domingo, 6 de setembro de 2020

Quimeras sociopolíticas 

     Nesse mundo tão diverso, há muitos seres que admiramos, entre vários grupos de vidas, e por vezes nem nos atentamos para a ideia de que haja seres um tanto... esquisitos.
     Podemos nos esbarrar com estes seres em qualquer lugar e tempo. Mas, pelo nome que aparece no título, um deles se destaca bem merecidamente e não é qualquer um: seu nome é quimera.
     O animal mais conhecido com esse nome são peixes marinhos de aspecto estranho, listados no grupo Chimeriformae. Também são biologicamente resultados de hibridismo, podendo ter células de diferentes números de cromossomos, correspondentes às duas espécies genitoras.
     São essas "aberrações" da natureza, além da visão de fósseis que existiam na superfície há dezenas de séculos, que favoreceram o surgimento de quimeras mitológicas, figuras híbridas fantásticas cujas formas corresponderiam a entidades espirituais diferentes.
     Como demônios ou divindades, mistos de homem e outro animal, ou dois bichos distintos: sereia (homem e peixe), Minotauro (humano com cabeça de touro), Sagitário (meio cavalo, meio homem), o diabo de Dante (homem, pés de bode, asas de morcego etc.). Leões com asas de morcego, leão com cabeça humana, certos deuses indianos, dragões do Oriente.
     Se as quimeras mitológicas e biológicas acima são as mais conhecidas, vale a analogia com as quimeras de nosso tempo. Não são híbridas biológicas, nem mitológicas, mas derivadas de relações insólitas entre a mentalidade desenvolvida e seus estilos de vida. Na esfera política é muito fácil distingui-las.
     Pessoas LGBT+ que defendem homotransfóbicos que estão bonzinhos em época eleitoral. Aliás, que fim levou aquela lésbica bolsominion que levou porrada após provocar pessoas num bar no ano passado?
     Pessoas não-brancas (não são só negras!) que elegeram um racista , que minimiza minorias "raciais" ao status utilitarista (negros escravos, índios e mestiços servis). E qual a utilidade do Hélio Negão, heim?
     Mulheres que elegeram e continuam defendendo políticos machistas porque confundem o machismo com a (nada) doce cartilha pela moral e bons costumes e acreditam que feminismo é carência sexual de militante comunista ou lésbica.
     Aqueles doces políticos cristãos que defendem a família e tal, mas vieram totalmente pelo ralo do submundo.
     Fãs de determinados políticos que dizem defender a paz pela liberdade de expressão, mas enchem de ameaças e porrada os diferentes e contrários.
     Gente que diz que nazismo "é de esquerda" só porque no nome do partido fora incorporado o "socialista", porque nunca se interessaram por história para saber que foi apenas uma isca para cooptar socialistas e comunistas iludidos.
     Aqueles grandes grupos da classe média e média-alta que embarcaram num bote contra a corrupção cooptando seus empregados e naufragaram ao se deparar com fascistas recordistas em crimes e crimes contra recursos públicos.
     Cidadãos que acreditam que Michel Temer era de esquerda porque lançou mais medidas para privatizações. Então as privatizações são coisa de comunista? Bolsonaro e Guedes são comunistas, então?
     Direitistas ultraneoliberais que gritam pelo bem-estar do povo pelo Estado - ideia tirada da esquerda.
     Ala "identitária" atribuída à esquerda que defende a liberdade de pensamento, mas faz uma patrulha radical que os aproxima dos tão criticados fascistas de direita.
     Economista que defende país sem estado, gerido por empresas. É o cúmulo, mas existe quem defenda isso...
     O mito do Estado inchado: criminalizar a base do funcionalismo que atende o povo e onera apenas 5% da folha total de recursos e salários.
     Defensores da reforma administrativa que concordam com a minimização estatal, mas se recusam a abrir mão de seus muitos privilégios e benesses que sugam mais de 90% da folha pública.
     O ministro do meio ambiente que incentiva a destruição das áreas naturais e dos órgãos que enfrentam dificuldades crescentes para protegê-las.
     Aqueles que acreditam que a crise da economia popular é necessária para salvar o "pobre" mercado financeiro, e por isso parte considerável do nosso PIB é "necessária" às empresas e bancos internacionais.
     Daí haver um país que, sozinho, sustenta 1/3 de toda a lucratividade global de um banco internacional de enorme porte.
     Num Estado laico, organizações neopentecostais ficam livres de dívida relativa à meta de arrebanhamento de fiéis; Como? O povo paga, não importa se qual a sua fé ou se não crê em nada (aqui).
     Em plena CoronaFest, os que se aglomeram em barzinhos da moda e nas praias acham certíssimo as escolas não voltarem ao presencial mesmo para evitar contágios.
     Na era CoronaFest, gente na feira livre reclama das barracas lotadas, isso porque está sem máscara e álcool gel e fungando em você que só foi ali porque é mais barato, afinal os preços no sacolão estão que arrancam os olhos da cara.
     Gente que depara com preço do gás a fazer os bolsos gritarem de pavor, mas acredita que o governo é uma maravilha para o povão.
     [...]
     Desculpem-me pelo teor do texto. Mas, o que esperar de quimeras sociopolíticas tão reais?

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Fontes:
https://www.paulopes.com.br/2015/06/cunha-e-malafaia-parem-jabuti-que-livra-pastores-de-imposto.html#.X1VlBVVKjIU
https://relatorioreservado.com.br/?s=Santander

   
   
   
   
   

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