades regionais já não são seguidas desde o início, na maior parte sem benefício estatal algum e precisando sobreviver, imagine com essa permissividade toda. É a política do abatedouro.
     A política de abatedouro tem um apoiador silencioso e importante, na equipe de governo: o ministro Paulo Guedes, que aposta na urgência das sonhadas reformas aprovadas e do pacote de privatizações a ser tocado antes da decisão por cassação de chapa, impeachment ou interdição do presidente.
     Nesse pacote privatista os alvos são Correios, Caixa, Banco do Brasil e Petrobrás.
     Tudo isso no submarino, e tem mais: as reformas administrativa para minar o Estatuto do Servidor 8112/ 1990 para servidores novos, e a carteira verde-amarela que praticamente liquida os direitos dos novos empregados. O que significaria, na visão dele, uma sobra imensurável de recursos.
     Na reforma verde-amarela, ele opta por uma das duas opções: salário flutuante conforme o índice produtivo do mês, ou salário fixo distribuído por hora trabalhada. Quanto à previdência, já seria capitalizada. É, não se esqueceu desse detalhe tão macabro.
     Nas mídias se noticia o repasse prévio de mais de R$ 2,9bi do BB para o FDIC do BTG Pactual, do qual Guedes é sócio-fundador. A matéria do Valor Globo do dia 1/7 conta que foi uma venda de carteira à citada entidade.
     Antes, já foram repassados ao sistema financeiro recursos públicos de mais de R$ 1,2 tri tão logo houve o alerta pandêmico no Brasil. A prioridade à grita de um sistema atualmente zumbi em todo o mundo, que Guedes tanto defende, na verdade não surpreende. O quantitativo de recursos oriundos de impostos que é o absurdo da coisa.
     É bem possível que tenha sido devido a isso que foi determinado o corte de R$ 8 bilhões já a destino à prevenção e combate ao Corona, ainda na gestão de Mandetta. Pois o corte foi uma sugestão de Guedes, prontamente atendida pelo negacionista Bolsonaro.
     Guedes vê no negacionismo do chefe um benefício financeiro às transnacionais defendendo o franco desmonte do Estado, o que foi exposto na reunião ministerial de 22/4. Para ele, basta ao Estado atuar como um transmissor zumbi de recursos da dívida pública, hoje mais da metade do PIB, para os mercados transnacionais.
     Muito desses sonhos ainda não foram concretizados, pois não foi ainda uma data de quando o Congresso atenderá a eles. Afinal, há outras demandas muito preocupantes em pauta, como a questão do desemprego e de direitos humanos, e pior, o descontrole do Covid.
     E a nação trabalhadora já paga a conta sem que esta se complete: aumento do desemprego a mais de 50% do total da população ativa, algo inédito na nossa história (parabéns, Guedes!), e 
     Todos esses elementos formam um cenário assustador para a nação, que ficaria em situação de neocolônia cheia hiperexeplorada cheia de gente dentro. Nos países africanos mais pobres, ainda governados por ditadores, apesar de tantos problemas, pelo menos há Estados presentes. Só para comparar...
     Não por acaso que todo esse conjunto de propostas, se reunidas, formaria o pacote AI-5 da antieconomia de Paulo Guedes. Surreal, mas assustador.

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Crédito da foto: Contrapoder, "O AI-5 de Guedes", disponível em https://medium.com/@Contrapoderbr/o-ai-5-de-guedes-9d7bc5967753.

Ouras fontes: 

https://economia.uol.com.br/noticias/reuters/2020/07/01/bb-faz-cessao-de-carteira-vencida-de-r29-bi-a-fidc-do-btg-pactual.htm 
https://www.youtube.com/watch?v=giifeSneBV4



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