sábado, 15 de agosto de 2020

Biopoder: de Hitler a Bolsonaro

     Europa: quando o líder nazista A. Hitler atingiu o poder na Alemanha, foi estabelecida a política de "raça pura" de uma nação ariana em etnia, cultura e fé cristã. Então surgiram dezenas de campos de concentração visando a prisão de judeus, comunistas e democratas.
     Por esse caráter ideológico, o nazismo fez do consequente holocausto uma política tanto político-econômica quanto genocida, uma vez que tomou os bens de todos esses grupos.
     O povo alemão aprendeu nessa lição e é hoje antirracista. Mas outros ainda não, como EUA e África do Sul, que por trás de brigas acerca de políticas raciais havia interesse econômico... do poderoso Tio Sam. Os segregados que se explodissem pra lá...
     Iugoslávia, anos 1990: após a quebra do Pacto de Varsóvia da Guerra Fria, o político sérvio Milosevic, promoveu por anos a sangrenta "limpeza étnica" resultando na morte de milhares de bósnios muçulmanos. Condenado por genocídio pelo TPI, ele morreu na prisão alguns anos depois.
     Brasil: justificando todos os seus preconceitos numa ideologia cristocêntrica e "na família", elogiando a ditadura e milícias, Jair Bolsonaro foi escolhido presidente da República. Vimos a violência policial contra pobres e não-brancos crescer, engrossada pela epidemia de Covid que já ceifou mais de 100 mil vidas, segundo dados oficiais.
     Pontos em comum convergem as políticas de Hitler e de Bolsonaro. E apontamentos feitos por Paulo Ghiraldelli sobre os objetivos dessas duas políticas foram cruciais para que houvesse uma reviravolta reflexiva sobre as diferenças entre biopoder e necropolítica.
     As atribuições de displicência política de Bolsonaro e antigos apoiadores como Witzel e Doria eram dadas como necropolítica, em razão do recrudescimento do Estado policial em pleno contexto de democracia. Mas, os vídeos (links abaixo) levaram a uma nova reflexão. 
     Além da negação ao que fosse fora do núcleo ideológico, o ponto que converge nazismo e bolsonarismo é a higiene social, com apoio do mercado. Claro que há diferenças contextuais: no tempo de Hitler era a indústria, hoje o mercado financeiro. Mas, de qualquer modo, o que conta é dar vantagens aos poderosos.
     Enquanto a higiene nazista se vingou principalmente sobre os judeus, outros não-alemães e opositores políticos, a do bolsonarismo se mostra sobre as minorias étnicas (povos originários e/ou tradicionais) e massas populares, muito retratada pelos ideólogos da esquerda de base.
     É bem exatamente com base na interpretação de higiene social "controlada" (seletiva) por motivação política e ideológica que Ghiraldelli explicou o biopoder de Foucault. Segundo ele, o termo se vale pela salvação de um status quo, seja este econômico, ideológico ou junção de ambos. 
     Na necropolítica haveria a subestimação por criminalização de ideologias "incômodas" à agenda politica em curso, mesmo sendo um "faroeste politico moralizante" controlado pelas milícias como segurança suplementar à PM e grandes organizações evangélicas com funções estatais como educação (doutrinação) e assistência.
     Portanto, a necropolítica imporia um custo à vida mais aleatório do que o biopoder. Cabe bem à fala de Bolsonaro "se morrer alguns inocentes, tudo bem, acontece", no ano passado. É para criminalizar ideologias opostas para "moralizar". Ainda que Guedes já botasse as garras com cortes na área social.
     Nos artigos anteriores o significado de necropolítica intuiu nessa linha de interpretação, ainda que posteriormente tenha penetrado no contexto que deveria ser posto como biopoder, que se mostraria aos poucos, na reforma previdenciária e, agora, na politização do Covid, que virou instrumento de extermínio dos "incômodos".
     A partir dessa resenha acima, que se compreende porque Ghiraldelli aponta o biopoder um recurso político ainda pior do que a necropolítica, por visar o extermínio para satisfazer a agenda que, no caso de Guedes, se torna antieconômica por visar matar vidas que dão giro à outra vida, que é a econômica.
     É aí que se vê inconteste a convergência entre as políticas nazista, sérvia e bolsonarista. Mas, em medidas diferentes e sem desconsiderar os contextos: no racial, Hitler e Milosevic, e no contexto mais ideológico, Hitler e Bolsonaro.
     
     

----
Fontes relacionadas do blog:
https://maquinandopensamentos.blogspot.com/2019/09/witzel-e-bolsonaro-faces-da.html 
https://maquinandopensamentos.blogspot.com/2018/10/eleicao-2018-e-caixa-de-pandora.html
https://maquinandopensamentos.blogspot.com/2020/05/corona-no-rio-selecao-natural.html
https://maquinandopensamentos.blogspot.com/2020/06/bolsonaro-nazifascismo-brasileira.html

Fontes Youtube - Paulo Ghiraldelli
https://www.youtube.com/watch?v=WVCwjPKl5Nc
https://www.youtube.com/watch?v=YknUqn-HdNU e outros...




     
     
     
     

Nenhum comentário:

Postar um comentário

CURTAS 98 - ANÁLISES (Brasil- Congresso)

  A GUERRA POVO X CONGRESSO                     A derrota inicial do decreto do IOF do governo federal pelo STF foi silenciosamente comemo...