terça-feira, 24 de agosto de 2021

Análise: fármacos poluentes 


        Quando os primeiros estudos indicando resultados supostamente bons em experimentos in vitro usando cloroquina e hidroxicoroquina isolada ou em combo (kit) ainda em março/2020, toda a comunidade médica se entusiasmou, mas com cautela, pois os dados poderiam não se repetir em animais de laboratório e em humanos voluntários.
        A cloroquina (e a hidroxi-) são indicadas como antimaláricas e imunomoduladores1 em algumas enfermidades autoimunes.
        Se muitos na classe médica chegaram a ter desconfiança dessa atuação sobre um vírus, daí a cautela recomendada, houve um setor que não quis saber disso: os fabricantes de cloroquina, azitromicina, dipirona e vitamina D3 para o conhecido kit. 
        Durante 2020, mesmo após pesquisas reiteradas atestando a ineficácia de cloroquina isolada ou em kit em animais e humanos, os governos e farmacêuticas em busca de lucro arriscaram milhares de vidas e contribuíram na piora de outra vítima: o meio ambiente.
        Alguns estudiosos apontam os fármacos como contaminantes, e outros, como bons poluentes no meio ambiente. Bem, qual é a diferença entre contaminante e poluente?
        Considera-se contaminante o produto cuja concentração, embora alta, não seja crítica ao ponto de transformar o ambiente. Já o poluente é o contaminante em concentrações tão críticas que ocorre uma alteração ambiental, reversível ou não, mas sempre importante.
        
Indústria farmacêutica e poluição

        As indústrias utilizam diversas matérias-primas para fabricar seus produtos. Entre elas se destacam os metais pesados, como arsênio, bismuto, cádmio, cromo, molibdênio, mercúrio, níquel, prata, paládio, ródio, rutênio e vanádio que, em compostos químicos, contaminam o meio ambiente.
        O chumbo é usado desde tempos remotos. Encanamentos dele foram encontrados em estruturas romanas revelando seu uso para abastecimento de água. O que fez estudiosos insinuarem a possível contribuição do metal para o fim do outrora poderoso Império Romano.
        Ele contamina a água absorvida no solo ou consumida. Concentrações muito altas podem causar intoxicação sobretudo neurotóxica, com desordem mental e motora. Mas, estudos nas águas romanas apontam que as concentrações são insuficientes, anulando a relação toxidade e colapso do Império.
        O chumbo é só um conhecido exemplo de como metais pesados podem tornar água e alimentos impróprios para aproveitamento e consumo. Mas, eles são presentes tanto em farmacêuticas quanto em qualquer outro tipo de indústria.
        Kit-C19- A produção massiva de kit-C19 e seu uso no Brasil chamaram a atenção dos cientistas sobre os riscos ambientais. Análises de rios que recebem efluentes industriais farmacêuticos apontaram níveis altíssimos de metais pesados em amostras de flora e fauna, adoecendo o ambiente.
        Tal risco ambiental se potencializa com a bem documentada presença de antibióticos, analgésicos e anti-inflamatórios nos rios urbanos, mesmo nos com estado natural relativamente bem preservado como os rios amazônicos - ainda que a contaminação por hidroxicloroquina seja mal conhecida.
        E, mais ainda, vale salientar o descarte errôneo de sobras de medicações, e a ação de metabólitos2 de usuários do kit, tudo direto no ambiente. A ação dos metabólitos merece estudo à parte.

E o governo com isso tudo? - reflexões

        Quando foi ministra do Meio Ambiente, Marina Silva teve treta com empresários que criticaram o governo de gerar entraves em licença ambiental. As farmacêuticas também estiveram na treta. Mas, por fim, não houve impedimentos à continuidade de contaminação e poluição ambiental.
        Já sabemos o incentivo bolsonarista à destruição. Só os incêndios bateram recordes de 2020 em 3 biomas, sem falar nos demais meios destrutivos. Com a facilitação "legal" de facilitar licenças para as empresas atuarem em áreas florestais. Daí a saudade da antiga burocracia de Marina Silva.
        Embora não saibamos como Bolsonaro trata da poluição farmacológica acima citada, completa-se o ´pesadelo em saber que elas ganham mais de R$ 1 bi com a produção do kit, sem falar do milionário tubo para o EB3, agora com estoque de cloroquina para 18 anos - muito a ser descartado, sabe-se lá como.
        Nisso tudo, o Brasil segue sofrendo, com investimento pesado na indústria fúnebre (oficialmente quase 600 mil só pela C19), cada vez mais devastado, quente, seco e poluído - cada vez mais doente, portanto. E, se depender do tão mimado e exigente Centrão, vai se agravar na UTI, correndo o risco de morrer antes de outubro de 2022.

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Imagens: Google (montagem da autoria do artigo)

Notas da autoria
1. Fármacos que controlam exacerbação imunológica do organismo contra si mesmo (autoimune), a patógenos ou produtos.
2. Produtos da degradação metabólica de nutrientes, fármacos e outras substâncias pelo organismo.
3. Exército Brasileiro

Para saber mais
- https://www.youtube.com/watch?v=JJpxmGts7ok (Meteoro Brasil- tratamento precoce e poluição)
- https://www.acidadeon.com/cotidiano/brasil-e-mundo/NOT,0,0,1578958,Cientistas-alertam-para-riscos-ambientais-de-uso-em-excesso-do-kit-Covid.aspx
- https://www1.folha.uol.com.br/equilibrioesaude/2021/02/cientistas-alertam-para-riscos-ambientais-de-uso-em-excesso-do-kit-covid.shtml
- https://www.nexojornal.com.br/expresso/2021/08/11/Quanto-as-farmac%C3%AAuticas-ganharam-com-o-%E2%80%98kit-covid%E2%80%99
- https://www.cut.org.br/noticias/farmaceuticas-ganham-mais-de-r-1-bilhao-com-kit-covid-defendido-por-bolsonaro-4fad

        

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